O Brasil e os fertilizantes da Rússia em 2022

O Brasil e os fertilizantes da Rússia

  A importação de fertilizantes da Rússia está ameaçada neste momento. Com a atual invasão do país à Ucrânia, o mundo vive uma das maiores crises geopolíticas do século XXI. Apesar da distância geográfica e das diferenças culturais, o Brasil acaba sendo um dos países mais afetados nesse conflito, como aconteceu quando a Lituânia proibiu o tráfego do Potássio da Bielorússia por suas ferrovias. O Brasil é um grande importador de fertilizantes, chegando a importar quase 85% de sua produção, o equivalente a 37 milhões de toneladas no ano de 2021, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Grande parte é importada por Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Os fertilizantes da Rússia representam boa parte da produção mundial. Logo em seguida, temos Canadá e Bielorússia no segundo e terceiro lugar do ranking de produtores. Ameaça à importação de fertilizantes da Rússia A maior preocupação gira em torno do cloreto de potássio cuja oferta é quase toda importada. Seu maior produtor, o Canadá, não conseguirá repor os volumes necessários. Atualmente, o Brasil importa cerca de 2 milhões de toneladas da Rússia e mais 2 milhões da Bielorússia, segundo dados da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos). O cloreto de potássio é um dos três ingredientes básicos para a fertilização das safras. Junto com nitrogênio e fósforo, ele forma as matérias-primas necessárias para o Adubo NPK. Além desses componentes, o Brasil importa cerca de 24% do total de fertilizantes da Rússia.   Antes do conflito deflagrado, uma comissão do governo federal, junto com o atual presidente, visitou a Rússia em busca de garantias do fornecimento desses produtos. “Tivemos aqui a garantia, tanto do governo russo quanto das empresas de fertilizantes, de que nós não teremos problemas com a entrega de fertilizantes, tanto de potássio quanto dos fosfatos”, disse Tereza Cristina. A expectativa é grande, já que o Brasil planejava um crescimento maior para o ano de 2022, e possíveis sanções poderiam arrefecer esse mercado. Vale ressaltar que, no ano passado, com o propósito de mitigar a escassez no mercado interno, o governo russo anunciou restrições na exportação de fertilizantes nitrogenados de dezembro a junho deste ano. Tipos de fertilizantes Com o tabuleiro posto, vale ressaltar alguns detalhes e curiosidades sobre os tipos de fertilizantes, já que a escolha do produto depende das deficiências, condições do solo e da cultura escolhida. Eles podem ser Orgânico, Mineral e Organomineral. Começando pelos adubos orgânicos, aqueles possuem origem animal (esterco por exemplo) e vegetal. Já a adubação mineral ou inorgânica, vem da extração de minérios ou refino de petróleo, como o já citado cloreto de potássio. Ambas, tanto a fertilização orgânica como a inorgânica, têm como objetivo corrigir, conservar ou recuperar a fertilidade do solo, disponibilizando nutrientes para as plantas de modo que estas obtenham melhor desenvolvimento. Outro tipo de classificação é a organomineral. Ela usa remineralizadores que ajudam a reduzir a necessidade de aplicações de grandes quantidades de adubo com o tempo. Esse é um dos motivos chave para o palco atual, já que reduz  a necessidade de importação de matéria-prima e promove a nutrição sustentável das lavouras brasileiras. Na prática, esse manejo usa minerais naturais que passaram por processos físicos e podem beneficiar o solo. Como exemplo, podemos citar o calcário agrícola, o gesso mineral gipsita, além de algumas rochas silicáticas e fosfáticas. Esse tipo de fertilizantes são, inclusive, incentivados pela Embrapa e pelo Ministério da Agricultura. É importante analisar que a alta desses produtos trazem oportunidades para se entender melhor o solo e buscar soluções que diminuam o uso intensivo desses fertilizantes. Algumas alternativas sustentáveis, buscando a nutrição das plantas e aproveitando o que a própria cultura deixa no solo, não só ajudam a renovar os nutrientes – deixando o solo mais saudável – como reduzem a necessidade de fertilizantes, causando uma economia e aumentando a rentabilidade da sua lavoura. Alternativa à importação de fertilizantes da Rússia Também é importante compreender os componentes principais dos fertilizantes tradicionais para auxiliar na busca dessas outras alternativas. O nitrogênio (N), por exemplo, é o responsável pelo crescimento e desenvolvimento de raízes, caules e folhas. A planta absorve, ainda no começo da vida, a maior parte do nitrogênio de que precisa e o armazena em seus tecidos de crescimento. Ele é recomendado para estimular a brotação e o enfolhamento e é ótimo para folhagens e gramados.  Alguns produtos, como o N-Haus, por exemplo, um inoculante líquido de alta concentração a base da bactéria a Bradyrhizobium japonicum, promovem a fixação biológica de nitrogênio atmosférico, melhorando a nodulação nas raízes da soja e favorecendo o desenvolvimento da cultura. Há muito que se acompanhar nesse conflito geopolítico. Num mundo globalizado, cada pequena ação possui uma reação que pode atravessar continentes. Por isso, é importante se planejar e se informar para que não faltem produtos, mas, também, para reduzir o uso dos mesmos, principalmente daqueles que, a longo prazo, desequilibram os nutrientes e deixam seu solo mais pobre para cultivo. A Agrivalle possui uma gama de bioinsumos que servem de alternativa para os fertilizantes da Rússia e, ao mesmo tempo contribuir com a qualidade do solo. São mais de 27 fertilizantes dos diferentes tipos aqui citados (orgânico, mineral simples e misto, organomineral). Eles não só auxiliam no cultivo em diferentes fases da produção, como contribuem para uma agricultura regenerativa, diminuindo a necessidade de defensivos químicos e outros produtos que, a longo prazo, empobrecem seu maior patrimônio, o solo. Não deixe de conferir nossos produtos ou procurar nossos representantes técnicos de vendas.

