Novas tecnologias e perspectivas dos produtos biológicos

Novas tecnologias e perspectivas dos produtos biológicos

As novas tecnologias são indispensáveis para atender o crescente desejo do consumidor global por produtos sustentáveis que, por sua vez, tem direcionado os produtores a uma agricultura conservativa e regenerativa. No cenário nacional, a instituição do Programa Nacional de Bioinsumos, datada de maio de 2020, possibilita a estruturação e regularização facilitada de novos produtos biológicos lançados no mercado brasileiro, por conta da segurança que essas inovações apresentam aos seus consumidores. Atualmente, a legislação brasileira permite o lançamento de um novo produto biológico em um período de até 2 anos, enquanto o tempo de aprovação de um novo defensivo químico no Brasil pode chegar a 10 anos, segundo dados da Croplife Brasil. Essa agilidade no registro dos insumos biológicos atua como um incentivo aos produtores e investidores do mercado nacional, impulsionando cada vez mais a cadeia da categoria. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no período de 1991 a 2021, foram registrados 433 novos produtos biológicos no país, sendo 22,2% destes lançados somente no ano de 2020. E a expectativa é de aumento desses números nos próximos anos. Novas tecnologias a serviço do agro Com investimentos em pesquisa de bioinsumos, novas tecnologias surgem no mercado, é o caso dos semioquímicos, uma classe de biodefensivos agrícolas que tem adoção crescente nas lavouras brasileiras. Esses produtos biológicos de controle são desenvolvidos a partir de substâncias químicas presentes em seres vivos e que irão afetar a sobrevivência de outros seres vivos indesejados no campo, de duas formas possíveis: pela ação de feromônios ou na forma aleloquímica.  Os benefícios do uso de semioquímicos são inúmeros: manejo da resistência aos inseticidas tradicionais; redução de resíduos no produto final; redução de uso de combustíveis que seriam usados para aplicação de inseticidas tradicionais; redução de emissão de gases de efeito estufa; redução de custos, uma vez que já é possível produzir biotecnologicamente com um custo cinco vezes menor se comparado à forma sintética tradicional, segundo informações da Croplife Brasil; entre outros. Outra tecnologia recente é a BioAs – Tecnologia de Bioanálise de Solo, ferramenta criada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), para análise de solo, que agrega componentes biológicos enzimáticos para identificar danos à saúde do material analisado. Em comparação com indicadores físicos ou químicos, as enzimas “arilsulfatase” e “beta-glicosidase”, utilizadas nessa técnica, apresentam vantagem de identificar prejuízos mais rapidamente, levando a um maior rendimento de grãos e sanidade do solo.  Além disso, outras vantagens incluem: alta precisão; auxílio na ciclagem do solo; não são influenciadas pela aplicação de adubos; baixo custo; e proporcionam uma análise simples. Assim, o produtor pode identificar problemas e solucioná-los mais rapidamente, com menor esforço e menor custo, e ainda proporcionando saúde ao ecossistema. Em decorrência da demanda por novas tecnologias e descobertas, são necessários novos centros de pesquisa com profissionais qualificados e equipamentos que permitam produzir e disponibilizar produtos para o mercado, são eles as biofábricas de bioinsumos. Como exemplo do alto investimento contínuo no mercado de insumos biológicos, temos a recém inaugurada biofábrica da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás, Goiás, criada com iniciativas pública e privada em novembro de 2022.  O futuro do mercado brasileiro de bioinsumos é animador, com expectativa de despontar ainda mais no cenário global. Novas tecnologias têm emergido diante deste cenário e os próximos anos prometem grandes novidades para revolucionar ainda mais a agricultura, caminhando cada vez mais para sistemas regenerativos de produção.   O texto Novas tecnologias e perspectivas dos produtos biológicos foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.   Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Rafael Barros Rosalino é analista na Markestrat Group, graduando em Medicina Veterinária pela FCAV/UNESP.

