Agrivalle 05: abril de 2022

Em mais um mês, vamos ao nosso resumo mensal dos principais fatos que marcaram a economia e o agronegócio, além dos principais pontos de atenção e no que devemos ficar de olho no próximo mês. O primeiro aspecto a destacar em abril de 2022 é a volta do lockdown na China, que começa a criar problemas ao fluxo de importações do país, que caiu 0,1% em março frente ao mesmo mês de 2021. A expectativa era de um aumento de 8,4%, mas a nova onda da covid-19 tem limitado as atividades industriais e comerciais e operações nos portos. No cenário econômico nacional, seguimos com o problema da inflação em abril de 2022. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,62% em março, maior alta para o mês dos últimos 28 anos, movido principalmente pelos aumentos nos preços dos combustíveis (+6,70%) e alimentos (+2,42%). No acumulado dos últimos doze meses o índice é de 11,30%, bem acima da previsão do mercado e do governo. O índice de preços de alimentos da FAO (Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) divulgado no início de abril de 2022 alcançou 159,29 pontos em março, nova alta expressiva, agora de 12,6% em comparação com fevereiro e de 33,6% em relação a março de 2021. O valor é o maior desde o início do acompanhamento, em 1990, e foi puxado especialmente pela alta nos preços de óleos vegetais e de cereais.  Safra brasileira Atualizações nos números da safra brasileira de grãos 2021/22, divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em abril de 2022, mostram que o volume total de grãos produzidos deve ficar em 269,3 milhões de t, crescimento de 5,4% em relação à produção da safra passada; e pouco superior à previsão de março, que era de 265,7 milhões de t.  A soja foi uma das culturas mais prejudicadas pelo clima, com oferta estimada agora em 122,4 milhões de t; em 2020/21, produzimos 138,2 milhões de t, ou seja, queda de 11,4% nesse ciclo.  No milho, a oferta total deve ficar em 115,6 milhões de t, alta de 32,7% em relação à safra passada, sendo que a produção da 2ª safra (em andamento) deve crescer 45,8%, com volume estimado em 88,5 milhões de t, a depender das condições de clima; vamos ficar na torcida!  Por fim, no algodão, a produção deve ser de 2,8 milhões de t da pluma, 19,9% a mais do que as 2,4 milhões de t do ciclo anterior. Seguimos, em abril de 2022, na torcida agora para que as culturas de inverno também tenham bom desempenho! Novidades no campo para acompanhar em abril de 2022 Em relação ao progresso das operações no campo, até o último dia 16 de abril de 2022, a colheita da soja alcançou 87,1% da área total do Brasil (contra 89,9% há um ano); a colheita do milho 1ª safra chegou à 60,0% (era de 63,5% na mesma data de 2021); e o plantio do milho safrinha está praticamente concluído, com 99,8% de avanço (mesmo valor no ano passado). Com fortes estímulos da lacuna de oferta e preços internacionais, agricultores brasileiros devem intensificar as áreas de trigo no país. A StoneX estima que a área possa atingir 3,4 milhões de ha em 2022/23, o que levaria a um crescimento de 20,6% em comparação ao último ciclo; por sua vez a produção poderia superar as 10 milhões de t, volume nunca antes visto para o cereal. Exportações e importações do agronegócio brasileiro Segundo dados divulgados no começo de abril de 2022, as exportações do agro atingiram novo recorde para o mês de março, US$ 14,53 bilhões, quase 30% superior à cifra do mesmo período de 2021, de acordo com estatísticas do Mapa. Tal resultado segue sendo motivado pelos elevados preços internacionais das commodities (+27,6%), mas o volume comercializado também se intensificou (+1,4%).  Líder na pauta de exportação, o complexo soja foi responsável por mais da metade das vendas do setor, totalizando US$ 7,56 bilhões (+33,0%), com o preço médio do grão chegando a US$ 530/t, conforme noticiado em abril de 2022.  