Com nova fábrica e CEO, Agrivalle abre caminho para faturar R$ 1 BI até 2025

  A Agrivalle, fabricante de defensivo biológicos e fertilizantes especiais, começa em março uma nova fase, base para crescer 5 vezes e atingir o almejado faturamento de R$ 1 bilhão em 2025. A nova fábrica em Indaiatuba (SP), fruto de investimento de R$ 70 milhões, já iniciou operações, substituindo outras três que serão desativadas, com capacidade produtiva 10 vezes maior. A estrutura permitirá ampliar parcerias, como a selada com a rede de distribuição Nutrien, avançar no desenvolvimento de biodefensivos de segunda, terceira e quarta geração e em projetos customizados para produtores, conta Edsmar Resende, diretor de Novos Negócios. “Queremos ser o maior player de biológicos do mundo em até 3 anos” afirma.   GENTE NOVA NO COMANDO A companhia, controlada pela gestora 10B, da SK Tarpon, apresenta nesta semana seu novo CEO, José Ovídio Bessa. Uma de suas missões será a de repetir em 2022 o crescimento de 2021, de 48%, quando a empresa faturou em torno de 200 milhões.   UM OLHO AQUI, OUTRO LÁ FORA Com 44 produtos, a Agrivalle deve lançar mais 15 este ano. A expectativa de maior demanda por adubos especiais para atenuar a menor oferta dos importados, com a guerra na Ucrânia. No médio prazo, pretende entrar em mais mercados além de Angola, Moçambique e Paraguai, como Europa e Estados Unidos.

Agrivalle e Nutrien Soluções Agrícolas anunciam parceria para revenda de biológicos.

Agricultura regenerativa estará disponível para mais produtores brasileiros.   A Agrivalle, empresa de soluções em bioinsumos, formaliza parceria com a Nutrien Soluções Agrícolas com objetivo de promover uma agricultura mais sustentável e regenerativa. O acordo ampliará o acesso aos produtos biológicos da Agrivalle pelos agricultores clientes da Nutrien, presentes em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.   “Para a Agrivalle, a parceria com a Nutrien é de grande importância, pois nos permitirá  maior capilaridade, democratizando e facilitando o acesso ao nosso portfólio e oferecendo aos clientes da Nutrien a oportunidade de fazer um agro mais regenerativo”, conta Danilo Brigatti – diretor de vendas da Agrivalle. A Nutrien tem como propósito oferecer os melhores produtos, serviços e soluções que contribuem com os agricultores, ampliando seus rendimentos e incrementando os resultados no campo. A empresa defende que soluções combinadas que oferecem inovação, segurança e tecnologia ajudam os agricultores com os seus desafios e potencializam os resultados e, por isso, está aumentando a oferta de produtos biológicos para os produtores brasileiros. “Temos uma solução integrada e customizada de acordo com a necessidade do agricultor para ajudá-lo a superar as dificuldades para o aumento de produtividade.  É importante para o agricultor trabalhar com diversas táticas para combater as pragas de forma eficiente e sustentável. Isso permite que não ocorra a resistência de pragas e doenças aos produtos químicos. Temos a oportunidade de utilizar as melhores tecnologias do mercado e entregá-las aos agricultores por meio de um novo conceito de varejo. São tecnologias de referência, socialmente e ambientalmente aceitas, que não causam efeitos negativos ao meio ambiente”, explica João A. Oliveira Jr, Diretor P&D e Regulatório da Nutrien América Latina. A parceria também prevê a criação de novos produtos em conjunto. Para isso, o time comercial da Nutrien e os representantes técnicos da Agrivalle levarão as necessidades e dores dos agricultores para que as equipes de Pesquisa & Desenvolvimento possam idealizar novas soluções biológicas. “Somos complementares! A Agrivalle oferecerá portfólio completo, P&D e time de campo treinado para apoiar no pós-venda, enquanto a Nutrien entra com o know-how de varejo em agronegócios“, afirma Danilo.   Sobre a Agrivalle Agrivalle é uma empresa do segmento de bioinsumos que atua desde 2003 no mercado agrícola. Comprometidos com a agricultura brasileira e com o sucesso dos agricultores, agrega aos seus clientes soluções transformadoras e sustentáveis para uma vida melhor. Na busca constante por inovações que impulsionam a produtividade, sustentabilidade e a regeneração, oferece ao mercado nacional e internacional portfólios robustos de produtos biológicos, fertilizantes especiais, adjuvantes, inoculantes e aditivos para outras finalidades, contribuindo para impulsionar a produtividade de maneira sustentável para as mais variadas situações e demandas do agronegócio.   Sobre a Nutrien No Brasil, a Nutrien Soluções Agrícolas é uma das maiores distribuidoras de insumos agrícolas, desenvolvendo um varejo ágil, mais sustentável e conectado às tendências e às necessidades dos agricultores. Está presente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás, com 42 lojas, 10 Centros de Experiências, operando em mais de 500 municípios e com um quadro de mais de 300 consultores técnicos, além de 2 fábricas de produção de sementes, 4 misturadores e 1 fábrica de nutricionais. Com mais de 1.500 colaboradores, a Companhia continua em plena expansão dos seus negócios para outras regiões. O compromisso da Nutrien com inovação, segurança, tecnologia e sustentabilidade permite à empresa oferecer os melhores produtos, serviços e soluções que contribuem com os agricultores, ampliando seus rendimentos e incrementando os resultados no campo. Mais informações em nutrien.com.br      Informações para Imprensa:  Amanda Pimentel | Alfapress Comunicações – Agrivalle Luciane Reis | Nutrien

