Você já imaginou o que vem além do sustentável? Conheça os Sistemas Regenerativos

As transformações do macroambiente, seja por questões sanitárias, fatores geopolíticos ou a evolução constante do pensamento sustentável e consumo consciente, impactam diretamente na produção e condução das atividades agrícolas. Quando falamos em sustentabilidade, podemos pensar em um longo processo histórico que demandou e vem exigindo cada vez mais um amadurecimento da consciência humana para lidar com a grande velocidade do desenvolvimento econômico e tecnológico, que se não for bem gerido e utilizado de maneira consciente, pode tornar os desastres ambientais cada vez mais frequentes. De uma maneira geral, um dos principais paradigmas do agronegócio está na utilização de recursos naturais e a relação que este uso tem com a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas. Nesse sentido, esse novo olhar para a forma de produzir consolida novos modelos de negócios por meio de oportunidades com inovações disruptivas para a agricultura mundial, onde o manejo sustentável se alia à capacidade produtiva. Assim, é pautado em uma visão integrada do meio ambiente e da produção, impactando diretamente na competitividade do agro brasileiro de modo que se torna estratégico para agricultores interessados em manter ou melhorar sua rentabilidade. Rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável Novos modelos de produção baseados em ações que protejam a natureza e a saúde animal e humana estão se tornando cada vez mais relevantes. Dessa forma, a implementação de sistemas regenerativos tem potencial para liderar a transformação produtiva para além de uma atitude sustentável. Baseados na restauração da natureza, podem tornar a agricultura uma solução para os problemas ambientais, agregando vida ao ecossistema para que o ambiente possa expressar sua capacidade de regeneração e estruturação, impulsionando a construção de uma melhor qualidade de vida no planeta. O uso racional dos recursos da natureza, a redução de agroquímicos e a incorporação de produtos biológicos que realizam a manutenção de microrganismos benéficos ao desenvolvimento e proteção das culturas são alguns dos pilares da regeneração, o que aumenta a biodiversidade do sistema produtivo como um todo, por meio da vida como fonte geradora de vida. Como consequência, ultrapassa o manejo sustentável, trazendo não só resiliência ambiental como, também econômica. O amplo alcance dos sistemas regenerativos Incorporar uma consciência sustentável ao manejo das lavouras é estratégico para o agronegócio brasileiro. A partir de uma visão ampla sobre como os sistemas regenerativos podem gerar impactos positivos para as mais diversas esferas da sociedade e do planeta, entendemos que esse novo modelo de produzir possibilita uma relação mais harmônica entre os indivíduos, a natureza e as diferentes áreas da atuação humana, uma vez que enxerga o ecossistema com uma conexão mais profunda entre as diferentes formas de vida e o patrimônio natural que será deixado para as gerações futuras. Além disso, é preciso ter em mente que parte fundamental da regeneração dos modelos de produção é o solo, responsável pelos serviços ecossistêmicos imprescindíveis para a continuidade da vida. Manter a fertilidade e a saúde do solo requer um esforço de gestão consciente que traz ganhos desde o produtor até o consumidor final. Chegou a hora e a vez de uma nova visão produtiva sustentável e você não deveria ficar de fora! O texto Você já imaginou o que vem além do sustentável? Conheça os Sistemas Regenerativos foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Entenda como funciona a FBN e porque ela é tão importante

A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) tem participação significativa nos resultados do agronegócio. De fato, o nitrogênio (N) é considerado um dos elementos mais importantes para os sistemas biológicos porque faz parte da composição de ácidos nucleicos e proteínas que são essenciais para o desenvolvimento e crescimento das plantas. Além disso, também atua na síntese da clorofila possuindo, portanto, papel crucial na fotossíntese. E mais, é um dos nutrientes exigidos em maior quantidade pelas culturas, constituindo de 2 a 5% da matéria seca da planta. O nitrogênio está presente em 78% do ar que respiramos, porém os vegetais não conseguem aproveitá-lo dessa forma. A principal via de entrada do N nesses organismos é através da FBN. Esse processo é feito por meio de alguns tipos de bactérias – principalmente as dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium – que convertem o nitrogênio atmosférico (N2) em amônia (NH3) para ser absorvível pelas plantas. Nas raízes, essas bactérias fixadoras de nitrogênio (rizóbios) estabelecem uma relação de simbiose com plantas leguminosas, como por exemplo a soja e o feijão, induzindo a formação de nódulos. São nessas estruturas que esses microrganismos utilizam uma enzima chamada nitrogenase para catalisar a redução das formas de nitrogênio e torná-lo disponível para a cultura. Contudo, para garantir uma alta eficiência da FBN nódulos suficientes, é preciso realizar a prática de inoculação, que nada mais é do que adicionar as bactérias benéficas na superfície das sementes que serão plantadas. A partir da adoção dessa técnica podemos elencar diversos benefícios: o produtor tem economia devido ao menor uso de adubos nitrogenados; a planta utiliza-se do nitrogênio que já está presente no ambiente, minimizando os impactos ambientais da adição de produtos sintéticos que são perdidos mais facilmente por lixiviação e volatilização; o uso de leguminosas como adubação verde fornece um maior teor de nitrogênio para o solo que resulta em melhoria de suas propriedades físicas, químicas e biológicas; as bactérias são promotoras de crescimento por estimularem o desenvolvimento radicular, aumentando o potencial