Já as carnes consolidaram novo recorde de embarques para o mês com US$ 2,10 bilhões (+31,1%), sendo US$ 1,11 bilhão de carne bovina (+55,3%) com maior valor histórico para o mês; US$ 747,90 milhões para a carne de frango (+27,2%) também conquistando recorde; e US$ 259,77 milhões para a suína (-27,8%), com queda explicada pela recuperação da produção chinesa.  Na terceira colocação aparecem os produtos florestais, somando US$ 1,36 bilhão (+29,2%), com destaque para celulose que participou com 48,05%.  Na sequência, o setor cafeeiro vendeu US$ 879,25 milhões (+51,7%) ao mercado externo, com recorde nos embarques de café verde, responsável por 93,7% de todo o montante.  Por fim, o setor sucroenergético comercializou US$ 684,97 milhões (-6,0%), reflexo da menor disponibilidade de matéria-prima durante o ciclo 2021/22.  Já as importações do agronegócio totalizaram US$ 1,42 bilhão, refletindo alta de 5,9%. Assim, o saldo da balança comercial do setor alcançou US$ 13,12 bilhões em março, valor 32,5% maior que o de 2021. Um resumo do relatório de abril de 2022 do USDA O relatório de abril de 2022 do USDA, referente à safra global 2021/22, reajustou a produção global de milho para 1.210,45 milhões de t, crescimento de 0,4% frente à previsão anterior.  As produções dos EUA e da Argentina foram mantidas em 383,94 e 53 milhões de t, respectivamente; já o volume brasileiro teve um ligeiro acréscimo de 1,8%, devendo atingir 116 milhões de t.  No relatório de abril de 2022 do USDA, as exportações do Brasil também foram calibradas para cima, de 43 para 44,5 milhões de t, enquanto os embarques ucranianos foram reduzidos em 16,4% para 23 milhões de t. Já os estoques globais do cereal devem ser ampliados para 305,46 milhões de t contra 300,97 milhões do relatório anterior. Na soja, o USDA manteve intactas a produção norte-americana e argentina, em 120,7 e 43,5 milhões de t, mas reduziu a estimativa

O Brasil e os fertilizantes da Rússia em 2022

O Brasil e os fertilizantes da Rússia

  A importação de fertilizantes da Rússia está ameaçada neste momento. Com a atual invasão do país à Ucrânia, o mundo vive uma das maiores crises geopolíticas do século XXI. Apesar da distância geográfica e das diferenças culturais, o Brasil acaba sendo um dos países mais afetados nesse conflito, como aconteceu quando a Lituânia proibiu o tráfego do Potássio da Bielorússia por suas ferrovias. O Brasil é um grande importador de fertilizantes, chegando a importar quase 85% de sua produção, o equivalente a 37 milhões de toneladas no ano de 2021, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Grande parte é importada por Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Os fertilizantes da Rússia representam boa parte da produção mundial. Logo em seguida, temos Canadá e Bielorússia no segundo e terceiro lugar do ranking de produtores. Ameaça à importação de fertilizantes da Rússia A maior preocupação gira em torno do cloreto de potássio cuja oferta é quase toda importada. Seu maior produtor, o Canadá, não conseguirá repor os volumes necessários. Atualmente, o Brasil importa cerca de 2 milhões de toneladas da Rússia e mais 2 milhões da Bielorússia, segundo dados da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos). O cloreto de potássio é um dos três ingredientes básicos para a fertilização das safras. Junto com nitrogênio e fósforo, ele forma as matérias-primas necessárias para o Adubo NPK. Além desses componentes, o Brasil importa cerca de 24% do total de fertilizantes da Rússia.   