Agrivalle 06: maio de 2022

Nossa coluna mensal inicia trazendo os destaques para a economia brasileira, em maio de 2022 onde o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 1,06% em abril, valor que é 0,56 ponto percentual menor que o índice de março (1,62%). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo dado, foi a maior variação para um mês de abril desde 1996. Com isso, o IPCA acumula alta de 3,3% em 2022, e de 12,1% nos últimos 12 meses. As maiores oscilações vieram de “alimentos e bebidas” e dos “transportes”; juntos, contribuíram com 80% do IPCA de abril. No grupo dos alimentos, as variações mais relevantes vieram com a batata-inglesa (+18,3%), o leite longa vida (+10,3%), o óleo de soja (+8,3%), o pão francês (+4,5%) e as carnes (+1,02%). Cenário de inflação de alimentos segue preocupante! O Boletim Focus (Bacen) do Banco Central, de 02 de maio de 2022 (o mais recente divulgado até o momento), indica: IPCA com variação de 7,9% em 2022 e de 4,1% ao final de 2023; PIB (Produto Interno Bruto) com crescimento de 0,7% em 2022 e 1,0% ao final do próximo ano; câmbio fechando em R$ 5,00 e R$ 5,04, respectivamente; e, por fim, a Selic em torno de 13,25% ao final de 2022 e em 9,25% ao findar 2023. A economia permanece com as previsões relativamente estáveis, sem melhorias. Vamos seguir de olho!No agro mundial e brasileiro, segundo a FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o índice de preços de alimentos alcançou 158,5 pontos em abril, uma queda de 0,8% em relação a março, mês em que se havia registro do maior nível histórico. Apesar da baixa, que já representa um alívio, o indicador ficou 29,8% acima do que foi registrado em abril de 2021. O comportamento verificado em maio de 2022 é resultante da queda de 5,7% no índice dos óleos vegetais e de 0,7% nos preços de cereais. Por outro lado, os índices do açúcar, da carne e de laticínios cresceram 3,3%, 2,2% e 0,9%, respectivamente. Safra brasileira de grãos em maio de 2022 No 8° boletim mensal (maio de 2022) sobre a estimativa da safra brasileira de grãos em 2021/22, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a expectativa da oferta para o ciclo: de 269,3 milhões de t em abril para 271,8 milhões de t em maio (2,5 milhões de t a mais). Com isso, a produção brasileira nesta safra deve ser 6,4% maior do que em 2020/21. Os principais acréscimos em termos de volume, no comparativo com os valores declarados em abril, vieram com a soja (+1,4 milhão de t), o milho (+592 mil t) e o trigo (+223 mil t). Para a oleaginosa, a produção estimada em maio de 2022 foi de 123,8 milhões de t, 10,4% menor que o ciclo passado. No milho, a oferta total deve ficar em 116,2 milhões de t (+33,4%), sendo que a 1ª safra deve entregar 24,7 milhões de t (-0,2%), a safrinha outros 89,3 milhões de t (+47,0%) e a 3ª safra 2,2 milhões de t (+36,3%). No trigo, que também foi destaque para o mês de maio 2022, devemos produzir 8,13 milhões de t, 6,0% a mais do que no último ciclo. Os conflitos entre Rússia e Ucrânia e os altos preços do cereal no mercado internacional têm motivado os produtores brasileiros a cultivarem o grão, tanto que a área deve ser acrescida em 30 mil ha no Brasil. Por fim, para o algodão em pluma, a produção estimada é de 2,82 milhões de t, 19,5% a mais do que as 2,36 milhões de t do ciclo 2020/21. Na torcida para que o clima continue ajudando e estes números se concretizem!Ainda sobre o trigo, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Distrito Federal deverão plantar 280 mil ha do cereal na safra 2022/23, segundo a Embrapa Trigo, o que representa alta de 11,0% em relação ao ciclo passado, estimulada especialmente pela alta demanda e preços externos do cereal, resultados da guerra no Leste Europeu.No campo, a Conab estima que até 14 de maio de 2022, 96,8% da soja havia sido colhida no país contra 98,5% na mesma data do ano passado; Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins já concluíram as operações. No milho, a colheita da 1ª safra encontra-se com progresso de 80,1%; era de 73,2% no mesmo período do último ciclo. Já o plantio da 2ª safra foi concluído em todo país e as lavouras encontram-se nos seguintes estágios (média nacional): 50,4% está em enchimento de grãos; 26,9% sob floração; 6,9% ainda seguem em desenvolvimento vegetativo; e 15,7% já estão em maturação. No algodão, a Conab indica que a colheita foi iniciada nos estados do Mato Grosso do Sul e Bahia, mas o progresso ainda é lento (apenas 0,2%). Por fim, a safra de inverno do trigo está com 16,2% das áreas plantadas frente a 8,4% na mesma data de 2021; o cereal também larga na frente!Apesar do aumento nas estimativas da oferta de milho 2ª safra (pela Conab), a Consultoria AgRural reduziu suas projeções em 5 milhões de t para a região Centro-Sul entre abril e maio de 2022, por conta da falta de umidade em algumas localidades. Segundo a consultoria, a oferta do cereal deve ficar em 80,9 milhões de t; há 30 dias, a estimativa era de quase 86 milhões de t. As regiões mais afetadas pela falta de umidade são as áreas de plantio tardio no Mato Grosso e diversas áreas no estado de Goiás.O IBGE divulgou novas estimativas para a produção de café em 2022, indicando uma colheita de 56,1 milhões de scs (60 kg), crescimento de quase 15% em comparação com o ano passado. Desse total, 38,7 milhões de scs (ou 69%) são referentes ao café do tipo arábica; enquanto que os outros 17,4 milhões de scs (31%) serão colhidas do tipo robusta. Exportações e importações em maio de 2022 Em abril, as exportações do agronegócio brasileiro
Sistemas regenerativos – 5 princípios