de produção e o suporte em situações de estresses ambientais em função dos diversos papéis que os nutrientes possuem no metabolismo das plantas. A importância da FBN no agronegócio nacional A Embrapa estima que a FBN tenha uma contribuição global de 258 milhões de toneladas de nitrogênio por ano, sendo o impacto na agricultura avaliado em cerca de 60 milhões de toneladas. Tendo em vista o preço dos fertilizantes neste ano, em torno de 17 bilhões de dólares anuais deixam de ser gastos com nitrogenados, além de serem mitigados mais de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente olhando apenas para a cultura da soja com o uso de inoculantes. Outrora, esse processo biológico possuía um importante papel diante os desafios da recuperação de áreas degradadas, especialmente onde o uso intensivo do solo resultou na perda de matéria orgânica e produtividade. Atualmente, o Brasil ocupa a liderança no aproveitamento dos benefícios da FBN na soja e a tendência é que a aplicação desses insumos seja cada vez maior por serem produtos naturais, altamente eficientes e com relação custo-benefício bastante favorável. No contexto dos sistemas regenerativos, melhorar o ambiente solo para otimizar os resultados da FBN é uma boa prática que traz múltiplos ganhos e propicia um desenvolvimento sustentável da produção. O texto Entenda como funciona a FBN e porque ela é tão importante foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Agrivalle Markets 10: Setembro de 2022

Chegamos ao nosso 10° resumo mensal em parceria com a Agrivalle, destacando aqui os fatos que marcaram agosto e setembro de 2022 no setor, bem como os pontos para ficarmos de olho em outubro. Agosto marcou o segundo mês consecutivo de “deflação” na economia, criando uma tendência positiva para recuperação do país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,36% no mês, sendo que em julho o indicador já havia apresentado baixa de 0,68%; assim, setembro de 2022 é o segundo mês de deflação. Entre as categorias avaliadas, transportes foi a que apresentou o maior impacto, com redução de 3,37%, graças às quedas nos preços dos combustíveis, principalmente gasolina (-11,64%), etanol (-8,67%) e diesel (-3,76%); comunicações também evidenciou queda de 1,10%, com redução nos preços de planos de telefonia. Já em alimentos e bebidas tivemos incremento de 0,24% devido aos aumentos no frango (+2,87%), queijo (+2,58%) e frutas (+1,35%), mas as quedas no tomate (-11,25%), batata (-10,07%) e óleo de soja (-5,56%) ajudaram no equilíbrio do indicador. Temos observado uma contínua melhoria nos indicadores econômicos dos últimos meses. Segundo o boletim Focus do Banco Central, divulgado em 19 de setembro de 2022, a inflação, medida IPCA, deve fechar 2022 em 6,00% e em 5,01% no ano seguinte; enquanto que para a taxa Selic a expectativa do mercado se mantém em 13,75% e 11,25% para os respectivos anos. O crescimento econômico está em tendência favorável de alta, com Produto Interno Bruto (PIB) devendo alcançar 2,65% neste ano e 0,50% em 2023. Por sua vez, a projeção do câmbio é estável para fechamento de ambos os anos, avaliado em R$ 5,20. O agro entre agosto e setembro de 2022 No agro mundial e brasileiro, o índice de preços dos alimentos da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) caiu pelo quinto mês consecutivo, segundo dados divulgados para o mês de agosto. O indicador apresentou queda de 2,7 pontos (1,9%) em comparação a julho, chegando a 138,0 pontos, mas ainda é 10,1 pontos (ou 7,9%) superior ao valor constatado no mesmo período de 2021. Todos os subíndices apresentaram queda durante o mês: cereais (-1,4%), principalmente com a redução no preço no trigo com boas perspectivas para safra de Canadá, EUA e Rússia, além da retomada das exportações nos portos do Mar Negro; óleo vegetais (-3,3%), carnes (-1,5%), laticínios (-2,0%) e açúcar (-2,1%). Em nível nacional, no mês de setembro de 2022, a 12ª e última estimativa da Companha Nacional de Abastecimento (Conab), relativa à safra brasileira de grãos em 2021/22, indicou que a produção fica em 271,2 milhões de t; 200 mil t a menos na comparação com a projeção de agosto. Ainda assim, fechamos a safra atual com oferta 5,6% maior do que o ciclo 2020/21. Entre as principais cadeias, no milho, a produção foi de 113,3 milhões de t (1,4 milhão de t a menos na comparação com agosto), crescimento de 30,1%, sendo que 86,1 milhões de t (ou 76%), corresponde a 2ª safra; 42% maior que 20/21. Já a produção de soja ficou em 125,5 milhões de t, 9,9% inferior à passada, em virtude dos problemas com o clima durante o cultivo de verão, especialmente nos estados da região sul. Por fim, no algodão, a oferta de pluma cresceu 8,3%, com 2,6 milhões de t registradas; era de 2,7 milhões de t em agosto e foi de 2,36 na última safra. Já a análise do progresso de safra, divulgada também pela Conab, mostra que, até o dia 10 de setembro de 2022, a colheita do milho 2ª safra alcançou 98,7% das áreas totais do país (era de 97,0% há um ano), ou seja, está praticamente concluída. As operações no algodão também foram finalizadas com 99,1% de progresso, avanço relevante frente aos 94,0% registrados na mesma data de 2021. O relatório ainda indica que a colheita do trigo foi iniciada no Brasil: até 10/09, 11,8% das áreas haviam sido colhidas, contra 4,7% no mesmo período do ciclo passado. Em geral, o ritmo operacional segue superior ao da última safra, o que traz boas janelas para planejamento e semeadura do ciclo seguinte. Projeções para 2022/23 A Conab também divulgou as “Perspectivas para a Agropecuária em 2022/23”, com números tanto para grãos como para as cadeias da pecuária de corte. Nos grãos, a produção total deve alcançar 308,3 milhões de t, 37 milhões de t a mais na comparação com 2021/22 ou crescimento de 14%. Já a área total deve ficar em 75,6 milhões de ha, aumento de 2,5% ou 1,8 milhão de ha