Os desafios da adoção dos bioinsumos

Os desafios da adoção dos bioinsumos

A conjuntura dos últimos anos somada à mudança de comportamento da sociedade, frente a um consumo mais consciente, gerou a demanda para práticas cada vez mais sustentáveis. Tal combinação configurou um grande crescimento na adoção dos bioinsumos, devido a esses produtos atenderem uma série de requisitos ecológicos aliados a aspectos como qualidade, segurança e viabilidade econômica.  Suas utilidades na agricultura variam desde o controle de pragas e doenças no campo, ampliação da absorção de água pelas plantas, otimização do desempenho de outros insumos, melhoria das necessidades nutricionais do solo, promoção do crescimento e desenvolvimento das culturas e, consequentemente, no aumento da rentabilidade da lavoura.  Desafios para a adoção dos bioinsumos Mas nem tudo são flores… Para um avanço ainda mais significativo na adoção dos bioinsumos, o setor tem muitos desafios a serem enfrentados para o seu pleno desenvolvimento.  A começar pelo baixo nível de conhecimento dos produtores a respeito das propriedades físicas, químicas e biológicas que levam às suas funcionalidades positivas e, ainda, pouco acesso à assistência técnica especializada para a orientação do uso desses produtos. Ou seja, ainda são necessários esforços para que o mercado dos bioinsumos se posicione com a devida comunicação baseada em informações que auxiliem esse nicho a se consolidar como uma alternativa efetiva e sustentável a ser incorporada nas práticas agrícolas. Outro entrave a ser superado está na questão regulatória, uma vez que os insumos biológicos ainda são regulamentados por leis generalistas de produtos como: fertilizantes e defensivos químicos, sementes, produtos de uso veterinário, entre outros. Porém, com a criação do Programa Nacional de Bioinsumos, já estão sendo elaboradas propostas de legislações voltadas exclusivamente aos biológicos, para que o setor ganhe ainda mais confiança no mercado nacional e internacional. Mais uma problemática que existe pela frente, se dá pela falta de integração entre pesquisadores, indústria e produtores, para que o desenvolvimento de novos produtos comerciais seja contínuo. Existe uma grande complexidade na prospecção de novas moléculas que resolvam os problemas existentes no campo, portanto, há necessidade de muitos esforços de pesquisa e recursos financeiros para que análises cada vez mais especializadas permitam o entendimento dos impactos desses produtos nos processos moleculares, bioquímicos e fisiológicos do meio-ambiente e das plantas. Nosso país é dotado da maior biodiversidade do mundo, e esse ativo infelizmente ainda é pouco explorado nos dias de hoje. Perspectivas positivas Apesar das grandes perspectivas de crescimento para o mercado dos bioinsumos nos próximos anos, ainda existem importantes desafios pela frente. Contudo, é nítida a organização do setor para consolidar novos modelos de produção baseados em ações que protejam a natureza e a saúde animal e humana.  O uso racional dos recursos naturais, a redução de agroquímicos e a incorporação de produtos biológicos que realizam a manutenção de microrganismos benéficos ao desenvolvimento e proteção das culturas são os pilares que irão aumentar a biodiversidade do sistema produtivo, trazendo resiliência ambiental e econômica ao ecossistema – aí está, afinal, o grande valor da adoção dos bioinsumos. Se eu fosse você, não deixaria de conhecer mais sobre esses produtos que prometem revolucionar a agricultura do futuro, vamos em frente!   O texto Os desafios da adoção dos bioinsumos foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.   Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. 

Agrivalle Markets 13: Dezembro de 2022

Nosso boletim de dezembro de 2022 em parceria com a Agrivalle começa agradecendo a vocês, produtores, profissionais do agro, pesquisadores – e outros – que nos acompanham mensalmente por aqui. Esperamos ter contribuído com a sua jornada neste ano e desejamos um excelente 2023 de muito trabalho e resultados! E vamos ao resumo dos fatos que marcaram o setor em novembro e também nos últimos dias desse ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado no início de dezembro de 2022 indicou alta de 0,41% no mês de novembro, abaixo do registrado em outubro (0,59%). Com isso, a inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 5,90%, menor taxa dos últimos 21 meses. Em 2022, o IPCA acumula 5,13%.  Entre os nove grupos acompanhados pelo indicador, sete tiveram alta no mês passado: alimentação e bebidas (+0,53%); habitação (+ 0,51%); vestuário (+1,10%); transportes (+ 0,83%); saúde e cuidados pessoais (+ 0,02%); despesas pessoais (+ 0,21%); educação (+ 0,02%); artigos de residência (- 0,68%); e comunicação (-0,14%).  