Apesar de o agronegócio ter alcançado recorde histórico nas exportações em 2021, movimentando mais de US$ 120 bilhões, os custos de produção nesse período configuraram aumento significativo. O balanço apertado de oferta e demanda global dos insumos agrícolas, taxa de câmbio e aumento dos preços do petróleo e gás natural foram alguns dos entraves de grande impacto nesse cenário.
Os principais países produtores de defensivos agrícolas e fertilizantes reduziram a oferta e a dependência do Brasil pela importação desses produtos, e o produtor sentiu as consequências na pele; vale lembrar que o nosso país importa cerca de 70% dos fertilizantes e 60% dos defensivos agrícolas que consume anualmente.
Além disso, a continuidade da pandemia da covid-19, com o surgimento de novas variantes em diversos países, intensificou ainda mais essa situação, limitando a distribuição de alguns produtos e afetando de forma direta diversas cadeias de suprimentos. Como resultado, os custos dos insumos chegaram a dobrar em alguns casos; destaque para a categoria de fertilizantes. Em relatório divulgado pelo Rabobank, os preços da Ureia cresceram 150% entre janeiro e outubro do último ano, enquanto que os do Cloreto de Potássio registraram alta de 206%!
Esses números refletem uma piora na relação de troca entre insumos e produtos agrícolas, considerando que quanto maior o índice, menor é o poder de compra do produtor brasileiro – e maior terão que ser os preços pagos pela produção, para poder compensar o investimento. A alta demanda por insumos em virtude da expansão de área plantada; problemas logísticos pela falta de embarcações e contêineres; e fatores geopolíticos também foram empecilhos que contribuíram para tal condição.
Outra situação delicada é a atual conjuntura entre Ucrânia e Rússia, uma vez que o conflito entre os dois países pode aumentar os preços de energia – destaque para o petróleo – e prejudicar a produção de fertilizantes. Diante dessa instabilidade no mercado de insumos, uma boa estratégia a ser utilizada por você produtor, para equilibrar os custos e ajustar o fluxo de caixa, é a diversificação no manejo.
Os insumos biológicos entram nesse contexto, por serem feitos a partir de microrganismos, materiais vegetais, naturais e utilizados nos sistemas de cultivo agrícola para combater pragas e doenças, além de melhorar a fertilidade do solo e a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Esses produtos são caracterizados por otimizar o desenvolvimento, crescimento e o mecanismo de resposta de animais, plantas e microrganismos.
Os bioinsumos são complementares ao manejo convencional e possuem um grande diferencial de reduzir a exposição do trabalhador e consumidor a compostos químicos. Se baseia em um método de controle racional e sadio, por fazer uso de inimigos naturais que não deixam resíduos em alimentos; e também preservam o ecossistema, proporcionando o desenvolvimento de sistemas de produção cada vez mais sustentáveis.
A tecnologia de alto padrão empregada pelos bioinsumos é importante aliada nos sistemas de produção com o nosso clima tropical, pois os microrganismos são capazes de otimizar o aproveitamento dos fertilizantes. Dessa forma, auxiliam o produtor a obter alta produtividade e rentabilidade, extraindo ao máximo o potencial dos insumos ao mesmo tempo em que favorece a margem de lucro dos produtores.
Considerando o contexto atual de problemas com a disponibilidade e os altos preços de insumos tradicionais; da crise energética global; do aumento nos custos de produção dos alimentos; e do forte apelo por práticas mais sustentáveis – os insumos biológicos podem ser seu grande aliado, produtor! Acompanhe nossas publicações e conheça mais sobre este assunto. Sou um torcedor deste mercado, porque sei que ele tem muito a somar para o desenvolvimento sustentável do agro brasileiro!
Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group e graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP em Piracicaba – SP.