Tudo o que você precisa saber sobre a safra de algodão 2021/2022

No final de junho, as estimativas para colheita da safra de algodão 2021/2022 foram atualizadas pela Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão). Tomando como base o ciclo anterior, a indicação é de um crescimento de 10,8%. De fato, abaixo da previsão inicial da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que, aliás, também atualizou seus dados. As estimativas da Companhia apontavam 7,4% de área colhida até dia 25/06, indicando maior avanço no processo em relação ao mesmo período da safra de algodão de 2020/2021. A queda na previsão de crescimento, no entanto, não interfere nos números da produção na atual safra, que se mantêm positivos. A faceta negativa das previsões têm origem bem óbvia: o clima. Sem dúvida, as incertezas climáticas estão desafiando a cultura do algodão, assim como tantas outras. Os efeitos das oscilações entre secas extremas e chuvas excessivas podem ser vistos em áreas de cultivo por todo o Brasil. Portanto é fácil entender a atribuição que vem sendo feita ao aumento da área de cultivo de algodão – que gira em torno de 16,8% – para justificar o incremento na safra 2021/2022 – estimada, até o momento, em 2.609 mil toneladas. Para dar vazão à produção, os cultivadores contam com a demanda positiva que o mercado vem apresentando para o algodão brasileiro, bem como com os ótimos preços que vêm sendo praticados. Tanto que, em maio de 2022, em comparação a maio de 2021, as exportações da pluma atingiram uma alta de 30%. Assim, mesmo com a queda na projeção decorrente dos problemas climáticos, a safra de algodão 2021/2022 deve ser bem rentável. De olho na próxima safra de algodão Apesar de uma composição de fatores ter levado a um cenário positivo na atual safra de algodão, os cultivadores estão bem cientes de que precisam se preparar para o próximo ciclo. Com efeito, o que os dados nos mostram é uma visão geral. Entretanto, ao particularizar as experiências vividas na cotonicultura no último ano, os prejuízos causados pelas intempéries climáticas ficam evidentes. Segundo a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), por exemplo, o clima é o responsável por uma redução na ordem de 12% na previsão inicial para a safra de algodão 2021/2022 na Bahia. Note que estamos falando do estado que ocupa a segunda posição no ranking de produção nacional da cultura. Se em solo baiano os desafios foram trazidos pela seca, uma dificuldade já conhecida na região, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul a produção foi afetada por geadas inéditas. A lição que tiramos disso é que, além de intensificar os cuidados com o meio ambiente, precisamos nos cercar de precauções a fim de reduzir os impactos que as alterações no regime climático podem trazer para a próxima safra de algodão. Nesse sentido, os insumos biológicos são parte de um mix de soluções que não só protegem o cultivo algodoeiro como viabilizam uma prática mais amigável da agricultura. Os bioinsumos na cultura do algodão Embora a maior parte dos bioinsumos produzidos no Brasil seja aplicada nas culturas de soja, cana e café, eles vêm sendo cada vez mais utilizados no controle de pragas que prejudicam o plantio de algodão. Os bons resultados já podem ser vistos em diversas regiões. Um exemplo é Minas Gerais, onde a safra de algodão de 2021/2022 ocupa uma área de 25 mil hectares. O estado é uma referência em controle biológico no cultivo da fibra. Manejando bioinsumos de forma estratégica, os cultivadores mineiros desenvolveram um sistema de produção bastante sustentável. Com isso, eles alcançaram uma redução no uso de agroquímicos, além de outros benefícios. O destaque fica por conta da produtividade, da saúde do solo e do algodão que cresce nele, uma pluma de qualidade superior, excelente para a indústria têxtil. Lançando um olhar mais amplo, que vai além da lavoura, é possível observar impactos positivos no ecossistema como um todo, inclusive com o aumento no número de polinizadores – principalmente abelhas – bem como na população de inimigos naturais de pragas prejudiciais à safra de algodão. É exatamente este o raciocínio por trás dos bioinsumos. Eles são desenvolvidos a partir do estudo das relações entre diferentes organismos presentes no solo a fim de aproveitar da melhor forma as interações na biota. Na Agrivalle, nos referimos a isso como vida gerando vida. Este conceito sustenta toda a pesquisa que desenvolvemos na criação de insumos para controle biológico.
Programa Nacional de Bioinsumos: o que é e qual a sua importância?