Há uma grande necessidade de transformação em torno dos sistemas de produção alimentares para que as metas de sustentabilidade do planeta sejam atingidas. Tais mudanças caminham em conjunto com os princípios de sistemas regenerativos, que possuem o compromisso de melhorar os resultados produtivos, ecológicos e sociais. Esse conceito tem sido bastante aceito nos últimos anos em virtude do aumento da conscientização sobre os impactos da ação do homem no planeta e as mudanças climáticas. As práticas integradas a serem adotadas trazem medidas para aumentar a saúde do solo, sequestrar carbono da atmosfera, manter a qualidade da água, conservar e expandir a biodiversidade e melhorar a qualidade de vida. Por isso, caro produtor, iremos tratar nesse artigo sobre os cinco princípios dos sistemas regenerativos de produção! Solo O primeiro não poderia deixar de ser o solo, a base da produção agropecuária. Ele é cheio de organismos vivos que ajudam a liberar nutrientes que as plantas necessitam para se desenvolver, e precisa ser manejado de forma a manter e restaurar a microbiota a fim de continuar saudável e fértil para as plantas. Alguns exemplos de práticas que ajudam esse processo podem ser: cobertura de solo durante o ano todo, para evitar que ele sofra degradação e erosão; manter forragem e material de pastagem; plantio direto para diminuir perturbações; redução de fertilizantes químicos e pesticidas; preservação das raízes vivas das culturas perenes e utilizar espécies arbóreas. Meio-ambiente Como segundo princípio dos sistemas regenerativos temos o meio-ambiente, uma vez que suas condições desenham o cenário em que qualquer prática produtiva seja desenvolvida. É importante fazer o reflorestamento de área desmatadas; restaurar as pastagens degradadas; manter a matéria orgânica acumulada no solo para, consequentemente, o sistema se encarregar de sequestrar e armazenar carbono. Água Para o princípio número três, podemos evidenciar a água, recurso esse vital para a geração e continuidade da vida. As práticas do sistema regenerativo possibilitam o aumento da percolação e retenção de água no solo, além de melhorar sua qualidade e disponibilidade. Diminuir o uso de fertilizantes e defensivos químicos e manejar a matéria orgânica no solo auxiliam nesse processo mantendo a umidade e criando um microclima favorável para o crescimento das culturas. Biodiversidade Partindo para o quarto ponto entre os princípio dos sistemas regenerativos, falaremos sobre a biodiversidade, a qual vem sendo negligenciada nos últimos anos. Porém, o sistema pautado na regeneração parte de uma natureza retributiva, que visa compensar os danos do passado e dedicar recursos que restaurem esse pilar tão importante para a produção. Isso pode ser feito pela diversificação nas culturas cultivadas; integrar diferentes sistemas de produção em uma mesma área – como por exemplo a agrofloresta, silvipastoreio e agrossilvipastoril; e a rotação ou sucessão de culturas. Socioeconomia Por último, mas não menos importante, trataremos do pilar socioeconômico, já que esses sistemas abrangem muito mais do que somente práticas agrícolas. Uma vez que, para implementar e colocar em prática todos os aspectos da regeneração, é preciso combinar a restauração ecológica com reformas e justiça social para garantir que as pessoas sejam capacitadas para reconstruir e desenvolver estratégias adaptativas baseadas no conhecimento ambiental. Bioinsumos nos sistemas regenerativos Nesse contexto, os bioinsumos propiciam o avanço dos sistemas regenerativos de produção, que pretende proteger as áreas produtivas e restaurar os habitats que fornecem os alimentos para toda a população do planeta. Esse modelo de produção pode atingir cenários com ganhos para todos os lados: aumentando os lucros na fazenda, entregando alimentos com segurança aos consumidores e melhorando as condições ambientais. O que você está esperando para incorporá-los na sua propriedade? O texto “Sistemas regenerativos – 5 princípios” foi escrito por: Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.
Agrivalle 05: abril de 2022

Em mais um mês, vamos ao nosso resumo mensal dos principais fatos que marcaram a economia e o agronegócio, além dos principais pontos de atenção e no que devemos ficar de olho no próximo mês. O primeiro aspecto a destacar em abril de 2022 é a volta do lockdown na China, que começa a criar problemas ao fluxo de importações do país, que caiu 0,1% em março frente ao mesmo mês de 2021. A expectativa era de um aumento de 8,4%, mas a nova onda da covid-19 tem limitado as atividades industriais e comerciais e operações nos portos. No cenário econômico nacional, seguimos com o problema da inflação em abril de 2022. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,62% em março, maior alta para o mês dos últimos 28 anos, movido principalmente pelos aumentos nos preços dos combustíveis (+6,70%) e alimentos (+2,42%). No acumulado dos últimos doze meses o índice é de 11,30%, bem acima da previsão do mercado e do governo. O índice de preços de alimentos da FAO (Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) divulgado no início de abril de 2022 alcançou 159,29 pontos em março, nova alta expressiva, agora de 12,6% em comparação com fevereiro e de 33,6% em relação a março de 2021. O valor é o maior desde o início do acompanhamento, em 1990, e foi puxado especialmente pela alta nos preços de óleos vegetais e de cereais. Safra brasileira Atualizações nos números da safra brasileira de grãos 2021/22, divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em abril de 2022, mostram que o volume total de grãos produzidos deve ficar em 269,3 milhões de t, crescimento de 5,4% em relação à produção da safra passada; e pouco superior à previsão de março, que era de 265,7 milhões de t. A soja foi uma das culturas mais prejudicadas pelo clima, com oferta estimada agora em 122,4 milhões de t; em 2020/21, produzimos 138,2 milhões de t, ou seja, queda de 11,4% nesse ciclo. No milho, a oferta total deve ficar em 115,6 milhões de t, alta de 32,7% em relação à safra passada, sendo que a produção da 2ª safra (em andamento) deve crescer 45,8%, com volume estimado em 88,5 milhões de t, a depender das condições de clima; vamos ficar na torcida! Por fim, no algodão, a produção deve ser de 2,8 milhões de t da pluma, 19,9% a mais do que as 2,4 milhões de t do ciclo anterior. Seguimos, em abril de 2022, na torcida agora para que as culturas de inverno também tenham bom desempenho! Novidades no campo para acompanhar em abril de 2022 Em relação ao progresso das operações no campo, até o último dia 16 de abril de 2022, a colheita da soja alcançou 87,1% da área total do Brasil (contra 89,9% há um ano); a colheita do milho 1ª safra chegou à 60,0% (era de 63,5% na mesma data de 2021); e o plantio do milho safrinha está praticamente concluído, com 99,8% de avanço (mesmo valor no ano passado). Com fortes estímulos da lacuna de oferta e preços internacionais, agricultores brasileiros devem intensificar as áreas de trigo no país. A StoneX estima que a área possa atingir 3,4 milhões de ha em 2022/23, o que levaria a um crescimento de 20,6% em comparação ao último ciclo; por sua vez a produção poderia superar as 10 milhões de t, volume nunca antes visto para o cereal. Exportações e importações do agronegócio brasileiro Segundo dados divulgados no começo de abril de 2022, as exportações do agro atingiram novo recorde para o mês de março, US$ 14,53 bilhões, quase 30% superior à cifra do mesmo período de 2021, de acordo com estatísticas do Mapa. Tal