Números do Agro em Janeiro.

  Saiba o que acompanhar sobre o agro em fevereiro. Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em janeiro e o que acompanhar em fevereiro.  Na economia brasileira, com relação às expectativas econômicas para este e o próximo ano, o relatório Focus (Bacen) de 17 de janeiro trouxe expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 em 5,09%, e de 2023 em 3,4% Já para o PIB (Produto Interno Bruto), espera-se um crescimento de 0,29% neste ano e de 1,75% em 2023. Na taxa Selic, o mercado espera 11,75% ao final de 2022 e 8% ao final de 2023. No câmbio devemos ter R$ 5,60 ao final de 2022 e R$ 5,46 ao final de 2023. Alta de casos da variante Ômicron e como afeta o mercado: O início de janeiro ficou marcado pela volta no crescimento dos casos de covid-19 no Brasil, após a ocorrência em diversos países, com destaque para os da Europa. Economistas afirmam que a alta nos casos pode afetar as cadeias de produção global, possibilitando menor crescimento econômico e a possibilidade de aumento da inflação. Precisamos ficar de olho neste aspecto. Ver o tempo de duração desta onda e a gravidade das internações, torcendo para que seja rápida e não tão grave. Índice de preços de alimentos (FAO) No agro mundial e brasileiro, o índice de preços de alimentos da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) acumulou alta de 28,1% no ano de 2021, atingindo 133,7 pontos no final do mês de dezembro. O aumento foi generalizado considerando-se o intervalo de 12 meses: cereais aumentaram 27,2%; óleos bateram alta histórica de 65,8%; o açúcar subiu 29,8% alcançando o maior patamar desde 2016; já carnes e produtos lácteos tiveram os menores crescimentos, 12,7% e 16,9% respectivamente. Somando as variáveis dos preços dos insumos, pandemia global e condições climáticas instáveis, devemos carregar o problema da inflação dos alimentos por mais um ano. Efeito das fortes secas na produção de grãos No boletim de janeiro de 2022, a Companha Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a produção de grãos na safra 2021/22 deve ficar em 284,4 milhões de t; volume 2,3% menor que o estimado no relatório anterior ou 6,7 milhões de t a menos – efeito das fortes secas, que vamos comentar na sequência. Ainda assim, a produção total deve ficar 12,5% maior que a registrada no ciclo anterior. Já a área deve crescer 4,5% nesta safra, ficando em torno de 72,1 milhões de ha. Para a cultura da soja, a estimativa é de produção de 140,5 milhões de t (+2,3%) em uma área de 30,4 milhões de ha (+3,8%). No milho, a produção esperada é de 112,9 milhões de t (+29,7%), em uma área de 20,9 milhões de ha (+5,1%). O cereal é outra cultura que tem sido fortemente afetada pelo clima; vale lembrar que no relatório anterior, a estimativa era de 117,2 milhões de t. Por fim, o algodão deve entregar 2,71 milhões de t de pluma (+14,8%) em uma área estimada em 1,53 milhão de ha (+12,5%). Apesar de positivos, grande parte dos números foram revistos para baixo, devido aos eventos com o clima. Mudanças climáticas – principal desafio dos produtores brasileiros O clima é, em mais uma safra, o principal desafio dos produtores brasileiros. De um lado, o alto índice de chuvas em regiões do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), especialmente nos estados de Tocantins e da Bahia, tem prejudicado as lavouras por conta do excesso de umidade. De outro, no Mato Grosso do Sul e em outros estados do Sul do Brasil, a estiagem durou semanas e jogou pra baixo as estimativas de produção – ambos efeitos opostos do fenômeno La Niña. No Paraná, o governo do estado já indica uma produção de grãos 40% menor nesta safra verão por conta das secas; enquanto que no vale do São Francisco, onde o volume de chuvas em dezembro foi equivalente ao esperado para o ano todo, os prejuízos calculados já somam R$ 45 