No grupo dos “Transportes”, a alta é justificada especialmente pelo aumento nos preços dos combustíveis (etanol cresceu 7,6% e a gasolina 3,0%). Nos alimentos, as duas maiores variações foram a cebola (+23,0%) e o tomate (+ 15,7%) e as duas principais quedas foram o leite longa vida (- 7,09%) e o frango (- 1,75%).  Com relação aos indicadores da economia brasileira, divulgados pelo boletim Focus/Bacen de 16 de dezembro de 2022, percebe-se certa estabilidade no mercado. De acordo com o relatório, o IPCA deve fechar o ano em 5,76% (queda), enquanto que no ano seguinte espera-se 5,17% (aumentou). Já o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) está projetado em 3,05% para este ano e em 0,79% para o próximo (ambos em estabilidade).  A taxa Selic foi mantida em 13,75% para 2022 e em 11,75% para 2023 (ambos estáveis), enquanto que o câmbio deve se sustentar nos R$ 5,25 no fechamento deste ano e 5,26 em 2023. Importante monitorar como o mercado irá reagir às indicações dos ministérios para o novo governo. Preços no mundo Conforme divulgado no começo de dezembro de 2022, em âmbito global, os preços dos alimentos mantiveram a tendência de queda no mês de novembro, após atingir o ápice em março de 2022. O Índice de Preços de Alimentos da FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) alcançou 135,7 pontos no mês, uma redução marginal de 0,15% frente a outubro (135,9 pontos), o que representa o oitavo mês consecutivo de quedas. No entanto, quando comparado a novembro de 2021, o indicador ainda está 0,3% maior.  Dentre os segmentos que compõem o índice, cereais tiveram queda de 1,3%, com impacto significativo do trigo, o qual recuou 2,8% graças à renovação do acordo que permite a Ucrânia utilizar a rota no Mar Negro para escoamento; as carnes tiveram decréscimo de 0,9%; e os lácteos caíram 1,1%.  Óleos vegetais e açúcar foram na contramão, com aumento dos preços em 2,3% e 5,2%, respectivamente. No primeiro caso, houve forte demanda pela matéria-prima para biocombustível, o que impulsionou o preço. Já com relação ao adoçante, a valorização do etanol no Brasil gerou pressão positiva sobre os preços globais do açúcar. Fertilizantes russos mais caros A indústria de fertilizantes russa deverá ganhar um novo detrator de suas margens, o que deve influenciar nos preços finais do insumo. O governo de Putin estabeleceu a cobrança de um tributo inédito sobre a tonelada de NPK exportada – consiste em uma alíquota de 23,5% sobre a diferença do preço praticado do fertilizante e o preço referência de US$ 450,00.  A decisão tem como objetivo equilibrar as contas do governo russo, as quais estão abaladas pelos gastos com a guerra contra a Ucrânia. Dessa forma, a StoneX já estima um repasse desse custo adicional aos mercados consumidores, com cotações de ureia e fosfatados 20% superiores no começo de 2023. Conab anuncia produção recorde A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) lançou sua 3ª estimativa para a safra brasileira de grãos de 2022/23 e as notícias continuam sendo boas. Houve apenas um pequeno reajuste de -0,3% frente ao número de novembro, mas a expectativa é de uma produção recorde de 312,2 milhões de t, 15,0% superior ao colhido no último ciclo. Quanto à área, estima que serão cultivados 77,0 milhões de ha, o equivalente a um crescimento de 3,3%.  Desdobrando as culturas, na soja espera-se volume de incríveis 153,5 milhões de t (+22,2%), considerando uma área de 43,4 milhões de ha (+4,6%). O milho deve somar área semeada de 22,3 milhões de ha (+3,5%), totalizando uma produção de 125,8 milhões de t (+11,2%), sendo 27,2 milhões de t advindos da safra verão (19,8%) e os 98,6 milhões de t (80,2%) restantes atribuídas à 2ª e 3ª safra.  Já na cultura do algodão, a produção de pluma deve se aproximar das 3,0 milhões de t (+16,6%) em uma área de 1,6 milhão de ha (+2,3%). Por sua vez, as culturas de inverno deverão entregar 11,4 milhões de t (+21,8%), com grande destaque para o trigo, que deve somar volume de 9,6 milhões de t (+24,4%) em área de 3,1 milhões de ha (+11,6%). Seguimos com um cenário de boas perspectivas! Também divulgado pela Conab, o boletim de acompanhamento da safra indica que o plantio de soja está praticamente concluído no país: até 10 de dezembro de 2022, o progresso era de 95,9% (contra 96,6% há um ano). O Rio Grande do Sul ainda se encontra com 85,0% das áreas plantadas (o mesmo percentual de um ano atrás); e o Maranhão está com 68,0% (há um ano era de 70,0%). Todos os demais estados já superam os 90% ou já concluíram as operações. No milho 1ª safra, o ritmo de plantio está um pouco abaixo, mas segue próximo do desempenho de 2021/22. Até 10 de dezembro de 2022, 76,6% das áreas totais para o cereal foram semeadas (era de 80,6% na mesma data de 2021). São Paulo, Minas Gerais e Paraná já concluíram as operações. No Rio Grande do