resultado segue sendo motivado pelos elevados preços internacionais das commodities (+27,6%), mas o volume comercializado também se intensificou (+1,4%). Líder na pauta de exportação, o complexo soja foi responsável por mais da metade das vendas do setor, totalizando US$ 7,56 bilhões (+33,0%), com o preço médio do grão chegando a US$ 530/t, conforme noticiado em abril de 2022. Já as carnes consolidaram novo recorde de embarques para o mês com US$ 2,10 bilhões (+31,1%), sendo US$ 1,11 bilhão de carne bovina (+55,3%) com maior valor histórico para o mês; US$ 747,90 milhões para a carne de frango (+27,2%) também conquistando recorde; e US$ 259,77 milhões para a suína (-27,8%), com queda explicada pela recuperação da produção chinesa. Na terceira colocação aparecem os produtos florestais, somando US$ 1,36 bilhão (+29,2%), com destaque para celulose que participou com 48,05%. Na sequência, o setor cafeeiro vendeu US$ 879,25 milhões (+51,7%) ao mercado externo, com recorde nos embarques de café verde, responsável por 93,7% de todo o montante. Por fim, o setor sucroenergético comercializou US$ 684,97 milhões (-6,0%), reflexo da menor disponibilidade de matéria-prima durante o ciclo 2021/22. Já as importações do agronegócio totalizaram US$ 1,42 bilhão, refletindo alta de 5,9%. Assim, o saldo da balança comercial do setor alcançou US$ 13,12 bilhões em março, valor 32,5% maior que o de 2021. Um resumo do relatório de abril de 2022 do USDA O relatório de abril de 2022 do USDA, referente à safra global 2021/22, reajustou a produção global de milho para 1.210,45 milhões de t, crescimento de 0,4% frente à previsão anterior. As produções dos EUA e da Argentina foram mantidas em 383,94 e 53 milhões de t, respectivamente; já o volume brasileiro teve um ligeiro acréscimo de 1,8%, devendo atingir 116 milhões de t. No relatório de abril de 2022 do USDA, as exportações do Brasil também foram calibradas para cima, de 43 para 44,5 milhões de t, enquanto os embarques ucranianos foram reduzidos em 16,4% para 23 milhões de t. Já os estoques globais do cereal devem ser ampliados para 305,46 milhões de t contra 300,97 milhões do relatório anterior. Na soja, o USDA manteve intactas a produção norte-americana e argentina, em 120,7 e 43,5 milhões de t, mas reduziu a estimativa
Por que trabalhar com bioinsumos?

Trabalhar com bioinsumos é a opção de um número crescente de agricultores. Mas o que estaria impulsionando o interesse por esse tipo de produto? Afinal, eles já estão em uso há muito tempo – com efeito, compõem a gênese da atividade de cultivo da terra. Portanto, por que a alavancagem nesse momento?Decerto, a intensificação dos investimentos em pesquisas na área tem uma forte relação com isso. Realmente, é inegável que nosso conhecimento sobre os insumos biológicos se ampliou bastante nos últimos anos. Lições para trabalhar com bioinsumos Antes de tudo, bioinsumos, como o nome diz, são insumos produzidos a partir de matéria orgânica, eventualmente, viva.Sendo compostos por microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais, eles acabam agindo de maneira mais harmônica com a plantação. De fato, sua ação não é diferente das dinâmicas que já existem na natureza – aliás, aí está o ponto de partida do desenvolvimento desse tipo de produto.Para criá-los, os pesquisadores consideram as relações ecológicas presentes no ecossistema. Em outras palavras, observam como os elementos em questão se comportam em dadas circunstâncias e, dessa forma, chegam a soluções sustentáveis para lidar com desafios comuns na agricultura.Programa Nacional de Bioinsumos. As vantagens de tal opção vão além do interesse em soluções sustentáveis, sendo apoiada por melhora na produtividade e na satisfação do cliente final. O que os números dizem sobre trabalhar com bioinsumos Seja a partir da constatação prática ou de resultados de pesquisas, o fato é que os dados indicam que trabalhar com bioinsumos é altamente promissor. Não à toa, uma pesquisa da Embrapa aponta que cerca de 95% dos agricultores acreditam no crescimento do mercado de produtos biológicos, tal confiança é creditada, principalmente, a sua contribuição para a sustentabilidade, produtividade e economia.Outras fontes revelam que, na safra 2020/2021, o mercado de bioinsumos registrou uma alta de 46% em relação ao volume comercializado na safra anterior. Andando um pouco mais para trás, a Spark Inteligência Estratégica constatou que, entre as safras 2018/2019 e 2020/2021, o mercado de insumos biológicos cresceu 40% ao ano.Sem dúvida, são números surpreendentes, contudo, estão longe de sintetizar os motivos para o crescente interesse dos agricultores por trabalhar com bioinsumos. Benefícios de trabalhar com bioinsumos Geralmente, quando um produto recebe uma adesão tão consistente, a justificativa não se resume a números. Ao contrário, eles nada mais são que consequência de um mix de necessidades de mercado atendidas. Para quem já começou a trabalhar com bioinsumos há algum tempo, é possível identificar vantagens particulares, já que, quando optamos por esse tipo de produto, podemos criar composições praticamente customizadas para fins específicos. Mas, mesmo quando olhamos para os biológicos de forma ampla, podemos identificar uma série de vantagens que atendem agricultores de maneira geral, e elas vão de segurança a questões econômicas. Custo As vantagens econômicas de trabalhar como bioinsumos se desenham a partir de vários elementos da composição de custos de uma lavoura: menor custo de produção: a vantagem financeira dos bioinsumos aparecem antes mesmo do produto chegar às prateleiras, pois seu desenvolvimento é muito mais barato que o de um químico, o que se reflete no preço final.redução dos custos em moedas internacionais: muitos dos fertilizantes e defensivos químicos usados no Brasil são importados, ou seja, variam de acordo com o câmbio, principalmente, do dólar. No caso dos insumos biológicos, em contrapartida, temos excelentes opções com produção nacional. Assim, mesmo sem abrir mão dos químicos, o produtor consegue reduzir significativamente o consumo de insumos importados em um programa de aplicação associada.ganhos com ação indireta: às vezes, ao trabalhar com bioinsumos para sanar um problema identifica-se um reflexo positivo em outro. Um produto para biocontrole de um patógeno, por exemplo, pode melhorar a nutrição da planta. Só para ilustrar de maneira mais específica, veja o que acontece no uso de inoculantes, um bioinsumo que usa bactérias para ajudar na fixação de nitrogênio. Acontece que a muitas dessas bactérias têm a capacidade