adicionais. O crescimento percentual superior na produção é resultado da alta na produtividade média nacional que passa de 3,68 para 4,08 t por ha, 11% maior. Em relação a área das principais culturas em 2022/23, temos: a soja terá 42,4 milhões de ha (+ 3,5%); no milho serão semeados 22,1 milhões de ha (+ 2,5%), sendo que 16,9 milhões de ha serão cultivados em 2ª safra (+ 3,5%); e no algodão, a projeção é de que sejam plantados 1,6 milhão de ha (+ 1,6%). Já em termos de produção, o cenário é o seguinte: a soja deve entregar 150,4 milhões de t (+ 21,2%); o milho, outros 125,5 milhões de t (+ 9,4%), dos quais 94,5 milhões de t serão produzidos na safrinha (+ 8,2%); e o algodão deverá ofertar 2,9 milhões de t de pluma (+ 6,8%). Nas cadeias da pecuária de corte, a Conab estima que em 2023 a produção de carne de frango será de 15,55 milhões de t (+ 2,5%), com exportações em 4,48 milhões de t (- 1,7%) e disponibilidade interna de 11,07 milhões de t (+ 4,2%). Como resultado da maior oferta interna, a disponibilidade deve passar de 49,4 (2022) para 51,2 kg por habitante no ano (2023). Na carne bovina, a produção deve alcançar 8,67 milhões de t (+ 2,9%) em 2023, com exportações estimadas em 3,13 milhões de t de carcaça equivalente (+ 5,0%),
O poder da combinação de microrganismos

O impacto positivo do uso de bioinsumos na agricultura é uma realidade no agronegócio brasileiro. De fato, o setor já se beneficia do poder da combinação de microrganismos nos cuidados com a lavoura há tempo o bastante para ter um cálculo seguro das vantagens de tal prática. Nessa equação, cientistas e produtores de alimentos trilham um ciclo ininterrupto de inovação e conquistas que se apoiam no aprendizado a respeito das relações orgânicas que se desenvolvem na natureza. Enquanto os pesquisadores seguem incansáveis no estudo das interações entre as inúmeras formas de vida no solo, a atenção de agricultores se volta para os bons resultados de quem já associa mais de um agente biológico no manejo da plantação – é a isso, afinal, que nos referimos ao falar do poder da combinação de microrganismos. Operários da agricultura sustentável Graças às relações que desenvolvem entre si, os microrganismos assumem diferentes funções no solo. Quando compreendemos essa dinâmica e passamos a adotar esses pequenos seres como ferramentas ativas no manejo da lavoura, os benefícios criam um sistema de retroalimentação entre a capacidade produtiva e o meio ambiente. Nesse sentido, é fácil entender o que coloca a microbiologia do solo entre os temas de maior interesse daqueles que desenvolvem tecnologias para o campo. Enquanto o planeta procura entender a intrincada relação entre a produção de alimentos e as mudanças climáticas, todos os elementos capazes de promover a agricultura sustentável crescem na escala de importância. No caso da combinação de microrganismos, temos a vantagem de benefícios que podem ser facilmente identificados pelos produtores. Com efeito, o agronegócio já tem dados suficientes para reconhecer e exaltar o potencial de tal prática. Quando introduzimos nossos micro-operários no sistema, reduzimos o potencial de doenças, proporcionamos mais raízes sadias, disponibilizamos mais nutrientes. Dessa forma, as plantas ficam mais preparadas para as adversidades, têm mais chances de expressar todo seu potencial e podem alcançar maior longevidade, além de melhores rendimentos. O poder da combinação de microrganismos na prática O poder da combinação de microrganismos se materializa nos bioinsumos, produtos cuja formulação parte de um olhar sistêmico. Com efeito, encarar uma área de plantio como um sistema – composto por planta e biota do solo – muda o jogo. A Agrivalle segue essa linha de pensamento no desenvolvimento de produtos que reúnem diferentes formas de vida de modo a aproveitar as relações entre elas para cuidar da área de cultivo. O bio-nematicida Profix, por exemplo, conta com três organismos em sua fórmula, sendo duas as bactérias (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis) e um fungo (Paecilomyces lilacinus). Juntos, eles permitem múltiplos modos de ação para o produto, além de versatilidade na hora de aplicá-lo.É assim também com o Shocker, primeiro fungicida microbiológico registrado com três microrganismos na formulação. Além dos modos de aplicação e de ação versáteis, a composição desses produtos permite que eles sejam eficazes em diferentes fases do patógeno, sempre com menor risco de resistência e alcançando maior amplitude. Eles podem, ainda, se estabelecer em diversos ambientes. A Agrivalle também inovou na combinação de microrganismos do Twixx-A, que traz uma dupla de bactérias (Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus amyloliquefaciens) em sua fórmula, sendo o primeiro fungicida foliar microbiológico com dois microrganismos, entre os registrados no Brasil. A combinação resultou num produto que se destaca no combate à antracnose. Mas não paramos por aí. Nesse momento, os pesquisadores da Agrivalle estão trabalhando em extensões para o tratamento de patologias como ascochyta, cercospora, mancha branca, entre outras. A caminho do futuro Apostar na combinação de microrganismos é dar alguns passos em direção à agricultura do futuro, além de representar um avanço nas metas estabelecidas para o meio-ambiente no Brasil. Sintonizada com este pensamento, a Agrivalle segue investindo na pesquisa e no desenvolvimento de insumos biológicos que exploram a combinação de microrganismos em prol da produtividade no campo. Nossa linha de produtos gira em torno de quatro pilares: ativação, proteção, potencialização e revitalização do solo. Com base neles, podemos criar uma composição ideal, combinando os insumos a partir dos microrganismos que contêm e da necessidade da área agrícola a ser tratada.
Risco de nematóides no algodão – você está realizando o manejo correto da sua lavoura de algodão?

