Entenda como funciona a FBN e porque ela é tão importante

A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) tem participação significativa nos resultados do agronegócio. De fato, o nitrogênio (N) é considerado um dos elementos mais importantes para os sistemas biológicos porque faz parte da composição de ácidos nucleicos e proteínas que são essenciais para o desenvolvimento e crescimento das plantas. Além disso, também atua na síntese da clorofila possuindo, portanto, papel crucial na fotossíntese. E mais, é um dos nutrientes exigidos em maior quantidade pelas culturas, constituindo de 2 a 5% da matéria  seca da planta. 

O nitrogênio está presente em 78% do ar que respiramos, porém os vegetais não  conseguem aproveitá-lo dessa forma. A principal via de entrada do N nesses organismos é  através da FBN. Esse processo é feito por meio de alguns tipos de bactérias – principalmente as dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium – que convertem o nitrogênio atmosférico (N2) em amônia (NH3) para ser absorvível pelas plantas.  

Nas raízes, essas bactérias fixadoras de nitrogênio (rizóbios) estabelecem uma  relação de simbiose com plantas leguminosas, como por exemplo a soja e o feijão,  induzindo a formação de nódulos. São nessas estruturas que esses microrganismos  utilizam uma enzima chamada nitrogenase para catalisar a redução das formas de  nitrogênio e torná-lo disponível para a cultura. Contudo, para garantir uma alta eficiência da FBN nódulos suficientes, é preciso realizar a prática de inoculação, que nada mais é do que  adicionar as bactérias benéficas na superfície das sementes que serão plantadas.  

A partir da adoção dessa técnica podemos elencar diversos benefícios: 

  • o produtor  tem economia devido ao menor uso de adubos nitrogenados; 
  • a planta utiliza-se do nitrogênio que já está presente no ambiente, minimizando os impactos ambientais da adição de produtos sintéticos que são perdidos mais facilmente por lixiviação e  volatilização; 
  • o uso de leguminosas como adubação verde fornece um maior teor de nitrogênio para o solo que resulta em melhoria de suas propriedades físicas, químicas e biológicas; 
  • as bactérias são promotoras de crescimento por estimularem o desenvolvimento radicular, aumentando o potencial de produção e o suporte em situações de estresses ambientais em função dos diversos papéis que os nutrientes possuem no metabolismo das plantas. 

 

A importância da FBN no agronegócio nacional

A Embrapa estima que a FBN tenha uma contribuição global de 258 milhões de  toneladas de nitrogênio por ano, sendo o impacto na agricultura avaliado em cerca de 60  milhões de toneladas. Tendo em vista o preço dos fertilizantes neste ano, em torno de 17  bilhões de dólares anuais deixam de ser gastos com nitrogenados, além de serem 

mitigados mais de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente olhando apenas para a  cultura da soja com o uso de inoculantes. 

Outrora, esse processo biológico possuía um importante papel diante os desafios da  recuperação de áreas degradadas, especialmente onde o uso intensivo do solo resultou na perda de matéria orgânica e produtividade. 

Atualmente, o Brasil ocupa a liderança no aproveitamento dos benefícios da FBN na soja e a tendência é que a aplicação desses insumos seja cada vez maior por serem produtos naturais, altamente eficientes e com  relação custo-benefício bastante favorável. No contexto dos sistemas regenerativos, melhorar o ambiente solo para otimizar os resultados da FBN é uma boa prática que traz  múltiplos ganhos e propicia um desenvolvimento sustentável da produção. 

 

O texto Entenda como funciona a FBN e porque ela é tão importante foi escrito por:

Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. 

Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. 

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