de produzir hormônios de crescimento das plantas, substâncias que acabam por estimular o aumento da densidade de pelos radiculares, da taxa de aparecimento de raízes secundárias e da superfície radicular, melhorando, assim, a absorção de nutrientes e de água. Diante dessa reação em cadeia, a planta é beneficiada com maior capacidade produtiva, além de mais resistência a desafios ambientais. Segurança e saúde Por serem produzidos com microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais, os insumos biológicos são biodegradáveis. Isso se traduz numa significativa queda nos riscos da atividade agrícola. Além da questão do meio ambiente, trabalhar com bioinsumos traz avanços para a segurança do agricultor e do consumidor. Afinal, trata-se de um tipo de produto com baixíssima toxicidade, cujos resíduos não trazem prejuízos ao solo, aos alimentos ou à saúde de quem os consome. Equilíbrio ambiental Trabalhar com bioinsumos, com certeza, é uma forma de contribuir com o meio ambiente, afinal os impactos são muito menores quando aplicamos produtos naturais à terra. Nesse caso, ainda temos a vantagem de produtos em que parte considerável do desenvolvimento leva em conta a relação que os elementos envolvidos têm entre si e com o ecossistema. Desse modo, eles usam as dinâmicas da natureza de maneira estratégica a fim de preservá-la, fazendo com que, por exemplo, o carbono gerado na produção agrícola não se perca, indo para a atmosfera. Da mesma forma, vários dos resíduos gerados na produção acabam sendo consumidos pelos microrganismos presentes no agroecossistema. A redução no consumo de água é outra consequência que observamos ao trabalhar com bioinsumos. Como eles contribuem com a estruturação do solo, melhorando a saúde da biota e a nutrição das plantas, as raízes se fixam e se desenvolvem de um modo que contribui com o aproveitamento tanto da água como dos nutrientes da terra. De novo, um efeito em cadeia, dessa vez, refletindo na redução da necessidade hídrica. Manejo integrado Trabalhar com bioinsumos não implica em abandonar os insumos químicos para sempre. De fato, ainda há situações onde soluções biológicas não são as mais adequadas. Assim sendo, a utilização de biológicos pode compor um manejo integrado. Mentalidade preventiva Resumidamente, as vantagens de trabalhar com bioinsumos
Como os nematoides afetam a produtividade

Os nematóides podem trazer diversos riscos as culturas, afetando diretamente na produtividade da lavoura. Os vermes que atacam as plantas são denominados fitonematoides. Eles estão presentes no solo e na água e se alimentam das substâncias nutritivas da planta, mas o problema é que, ao se alimentar, eles liberam toxinas no interior das células vegetais, causando problemas severos à cultura. Por conta disso é importante se ter o manejo correto dos fitonematoides. Sintomas causados pelos principais nematóides Meloidogyne spp. Um dos principais sintomas causado por esse fitonematoide é a galha. Esse tipo de sintoma, normalmente, pode apresentar diferentes tamanhos e quantidade, sendo muito comparado a tumores. Isso acontece pois são alterações celulares que ocorrem durante o processo de alimentação do Meloidogyne, no interior das galhas, então, encontramos as fêmeas, que depositam seus ovos e logo após a eclosão os jovens vão atrás de novos hospedeiros. Entendendo isso podemos dizer que isso irá acarretar a murcha, desfolha, plantas com porte menor e, consequentemente, a diminuição da produtividade. Normalmente, esses sintomas são confundidos com estresse hídrico, abiótico ou até mesmo nutricional, então, deve-se ter em mente que os sintomas irão aparecer em reboleira, nunca seguindo um padrão geral. Heterodera glycines Também conhecido como Nematóide, do cisto da soja, visto que ele tem a soja como sua hospedeira principal, e a sua doença é conhecida como nanismo amarelo da soja. Isso ocorre, pois, ao penetrar nas raízes esse endoparasita interrompe a absorção de água e nutrientes, fazendo com que a planta tenha seu porte reduzido e amarelecimento das folhas. Rotylenchulus reniformis Esse nematóide se diferencia um pouco dos citados acima, quando ele invade a planta pelas raízes ele diminui a formação de radicelas, que são as raízes menores, o que faz com que a planta diminua sua absorção de água e nutrientes, visto que quanto maior radicelas maior a absorção radicular da planta.Esse nematóide tem a soja e o algodão como seus hospedeiros principais e pode parasitar outras culturas tais como: bananeira, abacaxizeiro, coentro, gravioleira. Pratylenchus brachyurus O último e não menos importante, é mais conhecido como nematoide das lesões radiculares, assim como os outros é um dos que vêm causando muitos problemas na cultura soja, mas também para outros hospedeiros com grande valor econômico, sendo elas: cana-de-açúcar, arroz, milho, sorgo, algodão, eucalipto etc. Esse fitonematoide tem causado perdas significativas na soja, ele faz a parasitação por meio da raiz e, assim, quando o mesmo se movimenta e faz a liberação de certas toxinas abre feridas que são porta de entrada para outros patógenos, deixando assim a planta doente. Os nematóides, assim como alguns seres vivos, tem seu modo de locomoção limitado, ou seja, depende de vetores para a sua dispersão, tais como: ventos fortes, água utilizada para irrigação da lavoura, máquinas e implementos agrícolas, pessoas/animais e mudas infectadas, que foram produzidas em um substrato já com a presença do nematoide. Por isso é sempre necessário a prevenção desses agentes indesejáveis, para isso temos algumas soluções que devem ser tomadas a partir do grau de infestação e do tipo de nematóide, para isso é sempre bom ter a consultoria de um Engenheiro Agrônomo. As soluções que devem ser tomadas são: esterilização das ferramentas e maquinários agrícolas; adquirir mudas e sementes saudáveis, livre de infecção e também cultivares resistentes; rotação de cultura, visando sempre culturas que não sejam hospedeira do nematóide, para assim diminuir a população por falta de alimento; plantas antagonistas, que tem como intuito impedir o desenvolvimento de algumas espécies, sendo dividida em duas classes: plantas Armadilhas: impede o desenvolvimento dos nematóides quando ele penetram na planta; hospedeiras Desfavoráveis: Ao invadir o sistema radicular alguns nematóides não fazem o desenvolvimento completo. manutenção nos níveis de potássio, pH equilibrado e eliminação de camadas compactadas do solo; controle biológico, utilizando predadores naturais (Vírus, ácaros, fungos, nematóides predadores e bactérias).