A produtividade agrícola tem um coringa

A produtividade agrícola é uma preocupação comum ao agronegócio em todo o mundo. Naturalmente, é assim no Brasil também, só que vivemos um contexto bastante particular e (podemos dizer) vantajoso. Isso porque um grande aliado da capacidade produtiva no campo está em alta por aqui em todos os sentidos. A indústria de bioinsumos está em plena efervescência, com pesquisas e desenvolvimento a todo vapor. Em paralelo, vem firmando seu papel entre os protagonistas do ecossistema agrícola, com um número crescente de produtores adotando o controle biológico, além do reconhecimento de entidades do setor e incentivos do Estado. É claro que nada disso veio à toa. Todo esse movimento decorre dos resultados acima da média na produtividade agrícola alcançada em cultivos tratados com bioinsumos. Estamos falando de um coringa, que traz equilíbrio para o ciclo como um todo, ou seja, que contribui com o solo, com as plantas e os produtos que nascem delas, com as pessoas que trabalham no campo e consomem tais produtos e – por fim ou em consequência – com o meio ambiente. Uma fonte para a agricultura sustentável  Sobre a versatilidade dos insumos biológicos, podemos dizer que ela é, no mínimo, ampla. Conseguimos identificar esta polivalência tanto na correção da questão imediata que motivou a aplicação como em reflexos inesperados mas importantes o bastante para fazer a diferença.  “Às vezes, ao trabalhar com biológicos para sanar um problema, identifica-se um reflexo positivo em outro. Um produto para biocontrole de um patógeno, como os nematóides ou as pragas aéreas, pode atuar como fungicida de solo”, explica o agrônomo e diretor de marketing da Agrivalle, Luiz Cláudio Micelli. São ganhos indiretos, no entanto, fundamentais para a produtividade agrícola. Vale considerar que podem, inclusive, ultrapassar o limite da planta cuja patologia está sendo tratada. Depois de usar um bioinsumo para combater uma disfunção específica, por exemplo, o produtor pode notar um aumento na população de polinizadores naturais. O segredo está na origem desses insumos, afinal, estamos falando de produtos compostos, sobretudo, por matéria orgânica (microrganismos, resíduos de vegetais ou animais etc.), o que permite que atuem de forma mais harmônica com o ecossistema da área de cultivo. É dessa maneira que, enquanto tratam um problema, os bioinsumos trazem benefícios substanciais para a microbiota, tratando o solo a longo prazo, com reflexos na fertilidade, no consumo de água e – é claro – na produtividade agrícola. Multifuncionalidade na agricultura No que tange a sua ação direta, os insumos biológicos, atuam nos mais variados problemas identificados numa plantação. Da mesma forma, atendem a diversas culturas, independente do porte da lavoura.  De fato, temos à nossa disposição incontáveis opções ecologicamente amigáveis e benéficas para a produtividade agrícola. Eles agem tanto no tratamento de patologias e pragas como na promoção do desenvolvimentos de plantas, no fortalecimento das raízes e na fertilização no solo.  Em poucas palavras, são bionematicidas, biofungicidas, bioestimulantes, bioinseticidas, entre outros que, naturalmente, cumprem funções de controle biológico, nutrição, fortalecimento e desenvolvimento. Como se não bastasse, some-se a isso, a fixação biológica de nitrogênio (FBN), função indispensável à sobrevivência de qualquer forma de vida na Terra. Os inoculantes são a alternativa biológica capaz de assegurar que uma plantação conte com nitrogênio suficiente para garantir suas necessidades primordiais para sobrevivência e, consequentemente, para a produtividade agrícola. Antes deles, agricultores de todo o mundo dependiam de fertilizantes químicos nitrogenados. Só que o custo das aplicações deste insumo é bem mais alto que qualquer bom resultado de safra, já que é daí que vem grande parte das emissões de gás carbônico que a indústria agrícola emite – bastam 100 kg de fertilizante químico nitrogenado para que 1 tonelada de gases geradores do efeito estufa se instalem na atmosfera. Produtividade agrícola sustentável Se restou alguma dúvida sobre o que nos leva a dizer que os bioinsumos são coringas da produtividade agrícola, ainda temos uma peça nesse quebra-cabeças.  Além de promover o manejo da lavoura em harmonia com o meio ambiente e de garantir condições de desenvolvimento saudável na plantação, eles criam condições favoráveis para a autossuficiência da agricultura nacional. Grande parte dos agroquímicos utilizados no Brasil são importados de diversos países, em especial do leste europeu. Acontece que, o ônus de depender do mercado externo para um subsídio tão importante para a produtividade agrícola, que já era alto, se intensificou com a pandemia e a guerra entre Ucrânia e Rússia.  Os efeitos da crise de abastecimento decorrente das restrições de deslocamentos e lockdowns em todo o mundo, afetou consideravelmente a distribuição dos insumos químicos importados, bem como seus preços. No final de 2021, ou seja, antes do conflito entre Rússia e Ucrânia, um relatório do Rabobank trouxe dados surpreendentes. Só para ilustrar, segundo o estudo, entre janeiro e outubro de 2021, a ureia teve um aumento de 150%, e o cloreto de potássio ficou 206% mais caro. Outras cartas do baralho Sempre que os bioinsumos entram na equação, a lavoura se beneficia, seja distribuindo os efeitos de seu uso para as plantas, as pessoas ou o planeta. Em síntese, eles trazem para o agronegócio benefícios diretos – uma área de cultivo saudável e produtiva –, implícitos – uma relação de equilíbrio com o meio ambiente – e indiretos – mais independência para o agricultor brasileiro. Tantas vantagens para a produtividade agrícola motivaram iniciativas que estimulam a adoção dos insumos biológicos. É o caso do Programa Nacional de Bioinsumos e de uma série de linhas de financiamento.  Como parte da rede que se criou em torno dos biológicos, a Agrivalle trouxe para o mercado produtos que alcançam excelentes resultados em lavouras de todo o Brasil, como bioestimulantes – Algon e do Raizer –, biofungicidas – Shocker e Twixx-A –  e bionematicida – Profix. 