As vantagens da Agricultura Regenerativa e como colocá-la em prática!

   A agricultura regenerativa pode produzir alimentos nutritivos para a crescente população mundial ao mesmo tempo em que compensa o impacto das ações antrópicas no ecossistema? A resposta é sim! Esse modelo de produção possibilita a restauração do meio-ambiente, tornando a agricultura uma solução para os problemas ambientais.    A prática regenerativa traz melhorias para a qualidade do solo, restaura e mantêm sua fertilidade, além de conservar e, inclusive, aumentar a biodiversidade dos ecossistemas, trazendo mais resiliência ambiental e econômica aos sistemas produtivos. Além disso, por aumentar a matéria orgânica presente no solo, a agricultura regenerativa auxilia também na capacidade de retenção de água e no sequestro de carbono em maiores profundidades, reduzindo os níveis de CO2 atmosférico que impactam o clima.    Mas como você, produtor, pode colocar isso em prática? Bom, o conceito engloba diversas técnicas agrícolas que se baseiam no manejo consciente da produção. Vamos olhar quais são elas: A rotação de culturas ou sucessão de mais de uma espécie de planta na mesma área é um importante pilar para a melhoria da biodiversidade, além de reduzir os impactos causados pela monocultura como a degradação física, química e biológica do solo e o desenvolvimento de pragas;  Adoção do sistema de plantio direto na palha e o mínimo revolvimento do solo, ou seja, cobrir o cultivo o ano todo, para que a terra não fique “descoberta” durante as entressafras, o que ajuda a evitar a erosão do solo e aumenta a infiltração e retenção de água e o sequestro de carbono; Redução do uso de agroquímicos pelo manejo da fertilidade do solo através do plantio de culturas de cobertura e uso de biofertilizantes que realizam a manutenção dos microrganismos benéficos para promover a liberação, transferência e ciclagem de nutrientes essenciais do solo para a planta; Sistemas integrados de produção com a combinação de sistemas produtivos agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área, o que estimula naturalmente o desenvolvimento das plantas e aumenta a fertilidade do solo, a biodiversidade de insetos e plantas e o sequestro de carbono do ecossistema.    Esse assunto estará em grande evidência nos próximos anos em todo o planeta, uma vez que os agricultores têm percebido a importância de conciliar a produção agrícola com a preservação do meio-ambiente. Já é possível observar o avanço na adesão de produtos de base biológica para controle de pragas e doenças, além do aumento significativo da adoção do sistema de plantio direto na palha sem o revolvimento do solo.     A agricultura regenerativa caminha em conjunto com a demanda mundial por tecnologias mais sustentáveis que atendam às necessidades de produção alimentar com redução de impactos. Por fim, essa prática é uma importante aliada ao equilíbrio natural de solos saudáveis, que vão auxiliar os produtores a produzirem alimentos mais diversificados com alta produtividade e qualidade. Continue acompanhando nossos conteúdos, nos próximos artigos vamos tratar mais a fundo da Agricultura Regenerativa e suas vantagens para o desenvolvimento sustentável do nosso agro. Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.

Os desafios da agricultura e novas tecnologias para o futuro da produção.