O Programa Nacional de Bioinsumos (PNB) foi lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2020 para explorar o enorme potencial da biodiversidade brasileira e reduzir a dependência dos insumos sintéticos (resultados da extração mineral e/ou processos químico-industriais) do mercado internacional. O programa tem como principal objetivo ampliar e fortalecer o uso dos bioinsumos no Brasil, a fim de contribuir com o desenvolvimento sustentável e beneficiar o setor agropecuário, aumentando a oferta de matérias-primas (e insumos) produtivos, ao passo em que se promove um desenvolvimento sustentável do setor. Eixos temáticos do Programa Nacional de Bioinsumos A iniciativa possui diversos eixos para englobar a amplitude do universo dos bioinsumos. No âmbito de produção vegetal (1), e/ou agrícola (plantas), ela se estende para aplicações com produtos fitossanitários para controle de pragas e doenças (defensivos fitossanitários); soluções para fertilidade do solo, nutrição e tolerância de plantas a condições ambientais; e manejo de espécies vegetais. Mas também abrange o uso em sistemas de produção animal (2), abrindo leque para produtos veterinários; para alimentação animal; produção aquícola e manejo de animais. E como última vertente, a pós-colheita e processamento de produtos de origem animal ou vegetal (3). Programa Nacional de Bioinsumos – meios e fins Por meio de um conjunto estratégico de ações para o desenvolvimento de alternativas para a produção agrícola, pecuária e aquícola, considerando dimensões econômicas, sociais, produtivas e ambientais, o Programa Nacional de Bioinsumos (PNB) procura estimular a adoção de ativos sustentáveis baseados no uso de tecnologias, produtos e processos desenvolvidos a partir de recursos renováveis, por meio da ação integrada dos setores de ciência, tecnologia e inovação, produção e o mercado. Uma diretriz fundamental que o plano visa é propor um marco regulatório que fomente o uso e produção de bioinsumos, impulsionando pesquisa, inovação e desenvolvimento de novas tecnologias, produtos, serviços, informações e conhecimento ao setor como um todo, tendo em vista que as questões regulatórias são atualmente um dos principais desafios para seu desenvolvimento. O programa também contribui na elaboração de normas para a instalação de biofábricas que irão otimizar o registro dos produtos, processo essencial para garantir a segurança na fabricação destes produtos, bem como o controle de qualidade necessário aos processos de multiplicação; além de estimular o financiamento através da oferta de crédito e outras vantagens econômicas. Sem contar, no estímulo à capacitação técnica e a criação de outras novas iniciativas estaduais e municipais para impulsionar o crescimento do setor. Como consequência do fortalecimento da cadeia de bioinsumos, objetiva-se a geração de renda para o país, novos empregos e maior qualidade de vida tanto para o produtor quanto para o consumidor. Espera-se ainda melhorar o posicionamento do Brasil como grande fornecedor global sustentável de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos, mostrando seu modelo inovador de produção, o qual limita os prejuízos ao ambiente e possibilita uma produção mais eficiente e com menos impactos ao planeja. A política foi feita para acolher produtores de todos os tamanhos, desde orgânicos até convencionais, trazendo benefícios econômicos, ambientais e colocando o sistema de produção de alimentos inserido na bioeconomia, tão almejada nos dias de hoje. O Programa Nacional de Bioinsumos é um passo essencial para fortalecimento do setor, especialmente neste momento de crescimento expressivo e abertura de grandes oportunidades; ainda que existam aspectos a serem aperfeiçoados ao longo do tempo. Os bioinsumos vem como grande complemento aos insumos tradicionais, viabilizando um manejo integrado e melhores resultados no campo. Acompanhado do crescimento relevante do interesse (e uso) destes produtos pelos agricultores, nos alegra saber que já existem planos (políticos e/ou organizacionais) que visem o estímulo e ampliação de seu uso. Boas alternativas ao Brasil e ao futuro do agro brasileiro! O texto Programa Nacional de Bioinsumos: o que é e qual a sua importância? foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Bioeconomia e bioinsumos: a ciência do futuro está aqui!

O conceito de bioeconomia ainda é um tema de debate. A opção mais amplamente aceita defende a ideia de que se trata de um modelo econômico baseado no uso e conservação de recursos biológicos para a produção e conversão em soluções que possam ser utilizadas nas mais diversas atividades que permeiam a sociedade. Além disso, esse termo contém grandes expectativas em cima do seu potencial para liderar o caminho do desenvolvimento sustentável, por abordar a necessidade de transição cada vez maior para insumos renováveis de fontes biológicas nos processos produtivos. O modelo produtivo da bioeconomia propõe a manutenção da infraestrutura natural do ambiente para viabilizar o processo econômico de maneira constante no atual e contínuo contexto de crescimento da população mundial, em virtude de oferecer inovações tecnológicas que auxiliam no equilíbrio do ecossistema, possibilitando extrair benefícios da natureza, de forma responsável, sem