Agrivalle Markets 11: October 2022

Outubro de 2022 marca o lançamento do nosso 11° resumo mensal com os fatos de destaque no agronegócio brasileiro e mundial no último mês começa trazendo a boa notícia da recuperação da economia brasileira! Em setembro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de -0,3%, o 3° mês seguido de deflação, o que pouco temos visto em outros países do mundo. Em 2022, o IPCA acumulado está 4,09% maior; e nos últimos doze meses, 7,17% superior, apesar de estar abaixo dos doze meses anteriores (era de 8,73%). Entre as nove categorias pesquisadas, o grupo de Transportes foi o que apresentou maior queda, de 1,98%; seguido da Comunicação (- 2,08%) e de Alimentação e Bebidas (- 0,51%). Nos alimentos, as principais quedas foram: leite longa vida (- 13,7%) e óleo de soja (- 6,27%). Do lado das altas, tivemos os Vestuários (+ 1,77%) e Despesas Pessoais (+ 0,95%) como os dois grupos de maior variação positiva. Em setembro, o índice de preços dos alimentos da FAO (Agencia das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) registrou a 6ª queda mensal consecutiva, com o indicador alcançando 136,3 pontos, 1,0% menor do que o registrado em agosto (137,9). Apesar da queda, os preços ainda seguem 5,5% maiores do que setembro do ano passado. O principal motivador da redução foi o óleo vegetal, que registrou retração de 6,6%. Já o açúcar, laticínio e carnes caíram 1 ponto percentual cada. Na outra ponta, os preços de cereais cresceram 1,5% no mês, motivados pela alta de 2,2% no trigo, graças às novas tensões ocorridas entre Rússia e Ucrânia, além da forte seca na Argentina e Estados Unidos. Estimativas da Conab para a safra 2022/23 No Brasil, a 1ª estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2022/23 de grãos, que iniciou há algumas semanas, a produção foi estimada em 312,4 milhões de t, 15,3% superior a produção de 2021/22 ou 41,4 milhões de t adicionais em apenas um ano! Entre os principais cultivos, a soja se destaca com o maior volume: serão 152,4 milhões de t, 21,3% superior. No milho, a oferta deve ser de 126,9 milhões de t (+ 12,5%), sendo que o cultivo em 1ª safra vai entregar 28,7 milhões de t (+ 14,6%), na safrinha serão 96,3 milhões de t (+ 12,4%) e na 3ª safra outros 1,9 milhão de t (- 8,5%). No algodão, a expectativa é de uma oferta de pluma em 2,92 milhões de t, crescimento de 14,7%. Já as culturas de inverno devem somar 11,2 milhões de t (+ 19,3%), puxadas especialmente pelo trigo que deve entregar 9,4 milhões de t (+ 21,9%); os altos preços do cereal e as incertezas no mercado global têm sido vistos de forma oportuna pelos agricultores brasileiros. Fica aqui, desde já, nossa torcida para que todos estes números se confirmem! Como de costume, todos os meses traremos aqui as próximas 11 estimativas, esperando validar o bom desempenho em setembro de 2023! Estimativas do USDA em outubro de 2022 Em nível global, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou suas novas estimativas para os grãos em 2022/23 indicando, em outubro de 2022, que o milho deve produzir 1,168 bilhão de t, redução de 0,3% em relação à estimativa de setembro; ou 4 milhões de t a menos. Os dois principais players que tiverem seus dados revisados foram: a União Europeia em função da forte seca nos países do continente, que viu a estimativa de produção cair de 58,8 milhões de t (setembro de 2022) para 56,2 (outubro de 2022); e os Estados Unidos, que tiveram a oferta reduzida de 354,2 para 352,9 milhões de t. Com este novo resultado, a produção global de milho deve ser 4,0% menor nesta safra do que a passada; são quase 50 milhões de t a menos. No Brasil, a estimativa de produção se mantém em 126 milhões de t. Estoques finais foram também revistos e estão agora indicados em 301,2 milhões de t, 2% inferior a 21/22. No caminho contrário, o USDA reviu para cima a estimativa da produção global de soja: de 389,8 (setembro de 2022) para 391 milhões de t (outubro de 2022), o que deve significar uma colheita 10% maior; ou 35,3 milhões de t adicionais da oleaginosa. No Brasil, principal produtor, a produção deve ser ainda maior do que o esperado e agora está prevista em 152 milhões de t (era 149 em setembro), aumento de 25 milhões de t em apenas uma safra (+ 19,7%). Nos Estados Unidos, a produção foi revista para baixo e está agora indicada em 117,4 milhões de t, 3,4% inferior ao do ciclo passado. Já os estoques finais da soja devem fechar 2022/23 com 100,5 milhões de t, alta de 8,8%. Comissão Europeia prevê queda na colheita de milho E no final de setembro, a Comissão Europeia reduziu a sua previsão para a colheita de milho nos países do bloco. Resultado da seca que afeta diversas regiões, a nova previsão indica uma produção de 55,5 milhões de t (a estimativa anterior era de 59,3 milhões de t), o menor valor em 15 anos! De acordo com a comissão, os dados se referem a reduções na Bulgária, Alemanha, Croácia, Hungria, Romênia e Eslováquia. Como consequência, as previsões para importações de milho pelo bloco foram elevadas para 21 milhões de t (antes 20); e as exportações foram reduzidas de 4 para 3,5 milhões de t. Soja De volta ao Brasil, no mercado nacional de soja, o processamento da oleaginosa deve ficar em torno de 49 milhões de toneladas em 2022, segundo estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). No ano passado, a moagem do grão somou 47,8 milhões de toneladas; ou seja, o crescimento neste ano deve ser de 2,5%. Em relação a produção, a entidade atualizou seus números indicando que foram produzidas 127 milhões de toneladas este ano (- 8,6%), enquanto que as importações passaram para 500 mil toneladas (- 42,1%). Já as exportações estão com a projeção mantida

Registration of bioinputs – regulatory framework for bioinputs and adjustments to legislation

Embora o registro de bioinsumos no Brasil seja rápido e eficaz, ainda faz falta uma legislação específica. O termo “bioinsumos” envolve um amplo conjunto de processos, origens e funcionalidades, por isso o entendimento sobre suas definições ainda permanece em construção. No Brasil, um conceito só foi adotado oficialmente a partir do lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos no ano de 2020, estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Devido a essa ampla gama de produtos e funções, os bioinsumos podem ser encaixados em diferentes regulamentações de acordo com a sua utilização.  Dessa forma, o MAPA, o IBAMA e a ANVISA otimizaram procedimentos para o registro de novos produtos biológicos, e hoje, esse registro não demora mais do que um ano para sair. O que existe é a necessidade de uma legislação específica por conta de várias incongruências na regulamentação dos insumos tradicionais que regem os bioinsumos. Ainda regulamentam o setor as leis generalistas de produtos diversos, como: insumos, fertilizantes, agroquímicos, sementes, produtos de uso veterinário, entre outros. Tais normas podem ser classificadas em três categorias: as que se relacionam aos biofertilizantes, aos produtos de controle biológico e aos produtos para uso animal.  Registro de bioinsumos – movimento ascendente Felizmente, o registro de bioinsumos vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos, e ocorre no Brasil de forma rápida e eficiente em comparação com outros países. Dados do Ministério da Agricultura apontam que de 1991 a 2021, 433 produtos biológicos foram registrados no País, 96 somente em 2020. Sabe-se, por exemplo, que a aprovação de um inoculante pelos órgãos regulatórios gira em torno de 4 a 5 meses. Já para um biodefensivo o tempo é de 7 meses a 1 ano. A velocidade de aprovação dos bioinsumos no Brasil pode ser comparada a dos Estados Unidos e do Canadá. Para termos de comparação, há países na Europa nos quais a regulamentação de biológicos leva cerca de 5 anos.   Na expectativa por legislações específicas Com a criação do Programa Nacional de Bioinsumos, espera-se que legislações voltadas exclusivamente aos biológicos sejam criadas, já que este tem como um de seus objetivos estabelecer um marco legal específico para tais produtos. No início de 2021, foi apresentado na câmara dos deputados o primeiro projeto de lei para a instituição de uma legislação direcionada especificamente aos bioinsumos, o PL 658. Já no final do ano passado, foi apresentado o projeto de lei de número 3.668 que dispõe sobre a produção, o registro, a comercialização, o uso, destino dos resíduos e embalagens, o registro, inspeção e fiscalização, a pesquisa e experimentação, e os incentivos à produção de bioinsumos para agricultura, com o objetivo de uso exclusivo nas propriedades rurais. Proposto pelo senado, esse PL também vem sendo discutido e pode se tornar a lei dos bioinsumos. A aprovação de projetos como esses promete uma melhor regulamentação do setor e a garantia da qualidade. Vale ressaltar que a promoção da biossegurança e um controle adequado no que diz respeito às questões fitossanitárias, é essencial para que o setor ganhe confiança no mercado nacional e internacional. Esses produtos, que já vêm crescendo fortemente nos últimos anos, devem ganhar ainda mais força com o aumento da eficiência regulatória. Vamos torcer para o desenvolvimento desse setor!   O texto Registro de bioinsumos – marco regulatório dos bioinsumos e adequações às legislações foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.   