A cultura algodoeira é o ponto de partida de uma das cadeias produtivas mais importantes da economia mundial, a da moda. Embora esta indústria movimente milhões e conte com uma força de trabalho gigantesca, tem entre suas principais ameaças um ser microscópico que vive embaixo da terra. Bem no início do ciclo de produção de roupas, lençóis e afins, a presença de nematóides no algodão é um pesadelo! A cotonicultura tem lugar de destaque no cenário socioeconômico mundial, e o Brasil está entre os responsáveis pelos números do setor. Estamos entre os principais produtores mundiais de algodão, uma liderança dividida com Paquistão, Estados Unidos, Índia e China. A produção de algodão no Brasil Hoje, temos mais de um milhão de hectares do país ocupados por algodoeiros, sendo a maior concentração nos estados de Goiás, Bahia e Mato Grosso. Vale lembrar que houve um crescimento significativo entre 2014 – quando o algodão brasileiro era cultivado em 564 mil ha – e 2019 – quando chegamos a 1,072 ha. Os bons ventos continuam soprando nessa lavoura, que espera resultados positivos na safra 2021/2022, apesar de dificuldades relacionadas ao clima. Os produtores, aliás, estão redobrando os cuidados para evitar que as incertezas geradas pelas mudanças climáticas afetem a qualidade da pluma. Além das consequências diretas de secas, chuvas e geadas fora do calendário, eles precisam lidar com seu reflexo no solo – ou melhor, precisam se adiantar a isso, garantindo que a biota esteja saudável, preparada para proteger as raízes e lidar com pragas e doenças. A ameaça dos nematóides no algodão Vários males podem afetar o algodoeiro, entretanto identificar nematóides no algodão é uma das notícias mais desanimadoras nessa cultura. Isso porque eles afetam a área de cultivo de tal forma que deixam a planta mais suscetível a outros problemas. De fato, entre os mais de 250 agentes patogênicos prejudiciais ao algodoeiro, nenhum abala a produtividade de maneira tão significativa quanto os nematóides. Para controlá-los, há, basicamente, dois conjuntos de medidas. O primeiro é preventivo e se resume a evitar que eles entrem na área de cultivo. Para tanto, a receita é fazer rotação com plantas que não sejam suas hospedeiras, acontece que esta não é uma tarefa tão simples quanto parece. Por mais que a rotação de culturas seja uma das formas mais eficazes no controle de nematóides no algodão, esse tipo de patógeno é tão presente na natureza que pode afetar uma gama de plantas bem grande. Geralmente, quando o produtor encontra uma espécie com as características necessárias, ela não é rentável para o negócio. Além disso, muitas variedades de alto valor agronômico são geneticamente desprovidas de defesas contra o patógeno. É aí que entram os nematicidas e o segundo método para controlar os nematóides no algodão. Nematóides no algodão – um histórico de controle Por muito tempo, os nematicidas eram conhecidos por trazerem prejuízos ao meio-ambiente e à saúde das pessoas. Mais que isso, eram classificados como sendo de alta periculosidade, tanto que muitos foram banidos do mercado. Para substituí-los, a indústria agropecuária desenvolveu opções menos tóxicas, inclusive produtos biológicos. O êxito dos bionematicidas é bastante significativo no combate a nematóides no algodão, inclusive nas espécies mais comuns nessa cultura, como Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne incognita. É o caso do Profix, desenvolvido pela Agrivalle. Contando com um mix de três microrganismos, ele acaba atuando de diferentes formas. Com isso, cobre um amplo espectro, conseguindo atuar em diversas fases dos nematóides. Assim, ele atua na biota de forma contínua, como em um tratamento. O Profix é um produto inovador, foi o primeiro nematicida a trazer 3 microrganismo em sua formulação –, as bactérias Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis e o fungo Paecilomyces lilacinus (Purpureocilium lilacinum). Este trio atua em associação, oferecendo, portanto, tripla proteção à área de cultivo. Uma andorinha só não faz verão Apesar de todos os avanços no desenvolvimento de nematicidas e na redução da toxicidade do produto, a eficácia no trato de nematóides no algodão ainda depende de outras práticas associadas. Portanto, garanta que os seguintes passos sejam seguidos em seu algodoeiro: Identifique o problema – quando confirmar que há nematóides no algodão, você precisa saber com qual espécie está lidando, afinal isso interfere nas medidas de combate. Como estamos falando de seres microscópicos, você vai precisar contratar um laboratório para esta avaliação. Adote rotação de culturas – alterne as espécies plantadas na área onde cultiva algodão, evitando aquelas que servem como hospedeiras do mesmo tipo de nematóides, pois isso aumentaria o risco de incidência do parasita. Mantenha equipamentos e máquinas limpos – nematóides podem ser levados de um lugar para outro, tendo os equipamentos utilizados no manejo como meio de transporte. Tanto numa pá como numa máquina, uma porção de terra contendo o parasita pode ser levada para uma parte do solo até então saudável. Monitoramento contínuo – fique atento ao solo e às raízes, retirando amostras periodicamente e enviando-as para análises em laboratório. Essa medida deve ser tomada mesmo depois da identificação positiva do patógeno, pois acompanhar o problema, assim como sua evolução e combate, permitirá que você faça intervenções sempre que necessário e se assegure de que as medidas de controle estão funcionando.