O produtor de soja encontra novos caminhos

Um dos assuntos que vêm ganhando destaque no meio agro é a utilização de bioinsumos para o aumento da qualidade da cultura da soja. Estes bioinsumos ou insumos biológicos são produtos ou processos agroindustriais desenvolvidos a partir de enzimas, extratos (de plantas ou de microrganismos), microrganismos, macrorganismos (invertebrados), metabólitos secundários e feromônios, destinados ao controle biológico. Esses insumos são também ativos voltados à nutrição, promoção de crescimento de plantas, mitigação aos fatores de estresse biótico e abiótico e os substitutivos de antibióticos. Exemplos de bioinsumos para lavouras de soja Podemos destacar como exemplos de bioinsumos: agentes biológicos de controle: organismos vivos que promovem o controle das pragas de maneira natural na função de predadores e inimigos naturais; bioestimulantes: produtos feitos a partir de substâncias naturais que podem ser aplicados nas sementes, no solo ou nas plantas para melhorar o desempenho, a germinação, o desenvolvimento das raízes e demais processos fisiológicos das plantas; biofertilizantes: produto composto por componentes ativos ou substâncias orgânicas animais, vegetais ou microbióticas, que atuam aumentando a produtividade e a qualidade das plantas; condicionadores biológicos de ambientes: substâncias que melhoram a atividade microbiológica dos ambientes de produção; inoculantes biológicos: uso de microrganismos com foco na intensificação do processo natural de fixação biológica de nitrogênio e outras características benéficas para o desenvolvimento das plantas. Em comparação com os produtos convencionais e não biológicos, os bioinsumos oferecem vantagens que vão além de seus efeitos diretos. Em longo prazo, a substituição tende a favorecer o agro do futuro, viabilizando a sustentabilidade na sojicultura brasileira e na preservação da natureza e do meio ambiente, por meio da redução de impactos ambientais. Além disso, os biológicos ajudam a aumentar a produtividade mantendo a segurança alimentar, o que agrega valor ao produto final. A redução de custos com aplicações intensivas de defensivos e fertilizantes também reflete diretamente na rentabilidade e na margem de lucro da lavoura de soja. Alternativa para o cultivo da soja Outro ponto de destaque também é quanto à crise dos insumos agrícolas, que vem gerando grande receio no agronegócio brasileiro. As altas substanciais registradas nos preços desde o início da pandemia de Covid-19 e a possibilidade de falta de produtos da cadeia de insumos, fertilizantes e defensivos têm deixado os produtores em alerta e estimulado a demanda por alternativas. Diante do desafio, especialistas ressaltam que é importante o produtor de soja adotar soluções disponíveis para mitigar a falta de insumos para a agricultura nas próximas safras de forma sustentável. Além dos investimentos na qualidade do solo como meio de aumentar a produtividade, o mercado de insumos biológicos pode ser uma boa alternativa, já que potencializa o manejo tradicional. O diretor de pesquisa da empresa especialista em estudo de mercado global em saúde animal e agricultura Kynetec, Millôr Mondini, explica que a possibilidade de faltar insumos para a próxima safra de soja é grave, uma vez que o Brasil tem alta dependência dos produtos importados. Além da falta, o custo, com a oferta restrita, está alto e impacta a produção nacional. “O custo de produção brasileiro depende dos insumos agrícolas. Para se ter ideia, os custos com defensivos respondem por cerca de um terço do total, fertilizantes e corretivos quase 30%, sementes e tratamento de sementes, 11%. Ou seja, em torno de 60% do custo de produção depende de insumos agrícolas”. Chance de independência para a lavoura de soja Mondini ainda completa que, a alta dependência é uma preocupação, pois a crise energética enfrentada na China e na Rússia, grandes produtores de insumos, tem impactado a produção. Além disso, os países têm limitado os embarques, priorizando o abastecimento interno, gerando a possibilidade de faltar insumos para a próxima safra. Outro desafio enfrentado é o frete marítimo, que registra falta de contêineres e preços dez vezes mais caros. “Diante deste cenário, é importante que o produtor busque por produtos alternativos para compor a cesta de ferramentas para o manejo. O produtor está mais aberto ao uso de novas ferramentas, sejam insumos ou outras formas para nutrir as culturas”, destaca. Contudo, apesar do aumento significativo dos custos de produção, o produtor precisa analisar a viabilidade de investir mais para que possa explorar o máximo do potencial dos insumos e das plantas, pois além de reduzir a necessidade de grandes volumes de fertilizantes, através dos bioinsumos, estes também podem contribuir para o melhor desenvolvimento da soja e demais culturas visto todos os benefícios que trazem.
O que é a plataforma Broto, do Banco do Brasil e da BB Seguros?

