A cultura da cana de açúcar tem enfrentado desafios em diversas frentes nos últimos anos. De fato, a habilidade dos agricultores vem sendo colocada em cheque num ritmo alucinante.
Enquanto abalos na economia ganham manchetes dos jornais, mudanças climáticas mobilizam discursos e mudam hábitos. Em paralelo, a guerra na Ucrânia levanta dúvidas no agronegócio mundial.
Só que, em meio a questionamentos sobre insumos, inflação, seca, chuvas e geadas fora de época, os problemas do dia-a-dia da cultura da cana de açúcar não deram trégua. Ao contrário, eles foram potencializados por questões climáticas e cresceram na escala de preocupação diante da crise de fertilizantes.
Contudo, podemos conduzir essa convergência no sentido inverso. Em outras palavras, temos a oportunidade potencializar e otimizar o uso de agroquímicos importados por meio de insumos biológicos e, dessa forma, chegar a uma solução para a falta e custo crescente dos fertilizantes russos, além de, ao mesmo tempo, promover uma relação mais saudável com o meio-ambiente, contribuindo com as medidas para reduzir efeitos das mudanças climáticas.
Desafio climático na cultura de açúcar
Em 2021, as variações de temperaturas foram extremas a ponto de afetar a cultura da cana de açúcar em várias regiões do Brasil. Com efeito, segundo a Conab, comparando as safras de 20/21 e 21/22, constatamos uma queda de 13,2% na produção.
Nos reports do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a dança climática ganhou um histórico intrigante. Um deles, por exemplo, mostra como, no mesmo dia, no final de junho/2021, geadas atingiram diferentes regiões do país. Fenômeno, aliás, que se repetiu em outros momentos do ano.
Já as chuvas, alternaram momentos de altas e baixíssimas intensidades. As secas foram fortes o bastante para gerar incêndios, afetando colheitas e solos.
Em síntese, a cultura da cana de açúcar sofreu um reverse e tanto. As consequências são tamanhas que não só impactaram a safra 2021/2022 como devem repercutir na próxima. Em contrapartida, abriram ainda mais os olhos do agronegócio para a importância estratégica de contribuir com a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera.
O alto custo dos insumos
O preço dos insumos, sem dúvida, tem sido um grande desafio para a cultura da cana de açúcar. Além da alta do dólar, a guerra da Ucrânia teve efeito acelerador na escalada de custos financeiros. No entanto, o custo ecológico vem se mostrando a principal cobrança para os canaviais.
Se nossa capacidade de ação é limitada no que tange a questões econômicas, o mesmo não pode ser dito sobre nossas responsabilidades ambientais. Temos que reconhecer a parcela que nos cabe na crise climática.
Certamente, grande parte da ação poluidora da cultura da cana de açúcar resulta da prática de queimadas, que já vem sendo combatida, inclusive com medidas legais que limitam sua ação. Entretanto, outra parte cabe a ações menos evidentes e, nesse sentido, alguns incentivos para uma agricultura sustentável começam a ganhar destaque.
Uma abordagem sistêmica para a cultura da cana de açúcar
A agricultura está entre as atividades econômicas mais antigas da humanidade. Muito antes de qualquer máquina ou insumo, o solo já produzia alimentos. Trata-se, portanto, de uma prática sustentável que foi aprimorada pelas inovações humanas.
Por muito tempo, tais inovações buscavam trazer novos elementos para impulsionar a capacidade produtiva da terra. Agora, o raciocínio mudou, e o que há de mais moderno no trato do solo é otimizar a atividade dos elementos que ele traz em si. Resumidamente, a ideia é ajudar a biota a gerar vida – ou, como falamos na Agrivalle, é reconhecer a vida como fonte geradora de vida e contribuir com isso.
De tal convicção, nascem nossos produtos. Consideramos o solo, o que está plantado nele, as ameaças que afligem o agricultor e várias outras especificidades para oferecer soluções que ajam em harmonia com todo o contexto da plantação. Dessa forma, adotamos uma abordagem sistêmica para tratar a lavoura.
Fungos e nematóides são problemas comuns na cultura de cana de açúcar. O tratamento com agroquímicos é realizado há anos e, embora o resultado no objetivo principal – eliminar as pragas – seja positivo, há vários efeitos colaterais e outros pontos a considerar.
Se a opção for por um agroquímico importado, é muito provável que ele tenha sido desenvolvido para um clima temperado e, ao ser usado em regiões tropicais, seu índice de eficiência pode se reduzir. Independente disso, seus resíduos ficam no solo, quase sempre em conflito com o ecossistema local.
Mesmo ao escolher um produto de tecnologia nacional, a dinâmica dos elementos químicos no solo pode entrar em atrito com a os microrganismos e componentes orgânicos que da biota, o que pode levar à liberação de gás carbônico.
No caso dos bioinsumos, aliamos os microrganismos dos produtos aos da biota do solo, fazendo com que o próprio solo absorva o que for gerado pelo contato entre os elementos envolvidos. Podemos, ainda, direcionar a aplicação de modo a promover harmonia e colaboração entre eles. Com isso, tratamos a terra a longo prazo e prolongamos sua vida útil.
Uma questão de composição
Hoje, a Agrivalle produz cerca de 40 bioinsumos. A partir da formulação de cada um deles, recomendamos as melhores indicações de uso. Para isso, nossa análise vai além da ameaça a ser combatida, também levando em conta características específicas da área de cultivo, inclusive outras patologias e os produtos que já estão sendo aplicados em seu combate.
Assim, chegamos a algumas composições praticamente customizadas para nossos clientes. No caso da cultura da cana de açúcar, por exemplo, verificamos a alta eficácia do uso de três produtos em conjunto: o bionematicida Profix e os biofungicidas Socker e Twixx-A.
Fungos são comuns na cultura de cana de açúcar, especialmente aqueles que causam podridão-radicular e mofo-branco. Para isso, o Shocker é o tratamento ideal.
Ainda no terreno dos fungos, temos muitas recorrências de doenças foliares causadas por eles, como antracnoses, mancha alvo e mancha branca. É aí que a ação do Twixx-A se destaca.
Em paralelo, os nematóides afetam os solos dos canaviais como um todo. Nesse caso, a ação do Pratylenchus brachyurus e do Meloidogyne incognita são especialmente agressivas. Justamente eles são os principais alvos do Profix. Diferente da maioria dos nematicidas do mercado, ele é capaz de atuar em diversos estágios de vida dessas pragas, eliminando, inclusive, ovos que ainda não se desenvolveram. Com isso, a saúde do solo se mantém a longo prazo, e as raízes ganham força para resistir à colheita mecânica, que domina os canaviais.
Enfim, essa composição tripla acaba desenvolvendo uma dinâmica que potencializa a ação individual de cada produto. A planta ganha beleza, a cana colhida tem mais qualidade e as raízes se mantêm firmes para o próximo ciclo.