Ciclo da cana-de-açúcar – melhores dicas de produtividade

Para a economia brasileira, o ciclo da cana-de-açúcar é estratégico, afinal ele tem reflexos em atividades que vão muito além do agronegócio. Açúcar, bioplástico, levedura, biocombustível, bioeletricidade – todos têm origem nas lavouras espalhadas pelo país, de onde saem para fazer a roda girar na indústria alimentícia, na de transporte etc. Com dimensões continentais, o Brasil tem dois períodos de safra. Um deles ocorre no centro-sul do país, começando em abril e terminando em novembro. O outro vai de setembro a março e acontece no norte-nordeste. Sem dúvida, essa vantagem tem parte considerável em nossa liderança mundial na produção de cana, mas há outros fatores que contribuem com isso. O ciclo da cana-de-açúcar resulta em rendimentos bem elevados, apesar de perdas comumente registradas, especialmente na colheita. Para que elas não gerem grandes prejuízos, planejamento é crucial, bem como acompanhamento para garantir uma operação precisa. Aí está mais um fator que contribui com a liderança brasileira na produção de cana. Os cultivadores que atuam no Brasil têm perfil estratégico. Focados na produtividade, eles abraçam inovações que tragam melhorias para a lavoura e seguem algumas práticas que garantem resultados positivos. Planejamento Planejamento é a chave de qualquer negócio, inclusive na agroindústria e no ciclo da cana-de-açúcar. Aqui, salientamos dois aspectos fundamentais e que podem repercutir na qualidade da colheita. O primeiro é mais simples e fácil de controlar. Estamos falando das variedades de cana presentes no canavial. Como cada uma delas tem características particulares, o produtor precisa considerá-las na hora de planejar cada etapa da operação. Afinal, tais particularidades definem questões como demanda por água, tipo de nutrientes ideais, época da colheita etc. O segundo aspecto essencial no planejamento do ciclo de cana-de-açúcar refere-se ao clima. Sem dúvida, trata-se de uma questão cada vez mais imprevisível, embora já possamos encontrar no mercado soluções tecnológicas que auxiliam nesse desafio. Tecnologia a favor do ciclo da cana-de-açúcar Quando falamos em tecnologia, o desenvolvimento de soluções para a agricultura se destaca. De máquinas a insumos, passando por ferramentas que monitoram a plantação e traduzem eventos em dados, o produtor pode contar com recursos quase ilimitados para dar suporte a decisões. No entanto, é preciso ter foco para buscar aquelas mais significativas para o tipo de cultivo em questão. No caso do ciclo da cana-de-açúcar, o maquinário sempre entra em pauta nas discussões sobre o tema. De fato, as máquinas utilizadas na condução da lavoura, especialmente na colheita, têm papel estratégico na cultura de cana, mas não estão sozinhas. Os avanços da biotecnologia têm contribuído bastante com o ciclo de cana-de-açúcar. Do combate a pragas ao incremento da biomassa, a ação de bioinsumos vem sendo aliada da produtividade de canaviais em todo o mundo. Preparando a área de plantio Com o planejamento em ordem e sabendo com quais recursos tecnológicos você conta, é hora de iniciar a parte prática do ciclo da cana-de-açúcar, que começa com a preparação da área de plantio. Nesse sentido, os aspectos nutricionais da terra e da espécie de cana a ser cultivada serão trabalhados, adequando o solo da melhor forma. Aqui, a biotecnologia pode aprimorar alguns processos naturais, restabelecendo relações entre microrganismos que compõem a biota. Em paralelo, a aração e a gradagem merecem atenção máxima. O mesmo vale para o cultivo da soca, por mais que exija outros tipos de cuidado, principalmente no que tange à adubação em cobertura. Por fim, todas as precauções precisam ser tomadas com foco na germinação. Ela precisa ocorrer da melhor maneira para que possamos garantir que a touceira seja forte e produtiva. Da mesma forma, na cana instalada, queremos soqueiras com perfeitas condições de restabelecimento, capazes de trazer alta produtividade. Espaçamento Um dos aspectos técnicos mais determinantes do manejo na cultura de cana é o espaçamento entre as plantas no talhão. Ele afeta diretamente a produtividade, já que é responsável pela forma como cada linha do canavial recebe luz, água e nutrientes. Acontece que a fisiologia do vegetal depende disso para chegar às condições ideais para gerar mais açúcar. Portanto, o rendimento da cana moída varia de acordo com a espécie plantada e com o espaçamento adotado. Em paralelo, a distância entre as plantas nos canavial precisa ser adequada às máquinas que o produtor usa para conduzir a lavoura, em especial no momento da colheita. Respeito ao tempo O tempo é a maior autoridade no ciclo da cana-de-açúcar, só que ele não segue o calendário gregoriano. Por isso, o refratômetro é um aliado indispensável para o produtor de cana. Esse é o tipo de cultura em que há um momento bem específico para a colheita, e ele é definido pelo teor de açúcar da planta. Colher antes ou depois do ponto ideal ser atingido afeta a produtividade da área de cultivo. Por isso, o produtor usa o refratômetro para checar amostras do colmo e verificar o índice de maturação. Ciclo de vida A colheita de uma safra de cana marca o início da preparação para a próxima. Nessa cultura, o trato do solo é ininterrupto, e o equilíbrio da biota é uma jornada contínua. Nela, o produtor conta com o comprometimento da Agrivalle. Nossa contribuição vem na forma de bioinsumos que, mesmo no controle de uma praga específica, considera o solo e suas necessidades, sempre prezando por uma relação saudável com todas as formas de vida que compõem a biota. Dessa forma, reduzimos o estresse da terra, viabilizando o prolongamento da vida útil da área de cultivo. Entre nossos bioinsumos, alguns foram pensados especificamente para o ciclo da cana-de-açúcar e a terra que o recebe, de modo que podem colaborar com sua produtividade de maneira quase customizada. Conheça alguns: Profix – nematicida biológico com amplo espectro de ação por contar com três microrganismos diferentes em sua fórmula – Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis (bactérias) e Paecilomyces lilacinus (fungo). Com isso, ele atua de diferentes modos, sendo eficaz em controlar os nematóides em diversas fases de desenvolvimento. Shocker – fungicida biológico à base de duas bactérias e um fungo, resultado de anos de pesquisa
Como reforçar a capacidade de regeneração do solo?