Antes do conflito deflagrado, uma comissão do governo federal, junto com o atual presidente, visitou a Rússia em busca de garantias do fornecimento desses produtos. “Tivemos aqui a garantia, tanto do governo russo quanto das empresas de fertilizantes, de que nós não teremos problemas com a entrega de fertilizantes, tanto de potássio quanto dos fosfatos”, disse Tereza Cristina. A expectativa é grande, já que o Brasil planejava um crescimento maior para o ano de 2022, e possíveis sanções poderiam arrefecer esse mercado. Vale ressaltar que, no ano passado, com o propósito de mitigar a escassez no mercado interno, o governo russo anunciou restrições na exportação de fertilizantes nitrogenados de dezembro a junho deste ano. Tipos de fertilizantes Com o tabuleiro posto, vale ressaltar alguns detalhes e curiosidades sobre os tipos de fertilizantes, já que a escolha do produto depende das deficiências, condições do solo e da cultura escolhida. Eles podem ser Orgânico, Mineral e Organomineral. Começando pelos adubos orgânicos, aqueles possuem origem animal (esterco por exemplo) e vegetal. Já a adubação mineral ou inorgânica, vem da extração de minérios ou refino de petróleo, como o já citado cloreto de potássio. Ambas, tanto a fertilização orgânica como a inorgânica, têm como objetivo corrigir, conservar ou recuperar a fertilidade do solo, disponibilizando nutrientes para as plantas de modo que estas obtenham melhor desenvolvimento. Outro tipo de classificação é a organomineral. Ela usa remineralizadores que ajudam a reduzir a necessidade de aplicações de grandes quantidades de adubo com o tempo. Esse é um dos motivos chave para o palco atual, já que reduz  a necessidade de importação de matéria-prima e promove a nutrição sustentável das lavouras brasileiras. Na prática, esse manejo usa minerais naturais que passaram por processos físicos e podem beneficiar o solo. Como exemplo, podemos citar o calcário agrícola, o gesso mineral gipsita, além de algumas rochas silicáticas e fosfáticas. Esse tipo de fertilizantes são, inclusive, incentivados pela Embrapa e pelo Ministério da Agricultura. É importante analisar que a alta desses produtos trazem oportunidades para se entender melhor o solo e buscar soluções que diminuam o uso intensivo desses fertilizantes. Algumas alternativas sustentáveis, buscando a nutrição das plantas e aproveitando o que a própria cultura deixa no solo, não só ajudam a renovar os nutrientes – deixando o solo mais saudável – como reduzem a necessidade de fertilizantes, causando uma economia e aumentando a rentabilidade da sua lavoura. Alternativa à importação de fertilizantes da Rússia Também é importante compreender os componentes principais dos fertilizantes tradicionais para auxiliar na busca dessas outras alternativas. O nitrogênio (N), por exemplo, é o responsável pelo crescimento e desenvolvimento de raízes, caules e folhas. A planta absorve, ainda no começo da vida, a maior parte do nitrogênio de que precisa e o armazena em seus tecidos de crescimento. Ele é recomendado para estimular a brotação e o enfolhamento e é ótimo para folhagens e gramados.  Alguns produtos, como o N-Haus, por exemplo, um inoculante líquido de alta concentração a base da bactéria a Bradyrhizobium japonicum, promovem a fixação biológica de nitrogênio atmosférico, melhorando a nodulação nas raízes da soja e favorecendo o desenvolvimento da cultura. Há muito que se acompanhar nesse conflito geopolítico. Num mundo globalizado, cada pequena ação possui uma reação que pode atravessar continentes. Por isso, é importante se planejar e se informar para que não faltem produtos, mas, também, para reduzir o uso dos mesmos, principalmente daqueles que, a longo prazo, desequilibram os nutrientes e deixam seu solo mais pobre para cultivo. A Agrivalle possui uma gama de bioinsumos que servem de alternativa para os fertilizantes da Rússia e, ao mesmo tempo contribuir com a qualidade do solo. São mais de 27 fertilizantes dos diferentes tipos aqui citados (orgânico, mineral simples e misto, organomineral). Eles não só auxiliam no cultivo em diferentes fases da produção, como contribuem para uma agricultura regenerativa, diminuindo a necessidade de defensivos químicos e outros produtos que, a longo prazo, empobrecem seu maior patrimônio, o solo. Não deixe de conferir nossos produtos ou procurar nossos representantes técnicos de vendas.