Agribusiness Organizations

Organizações do agronegócio

Diversas organizações do agronegócio atuam para a promoção de ações coletivas tradicionalmente são de extrema importância para o setor de forma geral. Estas se constituem principalmente em associações, entidades de classe e cooperativas que têm como objetivo fortalecer suas companhias parceiras. Nesse contexto, há algumas instituições que merecem destaque no que se refere ao setor de bioinsumos.  Croplife Brasil – em prol da sustentabilidade A Croplife Brasil (CLB) é uma entidade formada por especialistas, empresas e instituições voltadas ao desenvolvimento de tecnologias associadas à produção agrícola sustentável. A instituição é dividida em quatro principais áreas: a de germoplasma (mudas e sementes), defensivos, biotecnologia e produtos biológicos. Fundada em 2019, ela foi formada por quatro associações independentes que existiam anteriormente voltadas a cada uma dessas áreas, sendo elas a Associação das Empresas de Biotecnologia na Agricultura e Agroindústria (AgroBio), a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio). A CLB tem como objetivo promover o crescimento do agronegócio no Brasil e a integração dos diversos segmentos da sociedade incentivando a utilização correta das tecnologias no campo e o crescimento da oferta de alimentos. Atualmente a CropLife Brasil tem aproximadamente 60 empresas associadas, dentre as quais estão as maiores do setor como a Agrivalle, uma das grandes produtoras de insumos biológicos do país. ANDAV – distribuição que integra o país Outra entidade importante entre as organizações do agronegócio é a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV). Tendo como missão representar e fortalecer os associados para a profissionalização e união do setor, desde 1990 vem atuando em diversas frentes, participando de debates e da instituição de políticas públicas e normativas para o fortalecimento dos distribuidores e da cadeia de produção.  Além disso, a ANDAV atua na capacitação de seus associados por meio do oferecimento de cursos, manuais, treinamentos, informativos e artigos técnicos. E, ainda, trabalha por uma forte promoção da sustentabilidade, oferecendo benefícios aos que adquirem seus produtos e serviços. AENDA – registro que traduz segurança Merece destaque também, a Associação Brasileira de Defensivos Pós-Patente, a AENDA. Desde 1986, a entidade atua no registro de defensivos. Ela serve como uma importante fonte de informação aos seus associados os ajudando no debate a respeito de soluções técnicas para seus produtos, fazendo com que estes sejam feitos prezando-se pela segurança da população.  A AENDA tem um de seus pilares focado em produtos biológicos e fitoquímicos, apoiando diversas empresas desta indústria. É por meio dela que os seus associados conseguem apoio em suas reivindicações junto aos órgãos governamentais. Além disso, ela se configura como um importante ponto focal de discussão a respeito de novas tecnologias e suas devidas regulamentações.  Mais organizações do agronegócio Existem outras importantes organizações do agronegócio, muitas trabalhando para o desenvolvimento dos produtos biológicos, como a Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) e as associações regionais relacionadas ao setor. Porém, para não ficar muito extenso vamos deixar para comentar sobre elas em uma outra oportunidade, por isso aconselhamos você, produtor, a não perder nenhum conteúdo por aqui! Estamos sempre trazendo as informações mais relevantes para esse setor que não para de crescer!   O texto Organizações do agronegócio foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.   Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. 