O Broto é uma plataforma digital que nasceu para ajudar os produtores rurais a expandirem seus negócios, trabalhando em conjunto do começo ao fim. Já faz tempo que o agronegócio é um exemplo de transformação digital, e a plataforma Broto segue nessa trilha com mérito. Ele preenche lacunas do setor que, embora conte com tecnologia de ponta ao longo de sua cadeia, só agora passou a contar com uma solução customizada para conectar os players que atuam no ramo. Trata-se de uma plataforma aberta, capaz de cobrir todas as fases da cadeia produtiva. Entre as várias opções que a ferramenta oferece, há um marketplace. Nele, o agricultor encontra uma gama de produtos – de maquinários a insumos utilizados no dia-a-dia. Os fornecedores também são variados, com vendedores das mais diversas localidades e perfis. E, se precisar fechar um negócio de maior porte, é possível, ali mesmo, fazer consultas e simular financiamentos, contando, inclusive, com acesso facilitado a crédito. A alta eficiência da plataforma Broto A plataforma Broto foi lançada durante a pandemia. Inicialmente, seria uma alternativa às feiras de agronegócio, suspensas em função das restrições sociais, mas ele foi além. Quase dois anos depois de seu lançamento, a plataforma Broto já teve mais de 700 mil acessos realizados por cerca de 520 mil usuários, movimentando algo em torno de R$ 1,5 bilhão. No marketplace, eles tiveram acesso a mais de 2 mil produtos fornecidos por mais de 450 parceiros da plataforma. Com efeito, o Broto provou sua eficiência. Parcerias, o fertilizante da plataforma Broto As 4 centenas de parceiros da plataforma Broto foram reunidas aos poucos e contribuíram fortemente com seu sucesso. Hoje, os principais fornecedores do agro estão no marketplace, e a Agrivalle é um deles. Com esta parceria, a empresa entrega um novo canal para os clientes, além de abrir uma vitrine para agricultores que ainda não experimentaram seus produtos. Everton Molina, Diretor de Marketing da da empresa, considera que “A plataforma é uma oportunidade para produtores agrícolas acessarem os bioinsumos Agrivalle e conhecerem seus diferenciais e benefícios para o incremento da produtividade e ampliação da rentabilidade, promovendo a sustentabilidade no campo“. Em outras palavras, ao amplificar o acesso a novas soluções para o agronegócio, a plataforma Broto traz uma oportunidade para a Agrivalle levar adiante sua proposta de cultivo sustentável. Vitrine Agrivalle Desde que começou suas atividades, em 2003, a Agrivalle se guia pela ideia de que a produtividade agrícola depende de uma boa relação entre a lavoura e o meio ambiente. Esta é uma certeza impressa em seus produtos e em sua operação como um todo. A fim de garanti-la, a empresa estabeleceu quatro pilares: revitalização, proteção, potencialização e ativação. Todas as iniciativas que desenvolve se concentram no ciclo que as quatro palavras formam. Nos produtos, por exemplo, isso se reflete na indicação de uso de cada um. Trata-se de um portfólio bem vasto – e em crescimento – agora, disponível na plataforma Broto. Os 11 insumos indicados para revitalizar o solo têm um espectro de ação amplo. Eles se associam a mecanismos potencializadores da vida microbiana a fim de estimular o desenvolvimento inicial da planta. É assim que regeneram a vida no solo. No pilar Proteção, temos seis opções de insumos. Com ativos e formulações inovadores, eles dão segurança à planta até a colheita. Para isso, controlam insetos e doenças e promovem o desenvolvimento da cultura, sempre de forma sustentável. Mais 11 produtos são voltados para a potencialização da produtividade. A resistência das plantas e o aumento de performance são os pontos de atenção nesse pilar. As formulações exclusivas aliam aproveitamento inteligente de nutrientes e facilidade operacional com estímulos metabólicos. Por fim, 10 insumos estão no pilar Ativação. Eles são soluções nutricionais com altas concentrações, e seu uso leva a produtividade ao máximo potencial. Agora, toda a inovação que a Agrivalle oferece está mais perto e acessível aos agricultores na plataforma Broto.
Desafios da cultura da cana de açúcar – um combate sistêmico

A cultura da cana de açúcar tem enfrentado desafios em diversas frentes nos últimos anos. De fato, a habilidade dos agricultores vem sendo colocada em cheque num ritmo alucinante.Enquanto abalos na economia ganham manchetes dos jornais, mudanças climáticas mobilizam discursos e mudam hábitos. Em paralelo, a guerra na Ucrânia levanta dúvidas no agronegócio mundial. Só que, em meio a questionamentos sobre insumos, inflação, seca, chuvas e geadas fora de época, os problemas do dia-a-dia da cultura da cana de açúcar não deram trégua. Ao contrário, eles foram potencializados por questões climáticas e cresceram na escala de preocupação diante da crise de fertilizantes. Contudo, podemos conduzir essa convergência no sentido inverso. Em outras palavras, temos a oportunidade potencializar e otimizar o uso de agroquímicos importados por meio de insumos biológicos e, dessa forma, chegar a uma solução para a falta e custo crescente dos fertilizantes russos, além de, ao mesmo tempo, promover uma relação mais saudável com o meio-ambiente, contribuindo com as medidas para reduzir efeitos das mudanças climáticas. Desafio climático na cultura de açúcar Em 2021, as variações de temperaturas foram extremas a ponto de afetar a cultura da cana de açúcar em várias regiões do Brasil. Com efeito, segundo a Conab, comparando as safras de 20/21 e 21/22, constatamos uma queda de 13,2% na produção. Nos reports do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a dança climática ganhou um histórico intrigante. Um deles, por exemplo, mostra como, no mesmo dia, no final de junho/2021, geadas atingiram diferentes regiões do país. Fenômeno, aliás, que se repetiu em outros momentos do ano. Já as chuvas, alternaram momentos de altas e baixíssimas intensidades. As secas foram fortes o bastante para gerar incêndios, afetando colheitas e solos. Em síntese, a cultura da cana de açúcar sofreu um reverse e tanto. As consequências são tamanhas que não só impactaram a safra 2021/2022 como devem repercutir na próxima. Em contrapartida, abriram ainda mais os olhos do agronegócio para a importância estratégica de contribuir com a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. O alto custo dos insumos O preço dos insumos, sem dúvida, tem sido um grande desafio para a cultura da cana de açúcar. Além da alta do dólar, a guerra da Ucrânia teve efeito acelerador na escalada de custos financeiros. No entanto, o custo ecológico vem se mostrando a principal cobrança para os canaviais. Se nossa capacidade de ação é limitada no que tange a questões econômicas, o mesmo não pode ser dito sobre nossas responsabilidades ambientais. Temos que reconhecer a parcela que nos cabe na crise climática. Certamente, grande parte da ação poluidora da cultura da cana de açúcar resulta da prática de queimadas, que já vem sendo combatida, inclusive com medidas legais que limitam sua ação. Entretanto, outra parte cabe a ações menos evidentes e, nesse sentido, alguns incentivos para uma agricultura sustentável começam a ganhar destaque. Uma abordagem sistêmica para a cultura da cana de açúcar A agricultura está entre as atividades econômicas mais antigas da humanidade. Muito antes de qualquer máquina ou insumo, o solo já produzia alimentos. Trata-se, portanto, de uma prática sustentável que foi aprimorada pelas inovações humanas. Por muito tempo, tais inovações buscavam trazer novos elementos para impulsionar a capacidade produtiva da terra. Agora, o raciocínio mudou, e o que há de mais moderno no trato do solo é otimizar a atividade dos elementos que ele traz em si. Resumidamente, a ideia é ajudar a biota a gerar vida – ou, como falamos na Agrivalle, é reconhecer a vida como fonte geradora de vida e contribuir com isso. De tal convicção, nascem nossos