   A demanda por alimentos e o crescimento populacional trazem para a produção agrícola, inúmeros desafios e oportunidades. Tornar as práticas agropecuárias mais eficientes ao mesmo tempo em que se preserva e, inclusive, recupera o meio-ambiente é o principal anseio da sociedade atual. As mudanças climáticas, degradação dos solos e perda da biodiversidade tem sido alguns danos ocasionados pelo mau uso da terra, o que torna imprescindível a restauração da natureza para enfrentar possíveis crises no ecossistema.     Técnicas de manejo utilizadas sem discriminação podem impactar a fertilidade do solo e a resiliência das atividades agrícolas. Nesse sentido, a perda de solos produtivos traz grande prejuízo para a produção de alimentos e a segurança alimentar. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), existem cerca de 130 milhões de hectares de pastagens degradadas que precisam de restauração. Além disso, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) calcula que a temperatura média global do planeta pode sofrer um aumento 1,8°C e 4,0°C nos próximos 100 anos, configurando um impacto significativo para o meio-ambiente e para a sociedade.     Isso significa que os esforços de conservação por si só não são suficientes para evitar o uso indiscriminado de recursos naturais e a perda da biodiversidade. Em virtude desse cenário, o objetivo das práticas agrícolas de regeneração é produzir mais com menos. Ou seja, incrementar a produtividade e, ao mesmo tempo, utilizar menos recursos do nosso planeta – menos terra, água e energia; menos produtos químicos; menor emissão de gases de efeito estufa e menor risco de degradação do solo.    Novas tecnologias estão ganhando espaço rapidamente na produção agrícola para a mitigação desses riscos e ampliação das práticas sustentáveis. O mercado de bioinsumos, chamados a serem protagonistas da agricultura do futuro, atingiu R$ 1,7 bilhão em negócios na safra 2020/2021, configurando aumento de 37% em relação ao volume comercializado na safra anterior, segundo pesquisa divulgada pela Spark Inteligência Estratégica. Tal crescimento apenas reforça a consolidação desses produtos como importantes ferramentas de manejo nas principais culturas agrícolas.    Os produtos biológicos entram como alternativa ou complemento aos fertilizantes e defensivos químicos utilizados no manejo convencional. Os microrganismos presentes nos bioinsumos possuem importante papel na sustentação e melhoria da produção e proteção das culturas. Seu potencial está no auxílio ao cumprimento das necessidades nutricionais do solo, na ampliação da absorção de água pelas plantas, na otimização do desempenho dos insumos, na melhoria da saúde do solo, na maior resistência ao ataque de patógenos, na promoção do crescimento e desenvolvimento das culturas e, consequentemente, no aumento da rentabilidade da sua lavoura! Você, produtor, já utiliza os bioinsumos. Vale a pena conhecer! Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, graduada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e aluna de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP.  

O papel do plantio direto na biodisponibilização de nutrientes no solo.

   Técnicas de conservação do solo tem ganhado cada vez mais importância para garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção. Dentre essas práticas, o sistema de plantio direto destaca-se pelos seus benefícios que vão além da melhoria do solo, mas também com o aumento do rendimento das culturas e, consequentemente, a melhor competitividade da produção agropecuária.    O plantio direto possui três importantes pilares: a ausência ou mínimo revolvimento do solo (1); cobertura do solo com palhada (2); e a rotação de culturas (3). Essa prática ganhou notoriedade a partir dos anos 90 entre os agricultores brasileiros por seus efeitos benéficos sobre os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, e atualmente possui diversos sistemas adaptados às mais diferentes regiões e níveis tecnológicos.  Esse sistema é capaz de reduzir a erosão e o potencial de contaminação do meio-ambiente, além de proporcionar maior garantia de renda por ampliar a estabilidade da produção em relação a métodos convencionais de manejo. Além disso, proporciona também melhor retenção de umidade no solo, economia de combustível e mão de obra, aumento da atividade microbiana do solo, possibilita maior amplitude de semeadura na época certa, manutenção da temperatura do solo em uma faixa ideal para as plantas e melhor germinação de sementes e emergência das plantas.    Em relação a fertilidade do solo, o sistema permite a manutenção e aumento do teor de matéria orgânica, que desempenha papel fundamental na estrutura e estabilidade do solo, retenção de água, biodiversidade e como fonte de nutrientes para as plantas. Por conta disso, a palhada mantida no plantio direto evita a separação dos agregados do solo e seu arraste pelas chuvas, o que consequentemente vai permitir melhor armazenamento de nutrientes, fertilizantes e corretivos adicionados ao sistema para cultivos subsequentes.    A prática também é possível aprimorar o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, por meio do efeito positivo sobre a diminuição das plantas daninhas e a quebra do ciclo de insetos e doenças pela rotação de culturas. Além disso, também contribui no aumento de exsudatos liberados pelas raízes e na diversidade de estirpes de fixação biológica de nitrogênio, causando um impacto positivo na diversidade de espécies de fungos micorrízicos, com aumento do volume do solo explorado.     Ainda, a palhada contribui com processos aleloquímicos que podem favorecer os ciclos biológicos do solo. A alelopatia caracteriza-se pela produção e liberação de compostos químicos no meio ambiente, no processo de decomposição dos resíduos vegetais. Esses efeitos podem aumentar a eficiência do controle de plantas daninhas por exemplo, e diminuir o número de aplicações de herbicidas.    Segundo a Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto (FEBRAPDP), o Brasil já possui mais de 36 milhões de hectares cultivados com este sistema; estes dados do levantamento mais recente, de 2020. No entanto, segundo a organização, o nosso país deve alcançar 75% de todas as áreas cultivadas sob o sistema, até 2030. Esta é uma meta muito interessante, e que reforça nosso potencial de desenvolvimento sustentável.    Os benefícios são muitos, não é mesmo, produtor? Se por um lado, a adoção do sistema de plantio direto contribui para proteção do solo, dos recursos e do meio-ambiente; por outro, todas as suas vantagens proporcionam maior produtividade e rentabilidade à sua lavoura! É por isso que seguimos incentivando e provendo práticas como o plantio direto! Conheça mais sobre essa importante ferramenta! Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group e graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP em Piracicaba – SP.