milhões aos produtores de uva e manga. Mais do que nunca, é hora de acompanhar estes eventos e entender como será o comportamento do mercado com as notícias do clima. Conab – Índices algodão e milho  Do lado das operações, a Conab aponta que até o dia 8 de janeiro, o plantio de algodão no Brasil alcançava 35,5% da área total, contra 31,4% na mesma data de 2021. Para a cultura do milho, o órgão indica o início da colheita, com progresso em 3,0% da área total, frente a 2,1% na mesma data de 2020/21; destaque para o Rio Grande do Sul que já alcança 13,0% de área colhida. Até o momento, a Conab não aponta números para a colheita da soja, que em muitas regiões segue aguardando uma pausa nas chuvas e a redução na umidade dos grãos para início das operações. Vale lembrar que o atraso na colheita da leguminosa pode comprometer o desempenho da 2ª safra de milho, como vimos no ciclo passado. Índices Nacionais e Internacionais das principais culturas  Em âmbito internacional, o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) relativo à safra global 2021/22 reestimou a produção de milho em 1.206,9 milhões de t; 0,1% menor que o valor do mês anterior, mas 7,5% maior que a oferta da safra passada. A redução neste mês se deu especialmente pela revisão na oferta dos seguintes países: no Brasil, a produção foi de 118,0 (dezembro) para 115,0 milhões de t (-2,5%); na Argentina, de 54,5 para 54 milhões de t (-0,9%); e na União Europeia de 70,4 milhões de t para 69,9 (-0,5%). Na China, a estimativa de produção do cereal foi mantida em 272,5 milhões de t; e nos EUA o dado foi revisto para cima, agora em 383,9 milhões de t (+0,3%). Já os estoques globais do milho foram estimados em 303,0 milhões de t, alta de 3,7% em comparação com o ciclo 2020/21. Na soja, a produção global também foi reajustada

O Que Acompanhar no Agro em Dezembro?

Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em novembro e a lista do que acompanhar em dezembro. Na economia brasileira seguimos com deterioração do cenário econômico, considerando os principais indicadores. O relatório Focus do Banco Central do Brasil (Bacen) de 16 de novembro trouxe expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2021 em 9,77%, e de 2022 em 4,79%. Já para o PIB (Produto Interno Bruto), espera-se um crescimento de 4,88% neste ano e de 0,93% em 2022. Para taxa Selic, o mercado espera 9,25% e 11,0%, respectivamente, e no câmbio, R$ 5,50 no final de 2021 e no final do próximo ano. Inflação de volta, juros altos, câmbio excessivamente desvalorizado e crescimento econômico bem mais fraco.  Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio), o comércio global de mercadorias está desacelerando neste final de ano. Os cálculos do barômetro (mecanismo que mostra em tempo real a trajetória do comércio mundial) apontam valores de 99,5, contra 110,4 em agosto; lembrando que quando o valor está acima de 100, temos um crescimento acima da tendência esperada. Na conjuntura atual, o índice de componentes eletrônicos está em 99,6; o de transporte em contêineres em 100,3; o de matérias-primas em 100,00; e o de frete aéreo em 106,1 (único que permaneceu de forma relevante acima da tendência). Mas as perspectivas para a economia mundial no ano que vem se mantêm ao redor de 4,7%, o que é um bom número. Foi um mês de piora nos indicadores.  