produtos. Consideramos o solo, o que está plantado nele, as ameaças que afligem o agricultor e várias outras especificidades para oferecer soluções que ajam em harmonia com todo o contexto da plantação. Dessa forma, adotamos uma abordagem sistêmica para tratar a lavoura. Fungos e nematóides são problemas comuns na cultura de cana de açúcar. O tratamento com agroquímicos é realizado há anos e, embora o resultado no objetivo principal – eliminar as pragas – seja positivo, há vários efeitos colaterais e outros pontos a considerar. Se a opção for por um agroquímico importado, é muito provável que ele tenha sido desenvolvido para um clima temperado e, ao ser usado em regiões tropicais, seu índice de eficiência pode se reduzir. Independente disso, seus resíduos ficam no solo, quase sempre em conflito com o ecossistema local. Mesmo ao escolher um produto de tecnologia nacional, a dinâmica dos elementos químicos no solo pode entrar em atrito com a os microrganismos e componentes orgânicos que da biota, o que pode levar à liberação de gás carbônico. No caso dos bioinsumos, aliamos os microrganismos dos produtos aos da biota do solo, fazendo com que o próprio solo absorva o que for gerado pelo contato entre os elementos envolvidos. Podemos, ainda, direcionar a aplicação de modo a promover harmonia e colaboração entre eles. Com isso, tratamos a terra a longo prazo e prolongamos sua vida útil, inclusive na cultura da cana de açúcar. Uma questão de composição Hoje, a Agrivalle produz cerca de 40 bioinsumos. A partir da formulação de cada um deles, recomendamos as melhores indicações de uso. Para isso, nossa análise vai além da ameaça a ser combatida, também levando em conta características específicas da área de cultivo bem como outras patologias e os produtos que já estão sendo aplicados em seu combate. Assim, chegamos a algumas composições praticamente customizadas para nossos clientes. No caso da cultura da cana de açúcar, por exemplo, verificamos a alta eficácia do uso de três produtos em conjunto: o bionematicida Profix e os biofungicidas Socker e Twixx-A. Fungos são comuns na cultura de cana de açúcar, especialmente aqueles que causam podridão-radicular e mofo-branco. Para isso, o Shocker é o tratamento ideal. Ainda no terreno dos fungos, temos muitas recorrências de doenças foliares causadas por eles, como antracnoses, mancha alvo e mancha branca. É aí que a ação do Twixx-A se destaca. Em paralelo, os nematóides afetam os solos dos canaviais
Bioinsumos agrícolas, por que é o futuro da agricultura?

Os bioinsumos agrícolas são, cada vez mais, reconhecidos como alternativas-chave para o futuro da agricultura. Antes de tudo, eles apresentam dois requisitos extremamente valorizados: são ecologicamente amigáveis e não afetam a saúde das pessoas. Previsões endossadas por uma série de estudos, apontam o aumento do consumo mundial de alimentos. O consequente incremento na demanda, sem dúvida, vai pressionar a produção agrícola, mas a necessidade de maior oferta terá que se ajustar a outros desafios que já se impõem ao setor. Em paralelo, o meio-ambiente se firma como principal parâmetro para guiar as ações do agronegócio mundial. Quando analisamos por esse ângulo, podemos seguir por muitas vias, contudo, provavelmente, a mais importante seja aquela onde reencontramos o conhecimento de que agricultura e preservação ecológica funcionam muito bem em conjunto. Só para citar um exemplo, aí está a agrofloresta e sistemas produtivos como o ILPF (integração Lavoura – Pecuária – Floresta) para nos provar. Outra via por onde a preocupação com o meio-ambiente repercute na forma de conduzir negócios agrícolas está nas tendências de consumo. À medida que as pessoas abraçam a preferência por alimentos orgânicos, os agricultores sentem a pressão na demanda por esse tipo de produto. A necessidade de produzir em escala é evidente, mas o aumento de volume precisa se dar dentro das condições que caracterizam tal classificação de alimentos. Isso exige uma revisão no mercado de insumos, a fim de chegar a soluções que corroborem com uma produção mais intensa e sem efeitos residuais. Bioinsumos agrícolas – ponto de convergência Independente de qual você considere a maior motivação para a agricultura sustentável, há um ponto onde todas convergem: os bioinsumos agrícolas. Além da consonância com a preservação do meio-ambiente, eles primam pela saúde das pessoas em todas as etapas – da aplicação ao consumo do alimento produzido. Vale lembrar que contam com baixíssimos níveis de toxicidade e não deixam resíduos no solo nem nos alimentos. Uma parcela significativa da segurança e da contribuição dos bioinsumos agrícolas para o meio ambiente, tem raiz na etapa de desenvolvimento. Ela parte das relações entre organismos da natureza e aproveita suas dinâmicas no princípio ativo dos produtos. Assim, num fertilizante, por exemplo, em vez de somente acrescentar um elemento químico ao solo, os microrganismos benéficos ali presentes recebem estímulos para agir. O que leva os bioinsumos agrícolas em direção ao futuro? Resumidamente, os bioinsumos agrícolas conseguem, ao mesmo tempo, ser ecologicamente amigáveis, não afetar a saúde das pessoas e, ainda, contribuir com melhorias na produtividade. É com essa tríade que eles abrem caminho no presente e oferecem perspectivas para o futuro. Mas há outros pontos a considerar, especialmente se mudarmos o ponto de vista, focando no uso indiscriminado de agroquímicos. Só para ilustrar, nesse momento, há indicativos de que eles estão perdendo eficiência, sobretudo, por causa da alta pressão de seleção exercida sobre os organismos que têm como alvo. Some-se a isso a crescente popularidade e adesão a processos focados em rastrear, detectar, monitorar e analisar pesticidas presentes em alimentos. Com efeito, o posicionamento dos insumos químicos tem muito a evoluir com o avanço de tecnologias que identificam e caracterizam novos biopesticidas, bem como de novas técnicas que analisam viabilidade, pureza e estabilidade de bioinsumos. Mesmo quando consideramos situações em que uma solução biológica ainda não é viável – como no caso dos herbicidas -, os agroquímicos podem ser otimizados. Os avanços em estudos que analisam a compatibilidade entre eles e insumos biológicos têm permitido uso simultâneo em muitas áreas de cultivo. Diante de tudo isso, lideranças à frente de acordos mundiais sentem-se cada vez mais seguras para impor exigências sustentáveis em suas propostas; enquanto governos apostam em incentivos que impulsionem o agronegócio na direção certa para manter mercado. Paralelamente, legisladores vão reconhecendo que há condições para uma produção agrícola limpa, e regulamentações que atuem nesse sentido tendem a avançar. De certa forma, elas vão acabar fortalecendo outras regras, como aquelas voltadas para o gerenciamento de resíduos decorrentes da utilização de insumos químicos. Daí, novos custos serão atrelados à utilização desse tipo de produto. Enfim, há alguns anos, os agroquímicos eram o braço direito do agricultor. Agora, quando lemos essas linhas, vemos o reflexo de muitas mudanças e aprendizados. Bioinsumos agrícolas – porque este é o futuro da agricultura? Sem dúvida, acontecimentos surpreendentes em curso nos últimos anos, aceleraram um movimento que já se desenhava há muito tempo. Nesse contexto, nos tornamos testemunhas e agentes de transformações globais e determinantes. Assim, no papel de agentes, reconhecemos os desafios diante de nós e, pouco a pouco, estamos assumindo nossas responsabilidades. No agronegócio, é claro, não poderia ser diferente. É assim que sentimos na Agrivalle. Uma de nossas grandes motivações, aliás, vem de ver as iniciativas que desenvolvemos, há alguns anos – pensando no futuro – em prática no presente, enquanto continuamos a lançar mais sementes para brotar em tempos que ainda virão. É a vida como fonte geradora de vida atuando diante de nossos olhos.