Insumos biológicos: uma ótima alternativa frente à instabilidade no mercado dos fertilizantes!

   Apesar de o agronegócio ter alcançado recorde histórico nas exportações em 2021, movimentando mais de US$ 120 bilhões, os custos de produção nesse período configuraram aumento significativo. O balanço apertado de oferta e demanda global dos insumos agrícolas, taxa de câmbio e aumento dos preços do petróleo e gás natural foram alguns dos entraves de grande impacto nesse cenário.    Os principais países produtores de defensivos agrícolas e fertilizantes reduziram a oferta e a dependência do Brasil pela importação desses produtos, e o produtor sentiu as consequências na pele; vale lembrar que o nosso país importa cerca de 70% dos fertilizantes e 60% dos defensivos agrícolas que consume anualmente.    Além disso, a continuidade da pandemia da covid-19, com o surgimento de novas variantes em diversos países, intensificou ainda mais essa situação, limitando a distribuição de alguns produtos e afetando de forma direta diversas cadeias de suprimentos. Como resultado, os custos dos insumos chegaram a dobrar em alguns casos; destaque para a categoria de fertilizantes. Em relatório divulgado pelo Rabobank, os preços da Ureia cresceram 150% entre janeiro e outubro do último ano, enquanto que os do Cloreto de Potássio registraram alta de 206%!    Esses números refletem uma piora na relação de troca entre insumos e produtos agrícolas, considerando que quanto maior o índice, menor é o poder de compra do produtor brasileiro – e maior terão que ser os preços pagos pela produção, para poder compensar o investimento. A alta demanda por insumos em virtude da expansão de área plantada; problemas logísticos pela falta de embarcações e contêineres; e fatores geopolíticos também foram empecilhos que contribuíram para tal condição.       Outra situação delicada é a atual conjuntura entre Ucrânia e Rússia, uma vez que o conflito entre os dois países pode aumentar os preços de energia – destaque para o petróleo – e prejudicar a produção de fertilizantes. Diante dessa instabilidade no mercado de insumos, uma boa estratégia a ser utilizada por você produtor, para equilibrar os custos e ajustar o fluxo de caixa, é a diversificação no manejo.       Os insumos biológicos entram nesse contexto, por serem feitos a partir de microrganismos, materiais vegetais, naturais e utilizados nos sistemas de cultivo agrícola para combater pragas e doenças, além de melhorar a fertilidade do solo e a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Esses produtos são caracterizados por otimizar o desenvolvimento, crescimento e o mecanismo de resposta de animais, plantas e microrganismos.    Os bioinsumos são complementares ao manejo convencional e possuem um grande diferencial de reduzir a exposição do trabalhador e consumidor a compostos químicos. Se baseia em um método de controle racional e sadio, por fazer uso de inimigos naturais que não deixam resíduos em alimentos; e também preservam o ecossistema, proporcionando o desenvolvimento de sistemas de produção cada vez mais sustentáveis.    A tecnologia de alto padrão empregada pelos bioinsumos é importante aliada nos sistemas de produção com o nosso clima tropical, pois os microrganismos são capazes de otimizar o aproveitamento dos fertilizantes. Dessa forma, auxiliam o produtor a obter alta produtividade e rentabilidade, extraindo ao máximo o potencial dos insumos ao mesmo tempo em que favorece a margem de lucro dos produtores.    Considerando o contexto atual de problemas com a disponibilidade e os altos preços de insumos tradicionais; da crise energética global; do aumento nos custos de produção dos alimentos; e do forte apelo por práticas mais sustentáveis – os insumos biológicos podem ser seu grande aliado, produtor! Acompanhe nossas publicações e conheça mais sobre este assunto. Sou um torcedor deste mercado, porque sei que ele tem muito a somar para o desenvolvimento sustentável do agro brasileiro!   Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.  Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, formado em Engenharia Agronômica pela FCAV/UNESP e aluno de mestrado na FEA/USP em Ribeirão Preto – SP. Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group e graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP em Piracicaba – SP.

Números do Agro em Janeiro.