esgotá-la, e prezando pela reposição natural. A transformação para uma economia circular e de baixo carbono, com soluções baseadas em bioinovação, tem todas as características para suprir a demanda do uso de recursos naturais, energéticos e de terra, que o futuro exige. É notável ressaltar que a bioeconomia pode ser parte da solução para os grandes desafios do século 21, baseando-se em princípios de sustentabilidade, renovabilidade, circularidade e de consumo responsável, ascendendo uma sociedade mais ética, próspera e preocupada com o meio-ambiente, para que possamos viver em harmonia com a natureza. A bioeconomia visa, em seu cerne, lançar um novo paradigma econômico sustentável que impulsione a criação ou o desenvolvimento de cadeias de valor inovadoras, ao mesmo tempo em que protege o meio-ambiente. Com isso em vista, avanços em ciências biológicas, objetivos para mitigação de mudanças climáticas, desenvolvimento rural e melhor aproveitamento da biodiversidade são importantes fatores para que esse modelo possa ser colocado em prática. A bioeconomia no agronegócio Os bioinsumos, por sua vez, estão contemplados em todos esses aspectos! O conjunto de componentes vivos, comunidades e microrganismos multifuncionais são extremamente importantes para a saúde do ecossistema e impactam diretamente em resultados. A interação entre a microbiota e o sistema de produção promove serviços essenciais como a nutrição, a reestruturação física do solo e a redução de doenças, que possuem efeito crescente no aumento da produtividade, além de possibilitar a redução no uso de fertilizantes sintéticos, resistência a patógenos, dentre outros. A obtenção de conhecimento atrelado a pesquisas científicas no setor dos biológicos está intimamente ligada ao desenvolvimento de novas tecnologias que têm o potencial de auxiliar o manejo agrícola – ou de diversos outros setores – para que as atividades sejam otimizadas em termos de produção e proteção, adicionando eficiência ao sistema como um todo e assim, consequentemente, o tornando mais sustentável por meio da capacidade de regeneração daquilo que já foi consumido. No âmbito das cadeias do agronegócio, a bioeconomia é um modelo de grande valor, dado às múltiplas possibilidades de integração entre atividades produtivas, a geração de coprodutos, o reaproveitamento de recursos e, principalmente, o uso de recursos naturais – como os biológicos – para viabilizar a produção de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos, ao passo em que se reduz o uso de recursos finitos e/ou naturais. Nem precisamos dizer o quanto os bioinsumos contribuem neste processo! O texto Bioeconomia e bioinsumos: a ciência do futuro está aqui! foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
3 sistemas de cultivo – diferenças entre agrofloresta, cultivo orgânico e sistema regenerativo

Os diversos tipos de sistemas de cultivo possuem grande impacto nos resultados do campo e nos efeitos gerados ao planeta. Por isso, é muito importante estar atento às tendências de produção de alimentos que, atualmente, estão muito ligadas a qualidade, produtividade, rentabilidade e preocupação com o meio-ambiente. Neste artigo, trazemos as diferenças entre três sistemas de cultivo: agrofloresta, cultivo orgânico e sistema regenerativo. Entre vários outros, eles se destacam por reunir características bastante coerentes com as tendências que citamos acima. Agrofloresta – lavoura e floresta num só lugar O termo agrofloresta ou sistema agroflorestal (SAF) é um modelo agrícola que consegue associar a produção de cultivos agrícolas com espécies florestais. Dessa forma, os recursos naturais são conservados e, portanto, contribuem diretamente para o cultivo e manejo de diversos produtos, por impulsionar a qualidade do solo. As práticas adotadas vão desde a redução do uso de insumos de origem sintética e industrial até rotação de culturas, plantio direto e adubação verde. Cultivo orgânico – processos biológicos como base Já o cultivo orgânico pode ser definido como um processo produtivo que não utiliza adubação ou defensivos químicos, nem organismos geneticamente modificados, sendo voltado a prática de culturas baseadas em processos biológicos naturais. Essa técnica engloba a adubação natural, compostagem, minhocultura e policultura. Contudo, a produção fica sujeita aos riscos do ambiente como pragas e doenças, efeitos do clima, entre outros. Por conta disso, a produção tende a ser menor e mais demorada, demanda maior mão-de-obra e, consequentemente, os produtos acabam sendo mais caros. Sistema regenerativo – proteção e restauração do ecossistema O sistema regenerativo remete a adoção de práticas que vão além do orgânico e da sustentabilidade. Ele emprega práticas que protegem e restauram o ecossistema, uma vez que busca diminuir o uso de fertilizantes minerais tradicionais e defensivos químicos e se distanciar da prática da monocultura, ao mesmo tempo em que visa aumentar a biodiversidade e a captura de carbono pelo solo. Esse tipo de agricultura coloca em evidência os microorganismos presentes no solo, uma vez que o reestabelecimento e ampliação dessa microbiota ajuda a promover a manutenção do equilíbrio no sistema. Bioinsumos – um pilar entre sistemas de cultivo sustentáveis A utilização de bioinsumos no