A capacidade de regeneração do solo é um trunfo muito bem aproveitado na agricultura moderna. Em meio a tecnologias de alto nível, ela traduz a importância de compreender as dinâmicas ambientais e seu papel na produtividade no campo. De fato, nos últimos anos, avançamos significativamente na promoção não só do equilíbrio entre práticas agrícolas e meio ambiente, mas também na união dos dois, explorando diversas situações em que a ação da natureza complementa (ou potencializa) a intervenção humana, e vice versa. As raízes da capacidade de regeneração do solo Você sabia que em apenas um grama de solo podemos encontrar até 1 bilhão de células microbianas com cerca de 10 mil espécies diferentes? A importância dessa microbiota no solo é tanta que esses microrganismos constituem um dos fatores que atuam na formação e na regeneração do solo, em conjunto com clima, relevo, material de origem e tempo. Essa infinidade de organismos vivos possui funções de extrema importância para sustentar o desenvolvimento vegetal, como por exemplo a degradação de compostos orgânicos, ciclagem de nutrientes, fixação biológica de nitrogênio, auxílio às plantas na absorção de nutrientes e controle biológico de pragas e doenças por meio da produção de compostos que inibem patógenos. Além disso, esses componentes microbianos possuem importante papel na estabilização dos agregados do solo, sendo as bactérias e os fungos os principais agentes dessa atividade. Essa fração viva do solo proporciona condições fundamentais para sua funcionalidade, sendo essencial para a manutenção do equilíbrio do planeta com um impacto direto na conservação da biodiversidade e na qualidade de vida da sociedade. Dobradinha macro e microambiente A diversidade desses microrganismos no solo está intimamente relacionada com diversos fatores, sejam eles abióticos como: o clima, temperatura, água, pH, fontes nutricionais, ou bióticos: genética e interação microbiana. É a partir da interação entre esses aspectos que a atividade e a dinâmica populacional de microrganismos no solo é influenciada e que os serviços ecossistêmicos que essa base ambiental nos proporciona são desenvolvidos. Naturalmente, tudo isso ajuda a ditar a capacidade de regeneração do solo. Diante das atribuições tão essenciais que o solo e os microrganismos que nele vivem empenham na continuidade da vida, a consciência sobre a importância da sua conservação e restauração se torna primordial nos dias de hoje. Os problemas ambientais ligados à degradação do solo como a erosão, assoreamento de rios, desertificação, intemperismo e poluição precisam ser colocados em evidência. Suporte para regeneração do solo O desenvolvimento de práticas e condutas que valorizem os princípios da sustentabilidade e a regeneração dos habitats devem ser reconstruídos. Diante dessa visão, a incorporação de bioinsumos aparece como pilar para reforçar a capacidade da atividade microbiana do solo, uma vez que esses microrganismos benéficos podem sustentar o sistema de produção de forma integrada e controlar com eficiência os problemas que são ocasionados pelos sistemas intensivos. Através do conceito de vida gerando vida, podemos desenvolver um manejo sustentável, produtivo e ir além da preservação, oferecendo ao patrimônio mais importante do ecossistema – o solo – a capacidade de restauração do que já foi consumido em processos anteriores. Os sistemas regenerativos representam essa mudança de paradigma na forma em que enxergamos a produção agrícola atualmente, em linha com o que as gerações futuras almejam para uma melhor qualidade de vida. Vamos juntos fazer parte dessa transformação? O texto Como reforçar a capacidade de regeneração do solo? foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Como os bioinsumos ajudam nas mudanças climáticas?

As mudanças climáticas, como o próprio nome já diz, indicam transformações que vêm ocorrendo no clima em todo o globo terrestre. Seus efeitos já podem ser sentidos em diversas regiões do planeta e, por conta disso, existem diversas reivindicações por parte da sociedade para que a sustentabilidade da produção agropecuária seja alcançada. Essa questão é extremamente necessária para suprir a crescente demanda da população, ao mesmo tempo em que preserva o ambiente em que vivemos. Insumos agrícolas e mudanças climáticas O uso exacerbado e irresponsável de recursos afeta negativamente não apenas o ecossistema, mas também reduz sua rentabilidade econômica. Por outro lado, a integração de insumos tradicionais com os biológicos, além de aumentar a participação de produtos renováveis, também melhora a eficiência na absorção de nutrientes pelas plantas e traz impactos positivos ao meio-ambiente. Já a aplicação excessiva de fertilizantes sintéticos, pode causar danos em função da sua perda por lixiviação e maior liberação de gases estufa ligada a seu processo produtivo e também ao seu transporte, considerando que importamos cerca de 85% desses insumos de outros países. Diante das consequências das mudanças climáticas, o uso de bioinsumos é uma importante alternativa para a mitigação dos gases de efeito estufa. Tal possibilidade abre novos caminhos para melhorar a sustentabilidade agrícola em um cenário climático em mudança a partir de seu papel multifuncional e sem efeitos nocivos aos habitats naturais. Um plano para enfrentar as mudanças climáticas Dentro desse conceito, o “Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária 2020-2030” consiste em uma agenda estratégica do governo brasileiro que dá continuidade a ações para enfrentamento da mudança do clima no setor agropecuário. O objetivo da política se baseia em aumentar a eficiência e a resiliência dos sistemas de produção tendo como virtude uma visão integrada das propriedades, a fim de minimizar as emissões de gases de efeito estufa e promover a adaptação climática. Uma das estratégias do intitulado Plano ABC+ que aumenta a capacidade adaptativa frente às mudanças climáticas, os bioinsumos se configuram