Bioinput financing lines – 4 options for acquisition or production

Linhas de financiamento de bioinsumos – 4 opções para aquisição ou produção

Quer saber quais são as linhas de financiamento de bioinsumos? Pois saiba que há vários instrumentos de crédito e fomento disponíveis para impulsionar este setor, tanto no que tange à aquisição de produtos para biocontrole como para sua fabricação.  Desde 2020, incentivos financeiros a ações de desenvolvimento sustentável no que diz respeito aos bioinsumos vêm sendo oferecidos por meio de programas governamentais com a criação do Programa Nacional dos Bioinsumos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A partir daí, diversas iniciativas continuam sendo fortalecidas e estão se tornando cada vez mais verdes com a liberação do Plano Safra ano após ano. Alternativas de linhas de financiamento de bioinsumos O Programa ABC que conta com o Pronaf ABC+ Bioeconomia, oferece financiamento a agricultores e produtores rurais familiares para investimento na utilização de tecnologias de energia renovável, tecnologias ambientais, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos, silvicultura e adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez e fertilidade do solo, visando sua recuperação e melhoramento da capacidade produtiva. É nesse contexto que ele disponibiliza linhas de crédito para projetos de construção ou ampliação de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes na propriedade rural, para uso próprio.  O Programa Inovagro financia a incorporação de inovações tecnológicas nas propriedades rurais – visando ao aumento da produtividade e melhoria de gestão – também oferece fomento via crédito rural nas modalidades de custeio para aquisição de bioinsumos ou investimento para montagem de biofábricas.  Já para as cooperativas, as linhas de crédito estão inseridas no Prodecoop (Programa de Desenvolvimento Cooperativo), com incentivos à aquisição de equipamentos para a produção de bioinsumos. Esses recursos são maiores e possibilitam a ampliação da participação de produtos dessa natureza a mais agricultores.  Ainda, é possível contar com a linha do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) denominada BNDES Agro, também operada pelos agentes financeiros que operam no crédito rural. Em 2021, o BNDES passou a permitir também que o setor de bioinsumos seja financiado por mais duas linhas de crédito que serão permanentes. A primeira delas é a BNDES Finem, que foca operações superiores a R$ 20 milhões. A segunda, é a BNDES Crédito Rural, que é voltada para produtores de pequeno porte, abrangendo inclusive pessoas físicas. Dessa forma, o BNDES passa a oferecer crédito de maneira estável para os bioinsumos, tornando permanente o incentivo em vez de deixá-lo limitado à execução do orçamento definido anualmente. Dessa forma, pode estimular a adoção de práticas cada vez mais sustentáveis no agronegócio brasileiro, o que vai contribuir para mitigar os impactos ambientais e ainda fortalecer nossa competitividade internacional. Além do efeito positivo para o meio ambiente, os bioinsumos podem contribuir para a diminuição da dependência do setor externo no fornecimento de fertilizantes, tendo em vista que o Brasil é um dos maiores importadores mundiais de produtos químicos, especialmente fertilizantes e defensivos agrícolas. Com novos programas e incentivos fica cada vez mais possível incorporá-los na propriedade, não é mesmo produtor?  Ninguém melhor que a Agrivalle para lhe oferecer o que há de mais inovador em tecnologia para a sua lavoura. Se eu fosse vocês, aproveitaria as oportunidades oferecidas pelas linhas de financiamento de bioinsumos e não deixaria de potencializar meus resultados e obter mais sucesso durante a jornada de produção!   O texto Linhas de financiamento de bioinsumos – aquisição e produção foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.   Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.   

Agrivalle Markets 12: November 2022

Novembro de 2022 marca um ano de parceria (12 edições) trazendo o resumo dos principais fatos do agronegócio e os pontos de acompanhamento para vocês, produtores e profissionais do setor. E vamos a mais uma coluna. Iniciamos destacando que, após um ciclo de três meses de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,59% em outubro; dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A categoria com maior alta foi a de “Vestuário” (+ 1,22%), mais a maior influência geral no índice veio pelo grupo “Alimentação e bebidas” (+ 0,72%).  O crescimento para os alimentos vem, especialmente, por conta da alimentação em domicílio (+ 0,8%), com destaque para alta nos preços da batata-inglesa (+ 23,36%) e do tomate (+ 17,63%). Na outra ponta, registraram queda o leite longa vida (- 6,3%), que já havia caído no mês passado, e o óleo de soja (- 2,85%), registrando a quinta redução seguida. Já as perspectivas para a economia brasileira foram apresentadas em novo boletim Focus/Bacen, do Banco Central do Brasil, de 14 de novembro de 2022. No relatório, o IPCA foi projetado para 5,82% ao término de 2022 (alta) e 4,94% ao final de 2023 (manutenção). Já o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,77% este ano (alta) e 0,7% no próximo (manutenção).  Em relação ao câmbio, as estimativas foram mantidas em R$ 5,20 para 2022 e também 2023. Por fim, a taxa Selic deve fechar 2022 em 13,75% e 2023 em 11,25%, os mesmos valores indicados no relatório anterior. O Índice de Preços de Alimentos da FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) fechou outubro em 135,9 pontos, pouco abaixo do valor registrado há um mês (136,3 pontos). Com o resultado, o indicador alcançou 23,8 pontos de diferença (para baixo) quando comparado com o pico de 2022, que foi em março. Apesar da melhora nos últimos meses, os preços ainda estão 2,7 pontos superiores aos registrados em outubro do ano passado.  Entre as categorias analisadas para o boletim de novembro de 2022, os preços de cereais apresentaram altas para praticamente todos os produtos: trigo com 3,2%; grãos grosseiros em 3,5%; o milho subiu 4,3%; e o sorgo fechou 3,0% mais alto. Já nas carnes, o índice caiu 1,4%, fechando o mês em 118,4 pontos; o destaque, nesse caso, é a baixa nos preços da proteína suína, graças às fracas compras globais (importações) e demanda estável em grandes consumidores no mês. Nova estimativa para a safra 2022/23 de grãos No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou a 2ª estimativa para a safra 2022/23 de grãos e, adivinhem: novo reajuste para cima! A produção total foi estimada em 313,0 milhões de t, um crescimento de 15,5% na comparação com o ciclo passado. Já a área deve ficar em torno de 76,8 milhões de há, 3,2% superior.  Entre as principais culturas, o grande destaque segue sendo a soja, que deve entregar 153,5 milhões de t (+ 22,3%) em uma área de 43,2 milhões de ha (+ 4,2%).  No milho, a área total deve ser de 22,3 milhões de ha (+ 3,4%) e oferta foi reestimada para 126,4 milhões de t (+ 12,0), sendo que 28,1 milhões de t serão produzidos em 1ª safra (22,2%) e 98,3 milhões de t em 2ª ou 3ª safras (77,8%).  No algodão, produção de pluma deverá somar 3,0 milhões de t (+ 16,9%) em uma área de 1m6 milhão de há (+ 2,6%). Por fim, vale novamente o destaque para as culturas de inverno que, juntas, deverão entregar 11,3 milhões de t, crescimento de 21,1%; destaque para o trigo com 9,5 milhões de t (+ 23,7%). As perspectivas são muito boas.  Vamos torcer para que o ritmo de plantio siga em nível satisfatório, como foi no último ano; para o que o regime de chuvas ajude os produtores; e para que as lavouras tenham um bom desenvolvimento. É hora de acompanhar tudo isso de perto! Progresso das operações no campo E falando em progresso das operações no campo, a Conab também divulgou atualizações sobre os avanços até 12 de novembro de 2022. No milho 1ª safra, 53,9% das lavouras já foram semeadas, contra 63,0% há um ano. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná, os 3 principais produtores, registram 82,0%, 52,0% e 93,0% de progresso, respectivamente.  Na soja, o plantio alcançou 66,0%, contra 77,5% em 12 de novembro de 2021, um leve atraso no comparativo anual. Nos três principais produtores da oleaginosa, o cenário é o seguinte: Mato Grosso alcança 97,4% das áreas plantadas; o Rio Grande do Sul está ainda com 18,0% (era 29,0% há um ano); e o Paraná registra 79,0% de progresso.  Outra cultura que está com atraso nas operações é o trigo. A colheita do cereal para 2022 está em 58,9%, contra 82,9% há um ano; este é o menor ritmo em 5 safras. Nos três estados da região sul, que concentram 90% da produção nacional de trigo, 43% das áreas já foram colhidas (média dos estados), sendo que, há um ano, o índice já estava em 78%. Nos demais estados, a colheita já foi finalizada. Ao término das operações, a Conab estima que a produção de trigo em 2022 deve somar 9,5 milhões de t, 24% maior do que a safra 2021. Apesar da alta, o USDA estima que o Brasil deve consumir 11,8 milhões de t do cereal até o final do ano, ou seja, um déficit de 2,3 milhões de t. Em relação às condições das lavouras, a Conab indica que boa parte dos grãos se encontra em condições ideais de pluviosidade, com algumas exceções: regiões sudoeste de São Paulo, triângulo mineiro e sul de Goiás, onde há registros de falta de chuvas. No milho 1ª safra, 73,4% das lavouras já se encontra em desenvolvimento vegetativo; 19,6% ainda em emergência; e 7,0% em floração. Na soja 80,6% dos campos estão em desenvolvimento vegetativo; 17,7% em emergência; e 1,6% em floração. Perspectivas para agro internacional em novembro de