geral, pode ser um grande pilar de todas essas práticas, auxiliando no combate a pragas e doenças, aumentando a fertilidade do solo e melhorando a disponibilidade de nutrientes para as plantas com produtos pouco ou até mesmo atóxicos e biodegradáveis. Esses e todos os outros sistemas de cultivo estão inseridos em um contexto de construção de um novo paradigma, que concilia a produção de alimentos com a recuperação de áreas degradadas pelo uso humano, trazendo benefícios econômicos para o produtor e ecológicos para o ambiente. É notável e crescente a preocupação da sociedade atual com as condições ambientais do nosso planeta. A adoção de sistemas de cultivo que protegem e revitalizam o ecossistema será colocada em evidência cada vez mais, e tais práticas aliadas ao uso dos bioinsumos possibilitam continuar consolidando o Brasil como referência global em agricultura ambientalmente correta para seguir com a missão de ser o fornecedor mundial sustentável de alimentos, bienergia e outros agroprodutos. O texto “3 sistemas de cultivo – diferenças entre agrofloresta, cultivo orgânico e sistema regenerativo” foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Sistemas regenerativos – 5 princípios

Há uma grande necessidade de transformação em torno dos sistemas de produção alimentares para que as metas de sustentabilidade do planeta sejam atingidas. Tais mudanças caminham em conjunto com os princípios de sistemas regenerativos, que possuem o compromisso de melhorar os resultados produtivos, ecológicos e sociais. Esse conceito tem sido bastante aceito nos últimos anos em virtude do aumento da conscientização sobre os impactos da ação do homem no planeta e as mudanças climáticas. As práticas integradas a serem adotadas trazem medidas para aumentar a saúde do solo, sequestrar carbono da atmosfera, manter a qualidade da água, conservar e expandir a biodiversidade e melhorar a qualidade de vida. Por isso, caro produtor, iremos tratar nesse artigo sobre os cinco princípios dos sistemas regenerativos de produção! Solo O primeiro não poderia deixar de ser o solo, a base da produção agropecuária. Ele é cheio de organismos vivos que ajudam a liberar nutrientes que as plantas necessitam para se desenvolver, e precisa ser manejado de forma a manter e restaurar a microbiota a fim de continuar saudável e fértil para as plantas. Alguns exemplos de práticas que ajudam esse processo podem ser: cobertura de solo durante o ano todo, para evitar que ele sofra degradação e erosão; manter forragem e material de pastagem; plantio direto para diminuir perturbações; redução de fertilizantes químicos e pesticidas; preservação das raízes vivas das culturas perenes e utilizar espécies arbóreas. Meio-ambiente Como segundo princípio dos sistemas regenerativos temos o meio-ambiente, uma vez que suas condições desenham o cenário em que qualquer prática produtiva seja desenvolvida. É importante fazer o reflorestamento de área desmatadas; restaurar as pastagens degradadas; manter a matéria orgânica acumulada no solo para, consequentemente, o sistema se encarregar de sequestrar e armazenar carbono. Água Para o princípio número três, podemos evidenciar a água, recurso esse vital para a geração e continuidade da vida. As práticas do sistema regenerativo possibilitam o aumento da percolação e retenção de água no solo, além de melhorar sua qualidade e disponibilidade. Diminuir o uso de fertilizantes e defensivos químicos e manejar a matéria orgânica no solo auxiliam nesse processo mantendo a umidade e criando um microclima favorável para o crescimento das culturas. Biodiversidade Partindo para o quarto ponto entre os princípio dos sistemas regenerativos, falaremos sobre a biodiversidade, a qual vem sendo negligenciada nos últimos anos. Porém, o sistema pautado na regeneração parte de uma natureza retributiva, que visa compensar os danos do passado e dedicar recursos que restaurem esse pilar tão importante para a produção. Isso pode ser feito pela diversificação nas culturas cultivadas; integrar diferentes sistemas de produção em uma mesma área – como por exemplo a agrofloresta, silvipastoreio e agrossilvipastoril; e a rotação ou sucessão de culturas. Socioeconomia Por último, mas não menos importante, trataremos do pilar socioeconômico, já que esses sistemas abrangem muito mais do que somente práticas agrícolas. Uma vez que, para implementar e colocar em prática todos os aspectos da regeneração, é preciso combinar a restauração ecológica com reformas e justiça social para garantir que as pessoas sejam capacitadas para reconstruir e desenvolver estratégias adaptativas baseadas no conhecimento ambiental. Bioinsumos nos sistemas regenerativos Nesse contexto, os bioinsumos propiciam o avanço dos sistemas regenerativos de produção, que pretende proteger as áreas produtivas e restaurar os habitats que fornecem os alimentos para toda a população do planeta. Esse modelo de produção pode atingir cenários com ganhos para todos os lados: aumentando os lucros na fazenda, entregando alimentos com segurança aos consumidores e melhorando as condições ambientais. O que você está esperando para incorporá-los na sua propriedade? O texto “Sistemas regenerativos – 5 princípios” foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Por que trabalhar com bioinsumos?