como importante fator perspectivo. Sua meta de adoção é para 13 milhões de hectares com um potencial total de mitigação de emissões de 23,40 milhões de toneladas de CO2 equivalente em função da substituição de fertilizantes químicos pela adoção dos processos microbiológicos. Nesse sentido, suas contribuições são: aumento do crescimento radicular, possibilitando melhor absorção de água disponível pelas plantas; melhora dos atributos físicos e químicos do solo; diminuição do uso de fertilizantes químicos à base de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), seja pelo aporte de nutrientes pelos microrganismos, como pelo incremento na eficiência da absorção de nutrientes pelas plantas; e indução do sistema de defesa da planta. A nova agricultura incorpora todas essas metas otimistas a fim de nutrir o presente e ao mesmo tempo atender às necessidades das gerações futuras e conscientes. A sociedade está cada vez mais preocupada com o impacto do seu consumo para o meio-ambiente, para as pessoas e para o planeta. Venha você fazer parte dessa transformação conosco, por meio de novas formas de produzir que garantem sustentabilidade para o agronegócio brasileiro. O texto Como os bioinsumos ajudam nas mudanças climáticas? foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Agrivalle Markets 09: Agosto de 2022

Bem-vindo mais uma vez amigo produtor e profissional do agro! Este é o nosso resumo mensal dos principais fatos que marcaram o setor em agosto de 2022, elaborado em parceria com a Agrivalle para fornecer informações e análises a fim de contribuir com a sua tomada de decisão. Na economia mundial e brasileira, o mês de julho foi marcado por movimento de “deflação” na economia brasileira, dando alguns indicativos de melhoria da performance. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em -0,68%, frente aos 0,67% de junho, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das 9 categorias distintas que compõe o indicador, duas delas tiveram variações negativas: transportes (-4,51%) graças à redução nos preços dos combustíveis (-14,15%); e habitação (-1,05%) em virtude da queda no preço da energia elétrica residencial (-5,78%). Nos alimentos e bebidas ainda houve incremento de 1,30%, motivado pelo preço do leite longa vida (+25,46%) e consequente aumento em seus derivados (queijo, manteiga, entre outros). Vamos acompanhar a performance dos próximos meses na expectativa que a curva mantenha tendência de baixa. No cenário econômico nacional, de acordo com o boletim Focus do Banco Central divulgado em 22 de agosto de 2022, o mercado projeta uma melhoria na inflação do país, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechando 2022 em 6,82% e 2023 em 5,33%, e taxa Selic estável em 13,75% e 11%, respectivamente. Também há uma expectativa mais favorável para o crescimento econômico, sendo que o PIB deve crescer 2,02 % este ano e 0,39% no seguinte; enquanto que o câmbio deve se sustentar nos R$ 5,20 ao final de cada período. Bons indicativos de recuperação econômica! Índice de preços dos alimentos No agro mundial e brasileiro, o índice de preços dos alimentos calculado pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) voltou a cair no mês de julho, pelo quarto mês consecutivo, aliviando o estresse acumulado no último semestre. O indicador atingiu 140,9 pontos no mês, o que representa uma queda de 8,6% frente a junho (ou 13,3 pontos), mas em comparação ao mesmo mês de 2021 seu valor ainda é 13,1% maior (ou 16,4 pontos). Os maiores impactos vieram dos cereais, com queda de 11,5% no indicador, motivada pela redução nos preços do trigo graças ao acordo para desbloqueio dos portos no Mar Negro; e dos óleos vegetais que cairam de 19,2% em seu índice devido às reduções nos preços com maior expectativa de oferta de matéria-prima. Grãos – estimativas para o Brasil em agosto de 2022 Nas estimativas de agosto de 2022 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos no ciclo 2021/22 foi revista para 271,5 milhões de t, pouco inferior à estimativa de julho/22, mas ainda 6,2% maior do que no ciclo passado. Na soja, conforme já era esperado graças ao período de entressafra, os números foram mantidos no mesmo patamar no mês passado: 124,0 milhões de t, 10,2% menor do que 2020/21. O milho, por sua vez, teve a oferta total revista para 114,7 milhões de t, 1 milhão de t a menos em 1 mês, mas ainda 31,7% maior do que 2020/21. A 2ª safra, ainda em andamento, deve produzir 87,4 milhões de t (+43,9%). No algodão, serão 2,74 milhões de t da pluma, um pouco abaixo do estimado em julho, mas ainda 16,0% superior ao do ciclo passado. Um último destaque para as culturas de inverno, que deverão ofertar 11,0 milhões de t (+ 18,0%); destaque para o trigo com 9,1 milhões de t (~83% de toda a produção da categoria). Em relação ao progresso das operações no campo, a Conab indica que até 15 de agosto de 2022, 86,4% das áreas de milho safrinha (2ª safra) já haviam sido colhidas no país, contra 68,5% no mesmo período do ano passado; Mato Grosso, Maranhão e Tocantins já encerraram as atividades, enquanto que o estado de Goiás caminha para a conclusão, com 92% de progresso. No algodão, as operações ganharam tração neste último mês e a colheita saltou para 80,3%, contra 66,7% na mesma data de 2020/21; um grande avanço! Demais culturas (como as de inverno e trigo) aguardam para início da colheita. Grãos – estimativas para agosto de 2022 em âmbito global Em âmbito global, o relatório mensal da produção de grãos em 2022/23, divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reviu a produção de milho este mês para 1.179 milhões de t, 6,3 milhões de t a menos do que a projeção anterior; e 3,2% menor do que 2020/21. Nos últimos meses temos observado uma queda nos números do milho, especialmente por conta da piora nas condições das lavouras nos EUA e a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia. Entre os principais players, a grande alteração foi feita nos Estados Unidos, que agora devem