O que são bioinsumos?

Bioinsumos – ou insumos biológicos – representam um valioso passo em direção ao futuro da agricultura. Isso porque eles ajudam as plantações em dois requisitos essenciais: produtividade e sustentabilidade. Produzidos a partir de microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais, são biodegradáveis, têm toxicidade mínima e não deixam resíduos prejudiciais aos alimentos ou ao solo. Ao mesmo tempo, têm alta eficácia no combate a pragas, tratamento de doenças e nutrição das plantas. Além disso, são excelentes no tratamento do solo, melhorando, inclusive, sua fertilidade. Em síntese, os bioinsumos são agentes biológicos. Seu desenvolvimento parte do estudo das relações ecológicas que diferentes organismos podem estabelecer num dado agroecossistema e sob determinadas circunstâncias. Eles concretizam os resultados de anos de investimentos e pesquisas em busca de tecnologias sustentáveis para a agricultura. Com efeito, hoje contamos com inúmeras soluções ecologicamente amigáveis tanto no biocontrole de doenças e pragas como na fertilização do solo e no estímulo ao crescimento de plantas. Bioinsumos no controle biológico As pesquisas relacionadas a bioinsumos avançam por todas as etapas do plantio, guiando-se, também, pelos objetivos que um agricultor pode ter em contextos diversos. Dessa forma, grande parte dos insumos químicos comuns no campo já têm um equivalente biológico. Só para ilustrar, citamos alguns exemplos de bioinsumos: Bioinseticidas (inseticidas biológicos) Aproveitam relações que já existem na natureza para combater insetos. Em outras palavras, usam predadores, parasitóides e afins, para atacá-los quando ameaçam a plantação. Biofertilizantes (fertilizantes biológicos) Excelentes para o solo, trabalham no estímulo à ação de microrganismos capazes de melhorar a nutrição e a porosidade da terra, repercutindo positivamente nas partes profundas, inclusive nas raízes. Bioreguladores (reguladores biológicos de crescimento) Através da ação de algas e aminoácidos, interferem na arquitetura das plantas, aprimorando, assim, a eficiência fisiológica – seja otimizando os benefícios de outros insumos ou aproveitando melhor a ação do tempo de maturação, entre outros benefícios. Biodesalojantes (desalojantes biológicos) Aproveitam condições da natureza para provocar o deslocamento de insetos que se escondem em partes das plantas que os defensivos não alcançam. O cheiro de alho ou de cebola são exemplos de como incomodar tais ameaças a ponto de expulsá-las de seus refúgios. Biofungicidas (fungicidas biológicos) Têm formulação à base de microrganismos – geralmente fungos ou bactérias – que determinam o princípio ativo do produto, sendo responsáveis por toda a dinâmica em torno do biocontrole dos fungos que ameaçam a plantação. Bionematicidas (nematicidas biológicos) Contam com microrganismos em sua formulação. São eles os responsáveis por defender as plantações, capturando, paralisando ou desorientando nematóides que as ameaçam. Bioinsumos na fixação biológica do nitrogênio (FBN) Inegavelmente, os bioinsumos levaram a agricultura a um novo patamar na sua relação com o meio ambiente. Contudo, no dueto produtividade-sustentabilidade que eles promovem, algumas das conquistas mais relevantes relacionam-se à fixação de nitrogênio. Essencial para a vida na Terra, esse processo é realizado por microorganismos providos de uma enzima, a nitrogenase, que constitui fonte de nitrogênio para as plantas. Diante disso, fica evidente quão estratégico é garantir que esse processo ocorra de modo eficaz na produção agrícola. Tal esforço tornou a aplicação de fertilizantes químicos nitrogenados recorrente. No entanto, as consequências do uso intenso desses produtos não se limitaram a boas colheitas. É daí que vem boa parcela da responsabilidade da indústria agrícola por emissões de gás carbônico – a cada 100 kg desse tipo de insumo, cerca de 1 tonelada de gases causadores do efeito estufa vão para a atmosfera. Naturalmente, pesquisadores mergulharam fundo na busca por alternativas sustentáveis para os fertilizantes químicos nitrogenados. O resultado veio com os inoculantes, bioinsumos produzidos com bactérias providas de nitrogenase. Eles são introduzidos nas sementes antes da semeadura, num processo conhecido como inoculação. Tempos de sintonia Quando comparamos os bioinsumos com os agroquímicos tradicionais, é fácil entender o lugar que ocupam na indústria agrícola hoje. Afinal, a preocupação com o meio ambiente e com a saúde têm papel cada vez mais relevante nos negócios – da decisão de compra do consumidor final às condições em acordos de comércio internacionais. Com efeito, os mais diversos setores da economia vêm se transformando a fim de preencher as exigências de um perfil de consumo que só cresce. Assim sendo, tanto o agricultor familiar quanto as grandes empresas vêm investindo em novas práticas. Só que a simples aposta em bioinsumos não se encerra em si própria. Cuidar da saúde das pessoas e do meio ambiente depende da sintonia entre ações e mentalidade de negócios. Na Agrivalle, tal sintonia está na raiz das operações, sobretudo no departamento de P&D. O ponto de partida para o desenvolvimento de produtos é sempre o mesmo: os quatro pilares que guiam a empresa. Revitalização, Proteção, Potencialização e Ativação compõem um ciclo e ajudam a compreender de forma ampla cada um dos insumos no portfólio.