Trabalhar com bioinsumos é a opção de um número crescente de agricultores. Mas o que estaria impulsionando o interesse por esse tipo de produto? Afinal, eles já estão em uso há muito tempo – com efeito, compõem a gênese da atividade de cultivo da terra. Portanto, por que a alavancagem nesse momento?Decerto, a intensificação dos investimentos em pesquisas na área tem uma forte relação com isso. Realmente, é inegável que nosso conhecimento sobre os insumos biológicos se ampliou bastante nos últimos anos. Lições para trabalhar com bioinsumos Antes de tudo, bioinsumos, como o nome diz, são insumos produzidos a partir de matéria orgânica, eventualmente, viva.Sendo compostos por microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais, eles acabam agindo de maneira mais harmônica com a plantação. De fato, sua ação não é diferente das dinâmicas que já existem na natureza – aliás, aí está o ponto de partida do desenvolvimento desse tipo de produto.Para criá-los, os pesquisadores consideram as relações ecológicas presentes no ecossistema. Em outras palavras, observam como os elementos em questão se comportam em dadas circunstâncias e, dessa forma, chegam a soluções sustentáveis para lidar com desafios comuns na agricultura.Programa Nacional de Bioinsumos. As vantagens de tal opção vão além do interesse em soluções sustentáveis, sendo apoiada por melhora na produtividade e na satisfação do cliente final. O que os números dizem sobre trabalhar com bioinsumos Seja a partir da constatação prática ou de resultados de pesquisas, o fato é que os dados indicam que trabalhar com bioinsumos é altamente promissor. Não à toa, uma pesquisa da Embrapa aponta que cerca de 95% dos agricultores acreditam no crescimento do mercado de produtos biológicos, tal confiança é creditada, principalmente, a sua contribuição para a sustentabilidade, produtividade e economia.Outras fontes revelam que, na safra 2020/2021, o mercado de bioinsumos registrou uma alta de 46% em relação ao volume comercializado na safra anterior. Andando um pouco mais para trás, a Spark Inteligência Estratégica constatou que, entre as safras 2018/2019 e 2020/2021, o mercado de insumos biológicos cresceu 40% ao ano.Sem dúvida, são números surpreendentes, contudo, estão longe de sintetizar os motivos para o crescente interesse dos agricultores por trabalhar com bioinsumos. Benefícios de trabalhar com bioinsumos Geralmente, quando um produto recebe uma adesão tão consistente, a justificativa não se resume a números. Ao contrário, eles nada mais são que consequência de um mix de necessidades de mercado atendidas. Para quem já começou a trabalhar com bioinsumos há algum tempo, é possível identificar vantagens particulares, já que, quando optamos por esse tipo de produto, podemos criar composições praticamente customizadas para fins específicos. Mas, mesmo quando olhamos para os biológicos de forma ampla, podemos identificar uma série de vantagens que atendem agricultores de maneira geral, e elas vão de segurança a questões econômicas. Custo As vantagens econômicas de trabalhar como bioinsumos se desenham a partir de vários elementos da composição de custos de uma lavoura: menor custo de produção: a vantagem financeira dos bioinsumos aparecem antes mesmo do produto chegar às prateleiras, pois seu desenvolvimento é muito mais barato que o de um químico, o que se reflete no preço final.redução dos custos em moedas internacionais: muitos dos fertilizantes e defensivos químicos usados no Brasil são importados, ou seja, variam de acordo com o câmbio, principalmente, do dólar. No caso dos insumos biológicos, em contrapartida, temos excelentes opções com produção nacional. Assim, mesmo sem abrir mão dos químicos, o produtor consegue reduzir significativamente o consumo de insumos importados em um programa de aplicação associada.ganhos com ação indireta: às vezes, ao trabalhar com bioinsumos para sanar um problema identifica-se um reflexo positivo em outro. Um produto para biocontrole de um patógeno, por exemplo, pode melhorar a nutrição da planta. Só para ilustrar de maneira mais específica, veja o que acontece no uso de inoculantes, um bioinsumo que usa bactérias para ajudar na fixação de nitrogênio. Acontece que a muitas dessas bactérias têm a capacidade de produzir hormônios de crescimento das plantas, substâncias que acabam por estimular o aumento da densidade de pelos radiculares, da taxa de aparecimento de raízes secundárias e da superfície radicular, melhorando, assim, a absorção de nutrientes e de água. Diante dessa reação em cadeia, a planta é beneficiada com maior capacidade produtiva, além de mais resistência a desafios ambientais. Segurança e saúde Por serem produzidos com microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais, os insumos biológicos são biodegradáveis. Isso se traduz numa significativa queda nos riscos da atividade agrícola. Além da questão do meio ambiente, trabalhar com bioinsumos traz avanços para a segurança do agricultor e do consumidor. Afinal, trata-se de um tipo de produto com baixíssima toxicidade, cujos resíduos não trazem prejuízos ao solo, aos alimentos ou à saúde de quem os consome. Equilíbrio ambiental Trabalhar com bioinsumos, com certeza, é uma forma de contribuir com o meio ambiente, afinal os impactos são muito menores quando aplicamos produtos naturais à terra. Nesse caso, ainda temos a vantagem de produtos em que parte considerável do desenvolvimento leva em conta a relação que os elementos envolvidos têm entre si e com o ecossistema. Desse modo, eles usam as dinâmicas da natureza de maneira estratégica a fim de preservá-la, fazendo com que, por exemplo, o carbono gerado na produção agrícola não se perca, indo para a atmosfera. Da mesma forma, vários dos resíduos gerados na produção acabam sendo consumidos pelos microrganismos presentes no agroecossistema. A redução no consumo de água é outra consequência que observamos ao trabalhar com bioinsumos. Como eles contribuem com a estruturação do solo, melhorando a saúde da biota e a nutrição das plantas, as raízes se fixam e se desenvolvem de um modo que contribui com o aproveitamento tanto da água como dos nutrientes da terra. De novo, um efeito em cadeia, dessa vez, refletindo na redução da necessidade hídrica. Manejo integrado Trabalhar com bioinsumos não implica em abandonar os insumos químicos para sempre. De fato, ainda há situações onde soluções biológicas não são as mais adequadas. Assim sendo, a utilização de biológicos pode compor um manejo integrado. Mentalidade preventiva Resumidamente, as vantagens de trabalhar com bioinsumos