The big numbers of the bioinput market in 2021

Os grandes números do mercado de bioinsumos em 2021

O mercado de bioinsumos vem tomando espaço cada vez maior na economia brasileira e global nos últimos anos e apresenta uma ótima perspectiva de crescimento. Os insumos biológicos apresentam inúmeras vantagens, seja para o produtor, para o solo ou para o consumidor. E esses atributos se refletem em alguns números expressivos. Em 2021, a movimentação com biológicos no Brasil girou em torno de R$ 3,0 bilhões, dos quais, forma: R$ 1,2 bilhão (40%) com bionematicidas; R$ 750 milhões com bioinseticidas (25%); R$ 660 milhões (22%) com inoculantes; e R$ 390 milhões (13%) com biofungidas. A estimativa, feita pela Markestrat com dados da ABCBio, indica ainda que o mercado (soma das quatro categorias) deve alcançar R$ 6,2 bilhões até 2025, com crescimento anual em torno de 20%. Outro dado interessante, da Spark Inteligencia, mostra que a receita gerada pelo mercado de biológicos alcançou R$ 1,7 bilhão na safra 2020/2021, um aumento de 37% na comparação com o ciclo anterior. De acordo com a instituição CropLife Brasil, a receita deve triplicar até 2030. No âmbito global, os bioinsumos tiveram um valor de mercado estimado em US$ 10,6 bilhões no ano de 2021, segundo dados da Research and Markets. A projeção estimada é de que esses números atinjam US$18,5 bilhões no ano de 2026, com um crescimento anual (CAGR) de 11,9% – contra um crescimento anual de 3,7% por parte dos insumos químicos. Se confirmada a projeção, o setor teria um crescimento de 74% em apenas quatros anos, na comparação com os valores atuais. Segurança jurídica para o mercado de bioinsumos Atualmente, discussões na Câmara dos Deputados estão sendo realizadas pela Frente Parlamentar Mista da Bioeconomia para melhorar a segurança jurídica de empresas e produtos do setor no Brasil. Segundo os parlamentares, a movimentação global com os bioinsumos pode alcançar US$ 11 bilhões a partir de 2025. O Brasil é o maior mercado dos insumos biológicos no mundo, com taxa anual de crescimento de 32% e movimentações em torno de R$ 3,5 bilhões. A tendência é de que o Brasil desponte ainda mais como referência global, pois segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a produção nacional de bioinsumos tem um crescimento anual de 30%, número maior se comparado com o resto do mundo, que apresenta um crescimento de 18%. Bioinsumos reduzindo custos  No que se refere a economia, a substituição dos produtos químicos “tradicionais” por insumos biológicos pode representar uma forma de diminuir custos para o produtor. O Mapa também indica que o uso de bioinsumos no controle biológico de pragas e inoculantes pode gerar uma economia de R$ 165 milhões por ano ao setor agrícola, apenas com o setor de produtos biológicos de controle.  Esse fato pode ser explicado pela forte presença de produtores brasileiros no mercado de bioinsumo – 97% dos insumos biológicos comercializados no Brasil são de fabricação nacional, gerando um gasto menor com transporte se comparado com insumos químicos importados. Em suma, boas perspectivas têm acompanhado o setor, mas existe uma agenda de muito trabalho nos próximos anos para que possamos alcançar estes resultados. Vamos ao trabalho, contribuindo com esta missão.   O texto Os grandes números do mercado de bioinsumos foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.   Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.