  Saiba o que acompanhar sobre o agro em fevereiro. Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em janeiro e o que acompanhar em fevereiro.  Na economia brasileira, com relação às expectativas econômicas para este e o próximo ano, o relatório Focus (Bacen) de 17 de janeiro trouxe expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 em 5,09%, e de 2023 em 3,4% Já para o PIB (Produto Interno Bruto), espera-se um crescimento de 0,29% neste ano e de 1,75% em 2023. Na taxa Selic, o mercado espera 11,75% ao final de 2022 e 8% ao final de 2023. No câmbio devemos ter R$ 5,60 ao final de 2022 e R$ 5,46 ao final de 2023. Alta de casos da variante Ômicron e como afeta o mercado: O início de janeiro ficou marcado pela volta no crescimento dos casos de covid-19 no Brasil, após a ocorrência em diversos países, com destaque para os da Europa. Economistas afirmam que a alta nos casos pode afetar as cadeias de produção global, possibilitando menor crescimento econômico e a possibilidade de aumento da inflação. Precisamos ficar de olho neste aspecto. Ver o tempo de duração desta onda e a gravidade das internações, torcendo para que seja rápida e não tão grave. Índice de preços de alimentos (FAO) No agro mundial e brasileiro, o índice de preços de alimentos da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) acumulou alta de 28,1% no ano de 2021, atingindo 133,7 pontos no final do mês de dezembro. O aumento foi generalizado considerando-se o intervalo de 12 meses: cereais aumentaram 27,2%; óleos bateram alta histórica de 65,8%; o açúcar subiu 29,8% alcançando o maior patamar desde 2016; já carnes e produtos lácteos tiveram os menores crescimentos, 12,7% e 16,9% respectivamente. Somando as variáveis dos preços dos insumos, pandemia global e condições climáticas instáveis, devemos carregar o problema da inflação dos alimentos por mais um ano. Efeito das fortes secas na produção de grãos No boletim de janeiro de 2022, a Companha Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a produção de grãos na safra 2021/22 deve ficar em 284,4 milhões de t; volume 2,3% menor que o estimado no relatório anterior ou 6,7 milhões de t a menos – efeito das fortes secas, que vamos comentar na sequência. Ainda assim, a produção total deve ficar 12,5% maior que a registrada no ciclo anterior. Já a área deve crescer 4,5% nesta safra, ficando em torno de 72,1 milhões de ha. Para a cultura da soja, a estimativa é de produção de 140,5 milhões de t (+2,3%) em uma área de 30,4 milhões de ha (+3,8%). No milho, a produção esperada é de 112,9 milhões de t (+29,7%), em uma área de 20,9 milhões de ha (+5,1%). O cereal é outra cultura que tem sido fortemente afetada pelo clima; vale lembrar que no relatório anterior, a estimativa era de 117,2 milhões de t. Por fim, o algodão deve entregar 2,71 milhões de t de pluma (+14,8%) em uma área estimada em 1,53 milhão de ha (+12,5%). Apesar de positivos, grande parte dos números foram revistos para baixo, devido aos eventos com o clima. Mudanças climáticas – principal desafio dos produtores brasileiros O clima é, em mais uma safra, o principal desafio dos produtores brasileiros. De um lado, o alto índice de chuvas em regiões do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), especialmente nos estados de Tocantins e da Bahia, tem prejudicado as lavouras por conta do excesso de umidade. De outro, no Mato Grosso do Sul e em outros estados do Sul do Brasil, a estiagem durou semanas e jogou pra baixo as estimativas de produção – ambos efeitos opostos do fenômeno La Niña. No Paraná, o governo do estado já indica uma produção de grãos 40% menor nesta safra verão por conta das secas; enquanto que no vale do São Francisco, onde o volume de chuvas em dezembro foi equivalente ao esperado para o ano todo, os prejuízos calculados já somam R$ 45 milhões aos produtores de uva e manga. Mais do que nunca, é hora de acompanhar estes eventos e entender como será o comportamento do mercado com as notícias do clima. Conab – Índices algodão e milho  Do lado das operações, a Conab aponta que até o dia 8 de janeiro, o plantio de algodão no Brasil alcançava 35,5% da área total, contra 31,4% na mesma data de 2021. Para a cultura do milho, o órgão indica o início da colheita, com progresso em 3,0% da área total, frente a 2,1% na mesma data de 2020/21; destaque para o Rio Grande do Sul que já alcança 13,0% de área colhida. Até o momento, a Conab não aponta números para a colheita da soja, que em muitas regiões segue aguardando uma pausa nas chuvas e a redução na umidade dos grãos para início das operações. Vale lembrar que o atraso na colheita da leguminosa pode comprometer o desempenho da 2ª safra de milho, como vimos no ciclo passado. Índices Nacionais e Internacionais das principais culturas  Em âmbito internacional, o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) relativo à safra global 2021/22 reestimou a produção de milho em 1.206,9 milhões de t; 0,1% menor que o valor do mês anterior, mas 7,5% maior que a oferta da safra passada. A redução neste mês se deu especialmente pela revisão na oferta dos seguintes países: no Brasil, a produção foi de 118,0 (dezembro) para 115,0 milhões de t (-2,5%); na Argentina, de 54,5 para 54 milhões de t (-0,9%); e na União Europeia de 70,4 milhões de t para 69,9 (-0,5%). Na China, a estimativa de produção do cereal foi mantida em 272,5 milhões de t; e nos EUA o dado foi revisto para cima, agora em 383,9 milhões de t (+0,3%). Já os estoques globais do milho foram estimados em 303,0 milhões de t, alta de 3,7% em comparação com o ciclo 2020/21. Na soja, a produção global também foi reajustada