Desafios da cultura da cana de açúcar – um combate sistêmico

A cultura da cana de açúcar tem enfrentado desafios em diversas frentes nos últimos anos. De fato, a habilidade dos agricultores vem sendo colocada em cheque num ritmo alucinante.Enquanto abalos na economia ganham manchetes dos jornais, mudanças climáticas mobilizam discursos e mudam hábitos. Em paralelo, a guerra na Ucrânia levanta dúvidas no agronegócio mundial. Só que, em meio a questionamentos sobre insumos, inflação, seca, chuvas e geadas fora de época, os problemas do dia-a-dia da cultura da cana de açúcar não deram trégua. Ao contrário, eles foram potencializados por questões climáticas e cresceram na escala de preocupação diante da crise de fertilizantes. Contudo, podemos conduzir essa convergência no sentido inverso. Em outras palavras, temos a oportunidade potencializar e otimizar o uso de agroquímicos importados por meio de insumos biológicos e, dessa forma, chegar a uma solução para a falta e custo crescente dos fertilizantes russos, além de, ao mesmo tempo, promover uma relação mais saudável com o meio-ambiente, contribuindo com as medidas para reduzir efeitos das mudanças climáticas. Desafio climático na cultura de açúcar Em 2021, as variações de temperaturas foram extremas a ponto de afetar a cultura da cana de açúcar em várias regiões do Brasil. Com efeito, segundo a Conab, comparando as safras de 20/21 e 21/22, constatamos uma queda de 13,2% na produção. Nos reports do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a dança climática ganhou um histórico intrigante. Um deles, por exemplo, mostra como, no mesmo dia, no final de junho/2021, geadas atingiram diferentes regiões do país. Fenômeno, aliás, que se repetiu em outros momentos do ano. Já as chuvas, alternaram momentos de altas e baixíssimas intensidades. As secas foram fortes o bastante para gerar incêndios, afetando colheitas e solos. Em síntese, a cultura da cana de açúcar sofreu um reverse e tanto. As consequências são tamanhas que não só impactaram a safra 2021/2022 como devem repercutir na próxima. Em contrapartida, abriram ainda mais os olhos do agronegócio para a importância estratégica de contribuir com a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. O alto custo dos insumos O preço dos insumos, sem dúvida, tem sido um grande desafio para a cultura da cana de açúcar. Além da alta do dólar, a guerra da Ucrânia teve efeito acelerador na escalada de custos financeiros. No entanto, o custo ecológico vem se mostrando a principal cobrança para os canaviais. Se nossa capacidade de ação é limitada no que tange a questões econômicas, o mesmo não pode ser dito sobre nossas responsabilidades ambientais. Temos que reconhecer a parcela que nos cabe na crise climática. Certamente, grande parte da ação poluidora da cultura da cana de açúcar resulta da prática de queimadas, que já vem sendo combatida, inclusive com medidas legais que limitam sua ação. Entretanto, outra parte cabe a ações menos evidentes e, nesse sentido, alguns incentivos para uma agricultura sustentável começam a ganhar destaque. Uma abordagem sistêmica para a cultura da cana de açúcar A agricultura está entre as atividades econômicas mais antigas da humanidade. Muito antes de qualquer máquina ou insumo, o solo já produzia alimentos. Trata-se, portanto, de uma prática sustentável que foi aprimorada pelas inovações humanas. Por muito tempo, tais inovações buscavam trazer novos elementos para impulsionar a capacidade produtiva da terra. Agora, o raciocínio mudou, e o que há de mais moderno no trato do solo é otimizar a atividade dos elementos que ele traz em si. Resumidamente, a ideia é ajudar a biota a gerar vida – ou, como falamos na Agrivalle, é reconhecer a vida como fonte geradora de vida e contribuir com isso. De tal convicção, nascem nossos produtos. Consideramos o solo, o que está plantado nele, as ameaças que afligem o agricultor e várias outras especificidades para oferecer soluções que ajam em harmonia com todo o contexto da plantação. Dessa forma, adotamos uma abordagem sistêmica para tratar a lavoura. Fungos e nematóides são problemas comuns na cultura de cana de açúcar. O tratamento com agroquímicos é realizado há anos e, embora o resultado no objetivo principal – eliminar as pragas – seja positivo, há vários efeitos colaterais e outros pontos a considerar. Se a opção for por um agroquímico importado, é muito provável que ele tenha sido desenvolvido para um clima temperado e, ao ser usado em regiões tropicais, seu índice de eficiência pode se reduzir. Independente disso, seus resíduos ficam no solo, quase sempre em conflito com o ecossistema local. Mesmo ao escolher um produto de tecnologia nacional, a dinâmica dos elementos químicos no solo pode entrar em atrito com a os microrganismos e componentes orgânicos que da biota, o que pode levar à liberação de gás carbônico. No caso dos bioinsumos, aliamos os microrganismos dos produtos aos da biota do solo, fazendo com que o próprio solo absorva o que for gerado pelo contato entre os elementos envolvidos. Podemos, ainda, direcionar a aplicação de modo a promover harmonia e colaboração entre eles. Com isso, tratamos a terra a longo prazo e prolongamos sua vida útil, inclusive na cultura da cana de açúcar. Uma questão de composição Hoje, a Agrivalle produz cerca de 40 bioinsumos. A partir da formulação de cada um deles, recomendamos as melhores indicações de uso. Para isso, nossa análise vai além da ameaça a ser combatida, também levando em conta características específicas da área de cultivo bem como outras patologias e os produtos que já estão sendo aplicados em seu combate. Assim, chegamos a algumas composições praticamente customizadas para nossos clientes. No caso da cultura da cana de açúcar, por exemplo, verificamos a alta eficácia do uso de três produtos em conjunto: o bionematicida Profix e os biofungicidas Socker e Twixx-A. Fungos são comuns na cultura de cana de açúcar, especialmente aqueles que causam podridão-radicular e mofo-branco. Para isso, o Shocker é o tratamento ideal. Ainda no terreno dos fungos, temos muitas recorrências de doenças foliares causadas por eles, como antracnoses, mancha alvo e mancha branca. É aí que a ação do Twixx-A se destaca. Em paralelo, os nematóides afetam os solos dos canaviais
Bioinsumos agrícolas, por que é o futuro da agricultura?