Insumos biológicos: uma ótima alternativa frente à instabilidade no mercado dos fertilizantes!

   Apesar de o agronegócio ter alcançado recorde histórico nas exportações em 2021, movimentando mais de US$ 120 bilhões, os custos de produção nesse período configuraram aumento significativo. O balanço apertado de oferta e demanda global dos insumos agrícolas, taxa de câmbio e aumento dos preços do petróleo e gás natural foram alguns dos entraves de grande impacto nesse cenário.    Os principais países produtores de defensivos agrícolas e fertilizantes reduziram a oferta e a dependência do Brasil pela importação desses produtos, e o produtor sentiu as consequências na pele; vale lembrar que o nosso país importa cerca de 70% dos fertilizantes e 60% dos defensivos agrícolas que consume anualmente.    Além disso, a continuidade da pandemia da covid-19, com o surgimento de novas variantes em diversos países, intensificou ainda mais essa situação, limitando a distribuição de alguns produtos e afetando de forma direta diversas cadeias de suprimentos. Como resultado, os custos dos insumos chegaram a dobrar em alguns casos; destaque para a categoria de fertilizantes. Em relatório divulgado pelo Rabobank, os preços da Ureia cresceram 150% entre janeiro e outubro do último ano, enquanto que os do Cloreto de Potássio registraram alta de 206%!    Esses números refletem uma piora na relação de troca entre insumos e produtos agrícolas, considerando que quanto maior o índice, menor é o poder de compra do produtor brasileiro – e maior terão que ser os preços pagos pela produção, para poder compensar o investimento. A alta demanda por insumos em virtude da expansão de área plantada; problemas logísticos pela falta de embarcações e contêineres; e fatores geopolíticos também foram empecilhos que contribuíram para tal condição.       Outra situação delicada é a atual conjuntura entre Ucrânia e Rússia, uma vez que o conflito entre os dois países pode aumentar os preços de energia – destaque para o petróleo – e prejudicar a produção de fertilizantes. Diante dessa instabilidade no mercado de insumos, uma boa estratégia a ser utilizada por você produtor, para equilibrar os custos e ajustar o fluxo de caixa, é a diversificação no manejo.       Os insumos biológicos entram nesse contexto, por serem feitos a partir de microrganismos, materiais vegetais, naturais e utilizados nos sistemas de cultivo agrícola para combater pragas e doenças, além de melhorar a fertilidade do solo e a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Esses produtos são caracterizados por otimizar o desenvolvimento, crescimento e o mecanismo de resposta de animais, plantas e microrganismos.    Os bioinsumos são complementares ao manejo convencional e possuem um grande diferencial de reduzir a exposição do trabalhador e consumidor a compostos químicos. Se baseia em um método de controle racional e sadio, por fazer uso de inimigos naturais que não deixam resíduos em alimentos; e também preservam o ecossistema, proporcionando o desenvolvimento de sistemas de produção cada vez mais sustentáveis.    A tecnologia de alto padrão empregada pelos bioinsumos é importante aliada nos sistemas de produção com o nosso clima tropical, pois os microrganismos são capazes de otimizar o aproveitamento dos fertilizantes. Dessa forma, auxiliam o produtor a obter alta produtividade e rentabilidade, extraindo ao máximo o potencial dos insumos ao mesmo tempo em que favorece a margem de lucro dos produtores.    Considerando o contexto atual de problemas com a disponibilidade e os altos preços de insumos tradicionais; da crise energética global; do aumento nos custos de produção dos alimentos; e do forte apelo por práticas mais sustentáveis – os insumos biológicos podem ser seu grande aliado, produtor! Acompanhe nossas publicações e conheça mais sobre este assunto. Sou um torcedor deste mercado, porque sei que ele tem muito a somar para o desenvolvimento sustentável do agro brasileiro!   Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group e graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP em Piracicaba – SP.