No agro mundial e brasileiro, nas estimativas de novembro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para safra global 2021/22, a produção de milho nos EUA foi revista de 381,5 (relatório anterior) para 382,6 milhões de t (+0,3%). A produção na União Europeia também foi acrescida, saindo de 66,3 milhões de t para 67,9 milhões de t (+2,4%). A Argentina de 53,0 para 54,5 milhões de t (+2,8%). Brasil e China tiverem seus números mantidos em 118 e 273 milhões de t, respectivamente. Com isso, a produção global do cereal deve ficar em 1.204,62 milhões de t; 7,6% maior que 2020/21. As estimativas para os estoques globais do milho estão em 304,4 milhões de t, um crescimento de 4,3% em relação ao ciclo passado. Na soja, o relatório de novembro indicou uma produção pouco menor nos EUA: de 121,05 milhões de t do relatório passado, para 120,4 milhões de t na nova previsão (-0,5%). A produção na Argentina também foi reduzida para 49,5 milhões de t (-2,9%); era de 51,0 milhões de t em outubro. No Brasil, a produção foi mantida em 144 milhões de t, alta de 4,3% em relação à 2020/21. Como resultado, a oferta global da oleaginosa deve ser de 384,01 milhões de t em 2021/22, crescimento de 4,8% em relação ao ciclo passado. Já os estoques finais devem ficar em 103,8 milhões de t, também acima da safra passada, em 3,7%. Ou seja, milho e soja vem vindo com bons crescimentos em relação à safra anterior. No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de grãos da safra 2021/22 irá atingir 289,8 milhões de t, um incrível crescimento de 14,8% frente à temporada passada. Se tudo correr bem, teremos 37 milhões de t de grãos a mais. O salto na área produtiva também é impressionante, de 69 milhões de hectares na safra 2020/21 para quase 71,85 milhões nesta (+4,1%). Na cultura da soja, a produção deve totalizar recorde de 142 milhões de t (+3,4%), em uma área cultivada de 40,3 milhões de hectares (+3,5%). Já no milho, a primeira safra está estimada em 28,6 milhões de t (+15,7%), alcançando área cultivada de 4,35 milhões de hectares (+2,5%). No acumulado das três safras do cereal, projeta-se um crescimento de 15,7% no volume colhido, chegando a 116,7 milhões de t. Finalmente no algodão, espera-se uma produção de pluma 12,6% superior, somando 2,65 milhões de t, em consequência do aumento da área de plantio em 9,3%, que ficou em 1,5 milhão de hectares. Expectativas são altas para a consolidação de uma supersafra! Também segundo a Conab, até o final da primeira semana de novembro, 67,3% das áreas de soja no Brasil já haviam sido semeadas; contra 55,1% no mesmo período do ciclo 2020/21. O Mato Grosso, principal produtor da oleaginosa, é o estado com maiores avanços até aqui, com 96,0% do plantio já concluído. No milho verão, o progresso era de 54,4%, pouco acima dos 53,1% registrados na mesma data de 2020/21. O Paraná lidera os avanços, com 98,0% das áreas já plantadas com o cereal. Em outubro, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 8,84 bilhões, valor recorde para o mês (mais uma vez!), crescimento 10,0% em relação ao mesmo mês de 2020. Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a elevação nas receitas foi resultado de alta de 25,8% nos preços dos produtos, já que que os volumes caíram 12,5% no comparativo mensal. No top 5 dos produtos que mais arrecadaram, temos: na liderança, o complexo soja com US$ 2,47 bilhões (+75,7%), dos quais a soja em grão representou 70% (US$ 1,51 bilhão); na segunda posição estão as carnes, que exportaram US$ 1,51 bilhão (+3,6%), sendo que a carne de frango foi a fonte com maior participação, de 46,2% (a bovina, por sua vez, registrou queda de 31,6%, impacto das restrições nas importações da China); em terceiro, ficaram os produtos florestais, com US$ 1,20 bilhão (+17,3%); na quarta colocação aparece o complexo sucroalcooleiro, com vendas em US$ 910,9 milhões (-30,0%), setor que apresentou redução significativa nos embarques, especialmente pela queda de 28,6% nas vendas do açúcar; e fechando o top 5, em quinto, temos o café, que exportou US$ 606,7 milhões (+18,9%). As importações, por sua vez, somaram US$ 1,4 bilhão em outubro, crescimento de 16,7% em comparação com o mesmo mês de 2020. Como resultado, o agro brasileiro entregou um saldo positivo de US$ 7,44 bilhões (+8,8%). No acumulado de 2021 (janeiro – outubro), as exportações do agro brasileiro