Os bioinsumos agrícolas são, cada vez mais, reconhecidos como alternativas-chave para o futuro da agricultura. Antes de tudo, eles apresentam dois requisitos extremamente valorizados: são ecologicamente amigáveis e não afetam a saúde das pessoas. Previsões endossadas por uma série de estudos, apontam o aumento do consumo mundial de alimentos. O consequente incremento na demanda, sem dúvida, vai pressionar a produção agrícola, mas a necessidade de maior oferta terá que se ajustar a outros desafios que já se impõem ao setor. Em paralelo, o meio-ambiente se firma como principal parâmetro para guiar as ações do agronegócio mundial. Quando analisamos por esse ângulo, podemos seguir por muitas vias, contudo, provavelmente, a mais importante seja aquela onde reencontramos o conhecimento de que agricultura e preservação ecológica funcionam muito bem em conjunto. Só para citar um exemplo, aí está a agrofloresta e sistemas produtivos como o ILPF (integração Lavoura – Pecuária – Floresta) para nos provar. Outra via por onde a preocupação com o meio-ambiente repercute na forma de conduzir negócios agrícolas está nas tendências de consumo. À medida que as pessoas abraçam a preferência por alimentos orgânicos, os agricultores sentem a pressão na demanda por esse tipo de produto. A necessidade de produzir em escala é evidente, mas o aumento de volume precisa se dar dentro das condições que caracterizam tal classificação de alimentos. Isso exige uma revisão no mercado de insumos, a fim de chegar a soluções que corroborem com uma produção mais intensa e sem efeitos residuais. Bioinsumos agrícolas – ponto de convergência Independente de qual você considere a maior motivação para a agricultura sustentável, há um ponto onde todas convergem: os bioinsumos agrícolas. Além da consonância com a preservação do meio-ambiente, eles primam pela saúde das pessoas em todas as etapas – da aplicação ao consumo do alimento produzido. Vale lembrar que contam com baixíssimos níveis de toxicidade e não deixam resíduos no solo nem nos alimentos. Uma parcela significativa da segurança e da contribuição dos bioinsumos agrícolas para o meio ambiente, tem raiz na etapa de desenvolvimento. Ela parte das relações entre organismos da natureza e aproveita suas dinâmicas no princípio ativo dos produtos. Assim, num fertilizante, por exemplo, em vez de somente acrescentar um elemento químico ao solo, os microrganismos benéficos ali presentes recebem estímulos para agir. O que leva os bioinsumos agrícolas em direção ao futuro? Resumidamente, os bioinsumos agrícolas conseguem, ao mesmo tempo, ser ecologicamente amigáveis, não afetar a saúde das pessoas e, ainda, contribuir com melhorias na produtividade. É com essa tríade que eles abrem caminho no presente e oferecem perspectivas para o futuro. Mas há outros pontos a considerar, especialmente se mudarmos o ponto de vista, focando no uso indiscriminado de agroquímicos. Só para ilustrar, nesse momento, há indicativos de que eles estão perdendo eficiência, sobretudo, por causa da alta pressão de seleção exercida sobre os organismos que têm como alvo. Some-se a isso a crescente popularidade e adesão a processos focados em rastrear, detectar, monitorar e analisar pesticidas presentes em alimentos. Com efeito, o posicionamento dos insumos químicos tem muito a evoluir com o avanço de tecnologias que identificam e caracterizam novos biopesticidas, bem como de novas técnicas que analisam viabilidade, pureza e estabilidade de bioinsumos. Mesmo quando consideramos situações em que uma solução biológica ainda não é viável – como no caso dos herbicidas -, os agroquímicos podem ser otimizados. Os avanços em estudos que analisam a compatibilidade entre eles e insumos biológicos têm permitido uso simultâneo em muitas áreas de cultivo. Diante de tudo isso, lideranças à frente de acordos mundiais sentem-se cada vez mais seguras para impor exigências sustentáveis em suas propostas; enquanto governos apostam em incentivos que impulsionem o agronegócio na direção certa para manter mercado. Paralelamente, legisladores vão reconhecendo que há condições para uma produção agrícola limpa, e regulamentações que atuem nesse sentido tendem a avançar. De certa forma, elas vão acabar fortalecendo outras regras, como aquelas voltadas para o gerenciamento de resíduos decorrentes da utilização de insumos químicos. Daí, novos custos serão atrelados à utilização desse tipo de produto. Enfim, há alguns anos, os agroquímicos eram o braço direito do agricultor. Agora, quando lemos essas linhas, vemos o reflexo de muitas mudanças e aprendizados. Bioinsumos agrícolas – porque este é o futuro da agricultura? Sem dúvida, acontecimentos surpreendentes em curso nos últimos anos, aceleraram um movimento que já se desenhava há muito tempo. Nesse contexto, nos tornamos testemunhas e agentes de transformações globais e determinantes. Assim, no papel de agentes, reconhecemos os desafios diante de nós e, pouco a pouco, estamos assumindo nossas responsabilidades. No agronegócio, é claro, não poderia ser diferente. É assim que sentimos na Agrivalle. Uma de nossas grandes motivações, aliás, vem de ver as iniciativas que desenvolvemos, há alguns anos – pensando no futuro – em prática no presente, enquanto continuamos a lançar mais sementes para brotar em tempos que ainda virão. É a vida como fonte geradora de vida atuando diante de nossos olhos.