O manejo consciente é a proposta para a agricultura voltar a olhar o básico

Muitas são as técnicas e tecnologias disponíveis no mercado, mas não podemos deixar de lembrar o que realmente é importante quando falamos de manejo consciente e sustentável O ciclo produtivo é marcado por cuidado, proteção, investimento de tecnologia, planejamento e produtividade. Mas, atrelado a todo esse processo é preciso voltar o olhar ao básico e bem feito. “Muitas vezes dentro de um sistema é muito comum ações casadas, como a utilização de um produto protetivo para pragas e doenças e em conjunto a inclusão de um fertilizante, por exemplo, para nutrição da planta. Mas, será que é disso que aquele cultivo precisa?”, indaga Thiago Sylvestre, Gerente Trade Marketing da Agrivalle. O que Thiago traz com este questionamento do pensamento antes da ação. Olhar primeiro para a sua terra, observar de antemão as plantas e então agir. Incluindo a nutrição que ela precisa, somada a um cuidado de regeneração de solo, ao um melhor desenvolvimento do sistema radicular e atrelado ao cuidado e prevenção de pragas e doenças.    Afinal, falar de manejo consciente e sustentável é falar de equilíbrio e principalmente nessa interação solo/planta. “Quando penso em regeneração de solo e sustentabilidade, pra mim está muito ligado a onde, como e quando eu quero chegar em termos de produtividade. E o produtor que tem esse tipo de visão consegue agregar valor ao seu negócio. Pois o Manejo Consciente é sem desperdício e sempre em busca de melhorar o ambiente do sistema produtivo”, afirma Thiago.  Outro ponto importante é pensar nas técnicas utilizadas e que enriquecem o sistema, como a rotação de cultura, que, de forma simples, nada mais é que devolver a biota o que foi retirado dela.  Como explica Thiago, as plantas crescem, germinam, usam os nutrientes disponíveis dentro das sementes como recurso para poderem brotar e se desenvolver, até o momento que precisam expandir e passar a absorver do solo também seus nutrientes juntamente com a água.  Em sistema de troca, ela devolve “ao solo compostos com contêm carbono” e os microorganismos do solo se aproveitam deles como alimento. Quando não há rotação de cultura o que acontece é a falta da biodiversidade em microorganismos na biota. “Quando a planta utiliza muito do solo em sua produtividade e devolve muito pouco, automaticamente ela está piorando ou empobrecendo, não só a fertilidade do solo, mas também, a microbiota que precisa de equilíbrio. Por exemplo, a soja plantada trabalha 24 horas por dia e por esse conjunto de informações, é necessário olhar para outros fatores, que vão muitas vezes além de um calendário pré-estabelecido, para poder tornar o sistema mais sustentável”, orienta.  A Agrivalle oferece uma linha completa de para cada um dos seus pilares de produtividade: Ativação, Proteção, potencialização e regeneração e ativação nutrição do solo. Por sua característica, o uso de bioinsumos também colabora com o manejo consciente. Apoiando o produtor que busca alta produtividade, para que ele esteja pronto para olhar para todos os fatores em seus cultivos, e promovendo equilíbrio entre todos eles.      Sobre a Agrivalle Agrivalle é uma empresa do segmento de bioinsumos que atua desde 2003 no mercado agrícola. Comprometidos com a agricultura brasileira e com o sucesso dos agricultores, agrega aos seus clientes soluções transformadoras e sustentáveis para uma vida melhor. Na busca constante por inovações que impulsionam a produtividade, sustentabilidade e a regeneração, oferece ao mercado nacional e internacional portfólios robustos de produtos biológicos, fertilizantes especiais, adjuvantes, inoculantes e aditivos para outras finalidades, contribuindo para impulsionar a produtividade de maneira sustentável para as mais variadas situações e demandas do agronegócio.      Amanda Pimentel 

O Que Acompanhar no Agro em Janeiro?

Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em dezembro e a lista do que acompanhar em janeiro. Na economia mundial e brasileira novos casos de Covid-19 e suas variantes voltaram a assombrar a economia global. Na Europa, medidas restritivas em diversas nações vêm sendo adotadas devido a novos picos de casos, evidenciados na Alemanha, França, Holanda e outros países do bloco. A retomada econômica pode ser prejudicada em 2022 a depender dos problemas com esta nova variante. Vale mencionar que os europeus foram mais negligentes quanto a vacinação que em nosso país. Com isso, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou sua estimativa de crescimento global de 5,6% para 4,5% em 2022, e espera em 2023 evolução econômica de apenas 3,2%. Além do mais, precisaremos nos adaptar à inflação em patamares mais elevados, pois esta deve crescer de 3,5% em 2021 para 4,2% globalmente no próximo ano. O Brasil também tem forte impacto inflacionário e o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou mais um aumento de 1,5 ponto percentual na taxa Selic, a qual passa agora a 9,25%. O reajuste tenta controlar a inflação, a qual está projetada em 10,2% para o final deste ano e em 4,7% para 2022. Por sua vez, o crescimento do PIB brasileiro deve fechar o ano em 4,65% e encerrar 2022 em 0,5%, enquanto que para o cambio espera-se R$ 5,59 e R$ 5,55, respectivamente. No agro mundial e brasileiro o índice da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) bateu 134,4 pontos no mês de novembro, o que representa uma alta de 1,2% frente a outubro deste ano e de quase 30% em comparação a novembro de 2020. Os cereais puxaram o índice para cima, pois apresentaram evolução de 3,0% no comparativo mensal; lácteos também colaboraram com evolução de 3,4%, além do açúcar que cresceu seu indicador em 1,4%. Inflação nos alimentos preocupa pois agrava o problema da fome mundialmente. No relatório de dezembro da safra 2022/23, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção global de milho foi revista para cima, em 0,3%, agora estimada em 1.208,7 milhões de t. Apesar da alta, a União Europeia foi o único entre os produtores de relevância que teve alterações; neste mês, a estimativa foi de 70,4 milhões de t (+3,7%), contra 67,9 milhões de t do relatório anterior. As produções de Estados Unidos (382,6 milhões de t), Brasil (118 milhões de t) e Argentina (54,5 milhões de t) foram mantidas em valores iguais ao do último mês. Já os estoques globais foram revistos para cima, de 304,4 (passado) para 305,5 milhões de t (neste), alta de 0,3%. Outro destaque fica para os embarques brasileiros, que devem chegar a 30 milhões de t nesta safra, crescimento de 9,0% em relação ao ciclo passado. Na soja, o USDA estima as mesmas produções do último mês para os 3 principais países: Brasil com 144,0 milhões de t; EUA com 120,4 milhões de t; e Argentina com 49,5 milhões de t. A grande novidade neste relatório está na oferta na China, que foi reduzida de 19 para 16,4 milhões de t (-13,7%). Com isso, a oferta global total da oleaginosa foi revista para 381,8 milhões de t (contra 384 do último mês). Os estoques também deverão ficar em níveis menores, em 1,7%, estimados agora em 102 milhões de t; 1,8 milhão a menos que novembro. Em sua atualização mensal sobre a safra de grãos 2021/22, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção nacional deverá alcançar 291,1 milhões de t, o que representa um incremento de 15,1% frente à temporada anterior. A área cultivada está avaliada em 72 milhões de ha (+ 4,3%), ou seja, um ganho de 3 milhões de ha. Para a cultura da soja, a qual tem sua área projetada em 40,4 milhões de ha (+ 3,7%), é esperada uma produção recorde de 137,3 milhões de t (+ 4,0%) ou de 5,5 milhões de t a mais. No milho a expectativa é de uma produção total de 117,2 milhões de t (+ 34,6%) com boa recuperação de volume frente aos problemas climáticos enfrentados no ciclo anterior; a área de verão está avaliada em 4,5 milhões de ha (+ 3,7%), os quais devem produzir 29,1 milhões de t (+ 17,6%), enquanto que na safrinha espera-se o cultivo de 15,8 milhões de ha (+ 5,7%) e produção de 86,3 milhões de t (+ 42,0%). Alguns especialistas já contestam os dados referentes ao milho verão, em consequência de um cenário adverso de clima seco no Sul do país. Já o algodão também apresentou uma boa recuperação em área cultivada para 2021/22, chegando a 1,5 milhões de ha (+ 9,1%) e produção de pluma de 3,8 milhões de t (+ 10,6%). Super safra brasileira uma vez se consolidando, pode trazer um pouco de alívio ao cenário de oferta e controlar os preços mundiais. Já no âmbito das operações, a Conab indica que até a semana de 4 de dezembro, o plantio da soja estava 95,1% concluído no país, frente à 90,2% no mesmo período do ciclo passado. No milho verão, o progresso é de 77,9%; há um ano, estávamos com 75,4%. Já no algodão, o avanço é ainda mais impressionante, com 16,1% das áreas plantadas contra 4,8% na mesma data de 2020/21. Seguimos em ritmo acelerado, na torcida pela continuidade das chuvas e de olho nas condições das lavouras! As exportações do agronegócio em novembro atingiram um novo recorde para mês, de US$ 8,36 bilhões, crescimento de 6,8% frente a novembro de 2020, segundo dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esse montante é resultado de um aumento de preços na ordem de 22,3%, uma vez que para o volume embarcado de produtos houve queda de 12,7%. O complexo soja liderou a pauta de exportação com vendas de US$ 2,09 bilhões (+ 91,7%). O atraso no plantio e colheita no ciclo passado, bem como a produção recorde permitiram maior oferta da oleaginosa neste final de ano.