produzir 364,7 milhões de t, 5% a menos do que na safra 2021/22. Os números para o Brasil foram mantidos em 126,0 milhões de t, uma vez que a safra por aqui ainda não foi iniciada. Como consequência da menor oferta, os estoques caíram de 313,0 (julho) para 306,7 milhões de t (agora em agosto de 2022), e devem fechar a safra 1,5% menores do que no último ciclo. Uma notícia ruim para o setor, mas ainda confiamos em uma boa oferta. Na soja, por sua vez, o USDA indicou uma melhora na oferta do grão, elevando a projeção para 391,4 milhões de t, 11,4% a mais do que em 2021/22. O principal fator que motivou a melhora para a oleaginosa foi o clima favorável nos EUA, o que tem contribuído para melhor oferta. Deve ficar em 123,3 milhões de t (+ 2,2%); era de 122,0 em julho. Para o Brasil, ao passo em que a safra não se inicia, os números foram mantidos em 149 milhões de t (+18,3%). Resultado da oferta maior, os estoques saltaram para 101,4 milhões de t, 13,0% maiores do que 2021/22. Até o dia 14 de agosto
Como proteger sua lavoura de soja na próxima safra

Para estar entre entre os maiores produtores de grãos do mundo, o Brasil conta com muito mais que terra fértil. Sem dúvida, a natureza nos beneficiou, mas o sucesso do agronegócio nacional relaciona-se, em grande parte, ao bom conhecimento dos produtores em relação às culturas que cultivam e seus desafios – inclusive quando se trata da lavoura de soja. Com efeito, é assim que eles criam as bases que viabilizam uma ação conjunta com o que a natureza oferece, potencializando qualidades e protegendo a plantação daquilo que pode colocar a safra em risco. Só para ilustrar, vamos considerar a sojicultura. Cenário geral da cultura de soja Segundo a Embrapa, o Brasil é o maior produtor mundial de soja. Na safra 2020/21, foram produzidos 135,409 milhões de toneladas em um total de 38,502 milhões de hectares espalhados por diversos estados do país. Para manter-se na dianteira, o produtor brasileiro precisa lidar com uma série de ameaças, e elas não se restringem a doenças e pragas agrícolas. Assim como vem acontecendo em outras culturas, a cada ano, a lavoura de soja sente com mais força os riscos provocados pela questão climática. Quando o clima ameaça a lavoura de soja Enquanto aguardamos números precisos da safra de soja 2021/22, já sentimos, nas revisões de estimativas, a apreensão gerada por um clima cada vez mais incerto. São chuvas, secas e geadas que ocorrem tanto em lugares inesperados como fora do calendário padrão, muitas vezes surpreendendo o produtor e gerando prejuízos consideráveis. Para proteger a lavoura de soja das incertezas climáticas, é preciso intensificar algumas medidas e cuidados bem conhecidos. Para começar, por mais óbvio que seja, invista em sementes de qualidade e garanta a saúde do solo. Mais precisamente, você tem que buscar um plantio o mais próximo possível da perfeição. Compreenda que está bem difícil prever uma chuva de enxurrada, mas sabemos da importância de um solo saudável para o desenvolvimento de uma raiz forte, capaz de se manter firme. Da mesma forma, o equilíbrio da biota é essencial para otimizar o consumo de água em caso de secas. Para ajudar a lavoura de soja nesse ponto, a aplicação de um bioinsumo pode ser uma das melhores soluções. Uma alternativa é o Algon, que contém extrato de algas e aminoácidos em sua formulação que possuem propriedades orgânicas que auxiliam no desenvolvimento vegetativo da cultura, permitindo que a planta suporte as adversidades climáticas. Informação precisa e segura é outra peça fundamental para garantir a produtividade da soja diante dos desafios do clima. Isso abrange ações simples, como visitas constantes à plantação. Nesses momentos, sempre que possível, é interessante registrar suas observações. Aliás, busque incentivar sua equipe a abraçar esta prática. Alie a isso ferramentas tecnológicas que organizam e estruturam os dados da lavoura de soja, bem como aquelas que acompanham o comportamento do clima. Doenças e pragas na lavoura de soja São inúmeras as doenças e pragas que podem afetar a lavoura. Nos últimos tempos, no entanto, uma preocupação crescente com nematóides vem chamando atenção – e não poderia ser diferente. A SBN (Sociedade Brasileira de Nematologia) contabilizou os prejuízos causados por esses vermes em R$ 26,8 bilhões, isso só na sojicultura. Acontece que eles agem de maneira bem agressiva, liberando toxinas diretamente no interior das células da planta. Para proteger a lavoura de soja dessa ameaça, os nematicidas entram em cena. O Profix, por exemplo, é eficiente no combate a dois nematóides diferentes, o nematóide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus) e nematóide-das-galhas (Meloidogyne incognita). Alguns fungos também podem trazer muitos prejuízos para a sojicultura. Nesse caso, o Twixx-A realiza o controle biológico de doenças foliares, como antracnoses, mancha alvo e mancha branca, que têm alta ocorrência no Brasil. Proteção ampla e estratégica A proteção da lavoura de soja será maximizada com alguns outros cuidados bem conhecidos pelos produtores, como fazer o rodízio de plantações e respeitar o espaçamento indicado entre as sementes. A rotação de culturas sobreviveu ao tempo e a uma série de inovações por um motivo. Sua prática pode reduzir a incidência de patógenos que resistem no solo quando uma plantação é colhida e encerrada. Mas, para isso acontecer, a escolha das plantações que serão rotacionadas deve considerar os patógenos para os quais cada cultura serve como hospedeira. A ideia é cultivar espécies que vão impactar o solo de modo a dificultar o desenvolvimento de microrganismos nocivos para a lavoura que vem em seguida. Em síntese, a proteção da lavoura de soja anda de mãos dadas com o manejo integrado. Cuidados com o solo, controle de pragas, rotação de culturas, espaçamento entre sementes, gestão de dados… Combinando todos esses recursos, potencializamos resultados, reduzindo os riscos de qualquer ameaça à produtividade.