Insumos biológicos: uma ótima alternativa frente à instabilidade no mercado dos fertilizantes!

Apesar de o agronegócio ter alcançado recorde histórico nas exportações em 2021, movimentando mais de US$ 120 bilhões, os custos de produção nesse período configuraram aumento significativo. O balanço apertado de oferta e demanda global dos insumos agrícolas, taxa de câmbio e aumento dos preços do petróleo e gás natural foram alguns dos entraves de grande impacto nesse cenário. Os principais países produtores de defensivos agrícolas e fertilizantes reduziram a oferta e a dependência do Brasil pela importação desses produtos, e o produtor sentiu as consequências na pele; vale lembrar que o nosso país importa cerca de 70% dos fertilizantes e 60% dos defensivos agrícolas que consume anualmente. Além disso, a continuidade da pandemia da covid-19, com o surgimento de novas variantes em diversos países, intensificou ainda mais essa situação, limitando a distribuição de alguns produtos e afetando de forma direta diversas cadeias de suprimentos. Como resultado, os custos dos insumos chegaram a dobrar em alguns casos; destaque para a categoria de fertilizantes. Em relatório divulgado pelo Rabobank, os preços da Ureia cresceram 150% entre janeiro e outubro do último ano, enquanto que os do Cloreto de Potássio registraram alta de 206%! Esses números refletem uma piora na relação de troca entre insumos e produtos agrícolas, considerando que quanto maior o índice, menor é o poder de compra do produtor brasileiro – e maior terão que ser os preços pagos pela produção, para poder compensar o investimento. A alta demanda por insumos em virtude da expansão de área plantada; problemas logísticos pela falta de embarcações e contêineres; e fatores geopolíticos também foram empecilhos que contribuíram para tal condição. Outra situação delicada é a atual conjuntura entre Ucrânia e Rússia, uma vez que o conflito entre os dois países pode aumentar os preços de energia – destaque para o petróleo – e prejudicar a produção de fertilizantes. Diante dessa instabilidade no mercado de insumos, uma boa estratégia a ser utilizada por você produtor, para equilibrar os custos e ajustar o fluxo de caixa, é a diversificação no manejo. Os insumos biológicos entram nesse contexto, por serem feitos a partir de microrganismos, materiais vegetais, naturais e utilizados nos sistemas de cultivo agrícola para combater pragas e doenças, além de melhorar a fertilidade do solo e a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Esses produtos são caracterizados por otimizar o desenvolvimento, crescimento e o mecanismo de resposta de animais, plantas e microrganismos. Os bioinsumos são complementares ao manejo convencional e possuem um grande diferencial de reduzir a exposição do trabalhador e consumidor a compostos químicos. Se baseia em um método de controle racional e sadio, por fazer uso de inimigos naturais que não deixam resíduos em alimentos; e também preservam o ecossistema, proporcionando o desenvolvimento de sistemas de produção cada vez mais sustentáveis. A tecnologia de alto padrão empregada pelos bioinsumos é importante aliada nos sistemas de produção com o nosso clima tropical, pois os microrganismos são capazes de otimizar o aproveitamento dos fertilizantes. Dessa forma, auxiliam o produtor a obter alta produtividade e rentabilidade, extraindo ao máximo o potencial dos insumos ao mesmo tempo em que favorece a margem de lucro dos produtores. Considerando o contexto atual de problemas com a disponibilidade e os altos preços de insumos tradicionais; da crise energética global; do aumento nos custos de produção dos alimentos; e do forte apelo por práticas mais sustentáveis – os insumos biológicos podem ser seu grande aliado, produtor! Acompanhe nossas publicações e conheça mais sobre este assunto. Sou um torcedor deste mercado, porque sei que ele tem muito a somar para o desenvolvimento sustentável do agro brasileiro! Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group e graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP em Piracicaba – SP.